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Desportista, comunicador e empresário: Valdir Machado, um douradense de coração

No dia 12 de abril deste ano, a apenas três dias de completar 59 anos, o empresário douradense Valdir Machado veio a falecer, após ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Desportista, comunicador do rádio, empresário da área de turismo e lazer e, por último, proprietário rural, Valdir Machado é um dos personagens do livro “Minha História em Dourados”, lançado no dia 25 de abril deste ano, portanto, 13 dias após o seu falecimento, pela Folha de Dourados e pela 2mil Marketing Digital.

A trajetória de Valdir Machado, agora “in memorian”, relatada por ele mesmo, registra sua paixão por Dourados (que ele chama de “cidade cintilante”) e o empreendedorismo em diversas áreas, principalmente aquelas relacionadas ao esporte e à área de comunicação.

Leia, a seguir, a íntegra dessa história:

Vim ao mundo por intermédio de minha mãe, Generosa da Silva Machado, no dia 15 de abril de 1965; na época, meu registro civil foi consumado no “Vale da Esperança”, como carinhosamente chamamos o município de Caarapó. Cheguei a Dourados quando tinha menos de dois anos de idade e, por isso, me considero um douradense, praticamente, nato; outra curiosidade que cabe dizer logo de imediato é que sou torcedor orgulhoso da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Acredito que eu nasci numa porção muito próxima da cidade de Dourados, isso porque meu pai, Francisco da Costa Machado, trabalhava, naquela época, em uma fazenda entre Caarapó e Dourados e talvez tenha sido mais fácil me registrar lá.  Cresci em Dourados, quando a avenida Marcelino Pires não era toda asfaltada; estudei na Escola Municipal Joaquim Murtinho e na Escola Estadual Antônia da Silveira Capilé.

Minha família era muito humilde, e ver tudo o que construí me orgulha, porque a caminhada para chegar até aqui não foi fácil – fui engraxate, fiz limpeza de chão, fui vendedor de loja de material de construção, investi muito no esporte, passei por importantes veículos locais de comunicação, ganhei prestígio e respeito na cidade de Dourados.

Apesar de os políticos da cidade não serem, necessariamente, o que Dourados precisava ao longo de sua linda história, ela se desenvolveu com a força do empresariado, seja no comércio, seja na agricultura e pecuária.

Diário MS, Rádio Clube, Copa Kaiser e Equipe Boa de Bola 

A minha história em Dourados se confunde com a paixão pelo esporte amador, uma paixão que vai além dos campos e das competições. Posso afirmar, com convicção, que o futebol amador alimentou histórias fascinantes em nossa cidade; além disso, rivalidades, como a da eterna disputa entre Dourados e Campo Grande; viradas emocionantes e façanhas mais improváveis.

Para organizar o pensamento e também relembrar pedaços da história de Dourados nestes seus 88 anos, lembro-me de quando comecei a trabalhar no Diário MS. Poucos sabem, mas o Diário MS já foi Diário do Povo, que, por sua vez, nasceu a partir da fusão de três semanários: Panfleto, O Zangão e Jornal do Vale.

Eu era diretor comercial no Diário MS e também me aventurava em uma coluna esportiva semanal, fui aprendendo na prática a lidar com pessoas, a mostrar a importância do investimento em publicidade e, ao mesmo tempo, apoiava o futebol amador de Dourados.

Uma memória importante para mim e para história de Dourados é a das edições da Copa Kaiser, campeonato que reunia as principais equipes de Mato Grosso do Sul; disputa em que, sem dúvida, o nível técnico e disciplinar era maior do que o do campeonato estadual de futebol.

Fui coordenador da Copa Kaiser por cinco anos e essa experiência foi muito importante, na medida em que conheci muita gente, aprendi a liderar competições esportivas e deixei, junto com muitas outras pessoas, um legado para a história da nossa cidade.

A Copa Kaiser possuía etapas locais e, nos finais de ano, a grande disputa ficava na edição da Copa Kaiser estadual. A maior rivalidade ficava sempre a cargo de Dourados x Campo Grande e pode parecer clubismo, mas Dourados sempre mostrou superioridade em relação aos times da capital.

Na atualidade me causa certa tristeza ver, diminuído em Dourados, o cenário de futebol amador; lembro-me de que os jogos da Copa Kaiser mobilizavam centenas de pessoas, de todas as idades, e ascendia o pertencimento naqueles e naquelas que torciam pelos times de suas cidades.

