José Henrique Marques
Quem vazou o Boletim de Ocorrência (BO), sob sigilo, registrado por Patrícia Brandão contra a vereadora Lia Nogueira (PP) para setores da imprensa foi o agente penitenciário licenciado Milton José Ribeiro Junior, conhecido em Dourados como Milton Junior ou Milton da Lupa.
Essa é a conclusão da investigação da delegada-chefe do Departamento Regional de Polícia Civil de Dourados, Roseli Dolor Galego, cujos documentos a Folha de Dourados teve acesso e estão publicados no final da matéria.
De acordo com a delegada, “a única pessoa que acessou o SIGO (Sistema Integrado de Gestão Operacional) antes da publicação da ocorrência na mídia foi o agente penitenciário estadual Milton José Ribeiro Junior que está cedido à Prefeitura Municipal de Dourados, o qual mentiu sobre a ocorrência não estar em sigilo no momento em que acessou, bem como já teve conflito com a Vereadora Maria Imaculada Conceição (Lia), registrando ocorrência contra a mesma, tendo, portanto, interesse nos fatos”.
Milton Junior, como agente penitenciário, tinha acesso ao SIGO – ferramenta utilizada por órgãos de segurança, que funciona como um banco de dados único e integrado. Portanto, ele usou a senha (e, consciente, vazou à imprensa) que deveria ter sido cancelada quando foi cedido à Prefeitura em meados de março. A delegada Roseli Galego solicitou a suspensão da senha ao hoje, assessor especial do prefeito Alan Guedes.
Com a conclusão da investigação, Lia Nogueira irá processa-lo criminalmente por calúnia. Milton Junior também será alvo de sindicância na Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen/MS) e poderá ser exonerado a bem do serviço público.
Ao lado do prefeito Alan Guedes (PP) e do jornalista do Diário MS, Alfredo Barbara Neto, Milton Junior é acusado no Ministério Público e na Procuradoria-Geral de Justiça de Mato Grosso do Sul por Lia Nogueira de ter desviado cerca de R$ 1 milhão dos cofres da Câmara Municipal no caso da “farra da publicidade”.
Em 2019 e 2020, Alan Guedes presidiu a Câmara e destinou, através da agência Lupa Comunicação, de Milton Junior, cerca de 33% do bolo publicitário ao Diário MS, levantando suspeitas de crimes de improbidade e de favorecimento do atual prefeito de Dourados.
Milton Junior e Alfredo Barbara participaram da vitoriosa campanha de Alan Guedes para prefeito de Dourados. Como reconhecimento foram alçados ao poder: o primeiro assessor especial e segundo como chefe de Gabinete, tendo entre as atribuições a política de comunicação da Prefeitura, também já sob suspeitas.
Tão logo começaram as investigações, Lia Nogueira passou a ser perseguida por um suposto “gabinete do ódio” instalado ao lado da sala do prefeito e seria, segundo fontes, comandado por Milton Junior, Alfredo Barbara e Henrique Sartori, o secretário de Governo. Na mira, jornalistas, adversários e vereadores.
Com a elucidação desse caso começa a vir à tona a violência política que tem sido vítima Lia Nogueira. Ela enfrenta comissão processante na Câmara que pode cassar seu mandato, tendo como base esse BO, onde é denunciada por suposta ameaça a ex-assessora Patrícia Brandão já no finalmente de festa de confraternização. Um vídeo editado seria a prova, que não se sustenta com a gravação na íntegra.
Em “grampo” que a Folha teve acesso, há menção do mentor intelectual ou do mensageiro da armação. Trata-se de uma “palhaçada”!
