José Henrique Marques –
A notícia publicada na manhã desta terça-feira (04) na Folha de Dourados sobre a compra pela Prefeitura de Dourados de kits de robótica por R$ 8,7 milhões de uma empresa de Alagoas, que vende de tudo, causou espanto no meio empresarial, político, sindical e nas redes sociais. (Leia)
Até o prefeito Alan Guedes (PP), que até hoje não veio a público dar sua versão sobre a suposta farra da publicidade investigada pelo Ministério Público ou justificar o investimento de milhares de reais do contribuinte douradense em site de Maracaju, manifestou-se, mas superficialmente. (Leia)
Alan Guedes confirmou em publicação na internet que autorizou a compra e o pagamento milionário dos tais kits – por coincidência no Estado da principal figura política de seu partido, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira. Ele afirmou que as despesas serão pagas com receita própria do município, ou seja, da fonte 00, mas não explicou por que excluiu o Fundeb do processo.
Ocorre que um dia depois em que o Diário Oficial publicou o extrato de contrato entre a Prefeitura e Megalic, de Maceió-AL, ele foi aditivado, excluindo o Fundeb. A representante da empresa assinou digitalmente o documento às 18:34:14 do dia 23 de dezembro, que foi publicado no Diário Oficial do Município no dia 30 de dezembro, em pleno recesso de fim de ano, que havia começado no dia 23.
Fontes ouvidas agora à tarde pela Folha de Dourados afirmaram que Alan Guedes “fora alertado da irregularidade”, já que os recursos do Fundeb são específicos e jamais a Prefeitura poderia usar as sobras para comprar equipamentos de robótica. Seria um caso para o Ministério Público Federal investigar.
Alan Guedes disse para um interlocutor da Folha que o contrato retificado será publicado ainda nesta semana no Diário Oficial, talvez já amanhã, para reparar o erro ou o “engano”.
Mesmo reparando o erro, o prefeito ainda terá problemas à vista. Se não utilizou as sobras do Fundeb, onde está o dinheiro e por que não rateou entre os trabalhadores da Educação do município? Por que gastar quase R$ 9 milhões de receitas próprias em projeto contestado pelo professorado se faltam medicamentos e material de limpeza nos postos de saúde, na UPA e no Hospital da Vida?
Por outro lado, o secretário de Comunicação Social, Ginez Cesar, garante que não existe as tais sobras do Fundeb, mas não soube explicar o que aconteceu na formulação do já polêmico “contrato robótico”.
Colaboradores da Folha de Dourados estão analisando itens do contrato original.
