José Henrique Marques –
A sessão ordinária da Câmara Municipal iniciada ontem (01) às 15 horas e encerrada já tarde da noite foi uma das mais bisonhas da história política de Dourados. Expos aos presentes no plenário e para quem acompanhou a transmissão pelas redes sociais, o absoluto despreparo do presidente do presidente Laudir Munaretto (MDB) e do prefeito Alan Guedes (PP).
Acusados no Ministério Público Estadual de chefiar uma suposta organização criminosa (orcrim) que teria desviado cerca de R$ 1 milhão dos cofres públicos no caso conhecido como “farra da publicidade”, Alan e Laudir tentaram aprovar a toque de caixa o Projeto de Lei 147/2021 autorizando o município de emprestar junto ao Fundo para o Desenvolvimento para a Bacia do Plata (Fonplata) R$ 40 milhões de dólares, algo em torno de R$ 208 milhões na cotação desta quinta-feira (02), cuja conta querem deixar para outros prefeitos pagar.
O projeto entrou em regime de urgência e seria aprovado já que o prefeito tem folgada maioria na Casa a custo de empregar apaniguados de vereadores na Prefeitura. Mas não contavam com o parecer contrário da Procuradora Jurídica da Câmara.
Se por um lado, o posicionamento da PGR demonstra seriedade no trato da coisa pública, por outro escancarou o despreparo de Alan Guedes e Laudir Munaretto em gerenciar a coisa pública.
Ocorre que nem Laudir, nem Alan e nem a líder do prefeito, vereadora Daniella Hall, (PSD) tinham conhecimento do parecer contrário.
Antes de submeter o projeto ao plenário, cumprindo normas regimentais, Laudir solicitou o parecer da Comissão de Justiça, Legislação e Redação (CJLR). A presidente Daniella Hall foi favorável (sem ler, óbvio), o vice-presidente Marcio Pudim (DEM) acompanhou a PGR, portanto, contra.
Foi aí que Laudir e Daniella descobriram que a PGR, em parecer técnico, contrariou os interesses dos poderosos de plantão. Foi um vexame.
Visivelmente constrangido e ruborizado de vergonha, Munaretto imediatamente suspendeu a sessão e proferiu palavrões, longe do microfone, mais audível para quem estava perto. Foi surreal.
Diante do caos instalado, com os demais vereadores não entendendo nada, restou ao terceiro membro da CJLR, Rogério Yuri (PSDB) retirar o projeto da pauta para analisa-lo ainda nesta manhã.
Nos bastidores da Câmara há rumores de que o PL 147/2021 retorna na sessão de hoje (antecipada da próxima segunda-feira em razão do feriado de 7 de Setembro), com outro parecer da PGR, sob pena de demissões entre os cargos de confiança.
Como Rogério Yuri optou para analisar o impasse e não desempatar a parada a favor do prefeito, ele recebeu ligação antes mesmo do término da sessão do secretário de Governo, Henrique Sartori, avisando que seus 16 indicados na Prefeitura foram exonerados. E assim, escancarou ao povo de Dourados uma das moedas utilizadas para “convencer” vereadores a apoiar incondicionalmente Alan Guedes. Como diria o jornalista Boris Casoy: “Isso é uma vergonha”.
