José Tibiriçá Ferreira Martins (*) –
A cena do cavalo resgatado em Porto Alegre comoveu a todos.
Meu avô nascido em São Borja-RS dizia que considerava o equino o seu melhor amigo, parecia algo estranho. Ele explicou que no dia a dia era quem o transportava pacientemente, daí ter um tratamento especial.
O ex-presidente, general João Baptista Figueiredo, oriundo da cavalaria no Exército Brasileiro (EB), dissera certa vez que preferia o cheiro do cavalo do que do povo.
Muita gente achou estranha a afirmação, mas muitas vezes é melhor se relacionar com os quadrúpedes do que com o ser humano – nos dias atuais, na maioria das vezes.
Temos cavalo na nossa propriedade há 83 anos e na do meu filho em Bonito-MS, e há dois meses montei num deles e matei a vontade, um hobby que está se acabando na nossa região devido a substituição da pecuária pela agricultura.
Lá no sul, nas estâncias, ainda é muito comum a montaria no trabalho diário, principalmente na região dos pampas e nas datas comemorativas como a comemoração da Guerra dos Farrapos.
No dia 20 de setembro de 1835, os revoltosos a cavalo invadiram a cidade de Porto Alegre, daí ser chamado Dia do Gaúcho. Esta guerra durou 10 anos e morreram milhares de pessoas. O motivo foi a taxação muito alta sobre o produto na região e a importação do charque do Uruguai por um preço muito abaixo, que prejudicou a produção na província rio-grandense.
Farroupilha foi um revolta regional contra o governo imperial, que acabou assumindo a ideia de separação do Império e terminou no dia 01 de março de 1845.
Devemos muito à bravura desse povo que garantiu na região as nossas divisas contra os castelhanos comandados pelos espanhóis.
(*) Advogado e produtor rural.