O tempo passou e toda essa experiência me levou para a Rádio Clube (Am 720) de Dourados, onde passei a comandar um time com os melhores comunicadores (o qual chamávamos de “Equipe Boa de Bola”): Lourival Pereira, Fábio Dorta, Daniel Santos, Oswaldinho Duarte, Ipojucan Ferreira, Eusébio Martins, Roberto Sanabria, Roberto Miranda, Santiago Franco, Tata Cavalcanti, Soares Filho, Adão de Mattos, Toninho Carlos, Waldemar Gonçalves e Antônio Neres.

Na Rádio Clube, a “Equipe Boa de Bola” transmitiu uma infinidade de jogos: locais, estaduais, municipais e até mesmo nacionais. Uma grande memória que levo comigo é a do amistoso entre Brasil e Paraguai, em 27 de fevereiro de 1991, no Estádio Pedro Pedrossian.

Transmitimos o amistoso pela Rádio Clube e pudemos conhecer grandes nomes, como Galvão Bueno e Vanderlei Luxemburgo. Com um gol de pênalti de Charles, do Brasil, e outro gol de Jorge Guasch, do Paraguai, o amistoso rendeu um público de 50.000 pagantes e, apesar do empate, foi, certamente, um dia memorável.

Douradoor, Bacuri do Apa, Fazenda Boa Sorte

Trabalhando anos em jornal, passando por rádios, percebi que os clientes procuravam muito por mídia Outdoor e que Dourados não tinha quem absorvesse essa demanda, então, iniciei meu negócio por meio de uma parceria; um tempo depois, passei a tocá-lo ao lado da minha esposa, companheira e amiga, Glaciara Chucarro Machado.

E lá se vão 26 anos de empresa, período em que nos expandimos significativamente pelo Mato Grosso do Sul, alcançando cerca de trezentas placas de Outdoor espalhadas pela região. 

Nessa toada de desenvolvimento, não só de Dourados, mas de todo o estado, uni meus investimentos ao campo, na verdade, sempre gostei de ficar perto do mato e dos rios. No início dos anos 2000, comprei uma propriedade rural no município de Caracol, onde construí e toquei por doze anos o Hotel Pesqueiro Bacuri do Apa, localizado na cidade de Bela Vista.

Uma década depois de me dedicar ao pesqueiro, colhi inúmeros frutos, prosperei e conheci minha atual esposa por lá. Foi então que decidi expandir um pouco mais, para de fato, entrar para o ramo da pecuária. Assim, em agosto de 2010, coloquei no negócio o pesqueiro, alguns imóveis que eu possuía em Dourados e comprei a Fazenda Boa Sorte, no distrito do Alto Caracol, a 90 km da cidade de Bonito, com 1442 hectares.

Na Fazenda Boa Sorte eu trabalho com vacas de cria e recria, uma modalidade muito atraente no mercado da pecuária, mas chegar ao alto padrão que conquistamos não foi fácil – é com muito orgulho que, atualmente, possuímos oitocentas vacas.

Ao longo de minha vida, tive outros relacionamentos, dos quais meus maiores frutos são meus filhos Valdir, Diego e Diana Machado

Família, Fé e Futuro

Ao lado de Glaciara, fiz ótimas escolhas, tivemos nossa filha Júlia, que atualmente trilha seus passos no curso de Odontologia, nós nos mantivemos fortes para crescer. Foi ao lado da minha companheira que conheci a fé evangélica neopentecostal; converti-me em uma congregação da Igreja Sara Nossa Terra e depois, há cerca de quinze anos, passei a congregar, junto com minha família, na Igreja Presbiteriana Independente de Dourados (IPID).

Para o futuro, espero que nossa Dourados seja tratada com a grandiosidade que merece, seja no esporte, seja na política e que, enfim, tenha um aeroporto digno, pois, até hoje, o que assistimos são a mandatários brigando pela paternidade da obra. Desde os tempos de Brás Melo, não vemos um gestor municipal à altura da cidade cintilante.

Por fim, espero que o esporte conquiste o mesmo prestígio de outrora – o futebol amador é uma expressão autêntica do espírito esportivo e de comunidade.

Desportista, comunicador e empresário: Valdir Machado, um douradense de coração

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