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Pitu relembra as Noites Douradenses, por Ilson Boca

Culturalmente Falando – 21/06/2010

 
 
     Osvaldo do Santos nascido em Corumbá-MS é o popular guitarrista Pitu, um renomado músico do nosso estado.
 
     Começou sua carreira profissionalmente no ano de 1965 tocando com o seu primo Agapto Ribeiro, no Clube Surian em Campo Grande, e conta que foi com ele que aprendeu a tocar guitarra.
 
     Talentoso para com a música, e com a ajuda do primo Agapto (pistonista), do Alarcon   contrabaixista e do Edson (baterista) Pitu facilmente foi aprendendo de tudo um pouco, cujo resultado é o muito que nós conhecemos.
 
     Pitu relembra com orgulho de ter acompanhado cantoras como Ângela Maria  e Elis Regina nas suas passadas pelo nosso Estado. E se orgulha de ter vivido o tempo dos festivais da MPB (Música Popular Brasileira) que revelou grandes músicos citando nomes como os de  Edu Lobo,  Chico  Buarque, Caetano Veloso, Gil,  João Gilberto. Lembra que até o Roberto Carlos entrou no samba quando compôs Maria, Carnaval e Cinzas.
 
     Relembra que esse momento vivido foi um período muito importante para a música popular brasileira, quando pela miscigenação houve a criação de novos ritmos.
 
     Trabalhou no Clube Libanês e no Rádio Clube tocando com diversos músicos do nosso estado. Veio para Dourados a convite de seu tio Moacir, conhecido como Lamparina.
 
     Aqui chegando tocou no saudoso Clube Social durante um bom tempo. Foi lá que ampliou o seu leque de amizades e onde conheceu muitos músicos.
 
     Certo dia quando deparou com a saudosa Tia Guilhermina, como era conhecida, que inclusive veio a se tornar sua comadre, foi tocar em um dos mais populares locais da nossa região.
 
            Tia Guilhermina e o marido, o saudoso Didi, sanfoneiro dos melhores, arrasavam no chamamé, polca e outras regalias musicais da Região. Eles mantinham na cidade um salão de baile que funcionava todas as noites. Na frente tinha uma placa de madeira pregada com os dizeres ‘HOJE BAILE’.
 
     Este era o único lugar na cidade que tinha música ao vivo todos os dias e ficava localizada no centro da zona do baixo meretrício, que compreendia umas seis quadras onde eram localizadas as casas de prostituição.
 
     Quando indagado sobre algum tipo de constrangimento em tocar na ‘zona’, Pitu responde sempre que naquele tempo tudo era natural, as pessoas eram amáveis e respeitosas, era muito diferente de agora que existe muita violência e preconceitos, e segue dizendo que ali era o jardim para os que vinham à cidade.
 
     Naquele tempo o comércio da cidade e região era abastecido por vendedores que vinham de outras cidades, popularmente chamado de viajantes. Estes tinham como única opção de lazer o baile da Tia Guilhermina.
 
     Com o Pitu, o saudoso Mané, Ari na bateria e o também saudoso sanfoneiro Kid (Euclides Roel de Oliveira), era muito bom ouvi-los tocar um chamamé.
 
     Pitu relembra de grandes nomes do chamamé que passaram por lá, como o saudoso Zé Correia e o famoso Dino Rocha.
 
     Lembro-me quando vinham os músicos de outros lugares para tocar na cidade, iam lá para conhecer, e ficavam impressionados com a nossa música e a originalidade de nossos músicos.
 
     Para quem gostava de dançar ou queria aprender os passos de nossas danças haveria de encontrar sempre uma linda moça para acompanhá-lo e ensinar a bailar, passear, e passar o tempo.
  Com o passar do tempo outras casas noturnas surgiram como o Clube Castelinho onde ele passou a tocar com outros músicos vindos de São Paulo, e ali se tornou ponto de canja para todos os músicos que vinham a cidade.
 
     Iam surgindo boates  como a da dona Hilda, que hoje se tornou o nome do bairro Vila Hilda, “Pechô” e a da Mariazinha, que vive entre nós há muito tempo com o nosso amigo de muitos anos o Adão. Pitu tocou em todos esses lugares.
 
  Com o passar do tempo a cidade foi se modificando, e esses espaços se transformando, e essa vida noturna deixou de existir.
 
     Pitu continuou no caminho da música tocando com todos os músicos de Dourados. É músico reconhecido pelo seu conhecimento harmônico com as cordas do instrumento em qualquer ritmo.
 
     Participou com Moacir Costa, também do Cavaquinho, Toninho Castro, Jucão, Piola, Pedrinho, Jorge Marra  e Frederico (Fred), do grupo Trem das Onze. E por último de retornando a MPB foi tocar em um grupo, formando junto com Daniel de Oliveira, Roger Minella, e Bico do Trombone o Grupo Swing.
 
     Hoje aposentado como músico, só toca com os amigos para conservar os dedos ágeis e a cabeça em ordem.
 
     Ao meu amigo Pitu o meu agradecimento pela sempre boa conversa.                 
 

Fonte: Folha de Dourados

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