Berenice de Oliveira Machado Souza (*) –
Hoje volto a repisar sobre o que está acontecendo sobre os profissionais de saúde pública do município de Dourados-MS, pois vi que a situação não para, está cada vez mais virando um pesadelo, pois não sabemos de que forma vai acontecer outro episódio de assédio. Já me certifiquei pela rede social que já começou o assédio em cima dos profissionais de Saúde Pública da Atenção Especializada. Só quero relembrar da dificuldade no passado em ter esses profissionais em ativa. Acho que nossos gestores da saúde estão com “olhos vendados e ouvidos moucos” a tudo o que está acontecendo.
No meu entendimento estão procurando um culpado para a mazela da saúde pública do munícipio de Dourados-MS e querem que os profissionais da saúde paguem por esse descaso na saúde pública.
Precariedade do acesso, falta de qualidade e a deficiência dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), resultado de fatores como a falta de investimentos, gestão inadequada e a crescente terceirização e flexibilização dos vínculos, servidores em desvio de função que já é assédio moral.
A alta rotatividade de profissionais impacta diretamente a população, gerando longas filas de espera, dificuldades no atendimento e agravamento de doenças.
Agora me pergunto:
– Como nossos profissionais devem estar se sentindo com todo esse assédio moral?
– E como vão conseguir dar um atendimento digno a população?
Sei bem como é isso. E pelo visto não vai parar pois ninguém se manifesta – estão sozinhos sem uma defesa – sem defensor, se sentem inseguros, desprotegidos, e é assim que todos estão se sentindo. Isso é muito perigoso para os dois lados: ou os profissionais vão acabar se adoecendo ou vão sair (pedir exoneração ou afastamento médico e/ou psicológico) e a gestão vai fazer o que depois?
O mais grave ainda é a população que não entendeu nada ainda que vai ficar desassistida de vez. As mazelas da saúde pública impactam diretamente a população.
Lí uma matéria no Jornal Folha de Dourados nesse final de semana que é muito grave o crescimento em todo o Brasil de violência contra médicos e outros profissionais de saúde. Assédio moral de vereadores contra profissionais de saúde é uma preocupação crescente, com relatos de casos em que vereadores usam sua posição para intimidar, constranger ou prejudicar a atuação desses profissionais. Essa prática pode ocorrer de diversas formas, como através de exigências excessivas, críticas públicas injustas, divulgação de informações sigilosas e até mesmo ameaças. Críticas públicas injustas: Divulgação de informações falsas ou distorcidas sobre o desempenho do profissional, com o objetivo de prejudicar a reputação dos profissionais de saúde.
Então senhores gestores fica a pergunta que não quer calar:
– Quando vão se posicionar?
– Ou vão esperar acontecer uma tragédia?
A prevenção e o combate aos abusos deve ser a tônica dos trabalhadores durante o desempenho de suas funções. O ser humano encontra a realização pessoal no produto de seu trabalho, portanto, vamos também trabalhar pelo trabalho justo e saudável.
(*) Ex-secretária municipal de Saúde, Coordenadora do Programa Municipal deDst/Aids e Hepatites Virais de Dourados, Coordenadora do Fórum dos Trabalhadores em Saúde (2015 a 2018), Presidente do Conselho Municipal de Saúdede Dourados (2013 a início de janeiro de 2019), Servidora pública e graduada em Serviço Social