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Nossa Feira Livre, personagens e suas trajetórias de vida: Daniel Romero – Pastelaria Guarani

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Ilson Boca Venâncio

Daniel Romero conta que sua família quando veio de mudança do Paraguai para Dourados adquiriu uma casa de madeira na Rua Cuiabá, onde se encontra (va) a Nossa Feira Livre e lá passaram a residir.

Seu pai Eleutério Romero, um alfaiate de profissão, viera para o Brasil por discórdia com a ditadura que havia se instalado no seu País.

Católico praticante, Sr. Eleutério pertencia a Ação Católica, instituição criada na gestão do Papa João 23, que tinha como um de seus objetivos a conscientização política para a libertação da parcela mais humilde da população.

Essa prática religiosa o levou a ser simpatizante dos “Febreristas”, partido popular de esquerda que lutava pela libertação do povo humilde contra a ditadura, por esse motivo veio com a família para o Brasil.

Manteve a família em outro País aos seus moldes, tendo a educação como prioridade. Ele, que apesar de sua origem humilde, era uma pessoa culta – como profissional, era um artista.

Seu primeiro emprego na cidade foi na Máster Confecções, onde confeccionava os uniformes de gala do Exército Brasileiro depois na Kety Magazine e Meireles Alfaiataria.  

Quando a feira foi transferida para a rua Cuiabá, na administração do ex-prefeito José Elias Moreira, pensando em contribuir com a renda familiar, a mãe de Daniel, Maria Cristaldo Romero, viu ali a oportunidade de montar um comércio, junto com seu filho mais velho João Romero.

Sendo o pastel (empanado) um salgado muito popular em sua terra natal (com um diferencial no recheio onde se tempera com cheiro verde e ovos cozidos) decidiram pela  “Pastelaria Guarani”.

Talvez pelo nome e o tempero, logo se tornou ponto de parada do povo guarani. “Os índios que passavam, assim que olhavam o letreiro com o nome, paravam e entravam”, disse-me Daniel, que apesar da pouca idade, junto com seu irmão mais velho, já ajudava a mãe no comércio.

Com o falecimento do pai, aumentou para ele a responsabilidade de manter firme os seus ensinamentos e disciplina.

Apesar das dificuldades, Daniel nunca parou com os estudos. Chegando em Dourados estudou na Escola Abigail Borralho, depois no Colégio Objetivo e finalmente na UFMS onde se tornou Bacharel em História. Conta que, estudando ou trabalhando, sempre cumpriu um período para ajudar a mãe no comércio da família.

Com o tempo o comércio cresceu assim como a família – quem era filho, hoje já é pai, é mãe, de um núcleo se fizeram vários, mas permanece a união, a cultura do conhecimento e participação como filosofia de libertação.  

 

Perguntado por mim sobre a mudança da feira para outro local, Daniel me diz que para ele o comércio não tem fim unicamente lucrativo. Que ali é sua casa, onde foi criado junto com seus pais e irmãos, onde está imprimindo a história da sua família.

Por ser um lugar onde ele passa grande parte do seu tempo é que sempre procurou fazer daquele ambiente um lugar agradável, um espaço de cultura e amizade. “São essas características que faz com que a nossa freguesia, que nossos amigos, dividem esse local de bom convívio com nossa tradição”, finaliza Daniel Romero.

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