José Henrique Marques –
Um mero protocolo na Secretaria da Câmara de Vereadores postergou para a semana que vem a instalação da CPI da Robótica para investigar se o prefeito de Dourados, Alan Guedes (PP), prevaricou ao comprar por R$ 8,7 milhões 50 kits de robôs.
O escândalo é nacional por suspeita de superfaturamento. O caso de Dourados e de outros municípios do país vêm sendo pauta da imprensa nacional e deve entrar no bojo de uma CPI no Senado.
A CPI já está registrada na Casa de Leis por força de requerimento assinado por sete vereadores, conforme preconiza o Regimento Interno (RI), e a instalação depende agora da designação dos três membros pelo presidente Laudir Munaretto (MDB).
Há um impasse sobre a relatoria, já que a presidência é, regimentalmente, do propositor Fabio Luis (Republicanos) e o membro será Cemar Arnal (Solidariedade), o nome consensual do maior bloco na Câmara – aquele que apoia a combalida administração de Alan Guedes.
Ainda de acordo como RI, cabe a maior bancada partidária a indicação do relator, nesse caso o PSDB, que tem seis vereadores: Lia Nogueira, Diogo Castilho, Juscelino Cabral, Rogério Yuri, Sergio Nogueira (líder do prefeito) e Marcio Pudim.
Em tese, o relator ocupa a função mais importante de uma CPI, cujo parecer é discutido e votado pela comissão e, se for aprovado, será submetido ao plenário, onde, diga-se de passagem, Alan Guedes tem maioria folgada para reprova-lo, mesmo que as investigações concluam dolo do prefeito.
Pudim foi o escolhido por Lia, Diogo e Juscelino. Yuri, por ter postura moderada, é o preferido de Alan Guedes que esteve em Campo Grande, aflito, solicitando ajuda no Parque dos Poderes. Juscelino foi sondado como nome de consenso, mas declinou.
A decisão da maioria dos vereadores tucanos será protocolada ainda hoje (17) na Secretaria da Casa, como decidiu Munaretto durante a sessão para justificar a não instalação da CPI. Entretanto, pela manhã, os vereadores haviam sido orientados por funcionários da Secretaria a protocolar o documento junto à Mesa Diretora – à noite.
Dessa forma, a instalação da CPI ficou para a próxima sessão ordinária do Legislativo, na segunda-feira (23).
Se Alan Guedes criar novos empecilhos o caso pode ser judicializado, desmoralizando a Câmara e reforçando as suspeitas sobre o prefeito. Afinal, diz a sabedoria popular: “quem não deve, não teme”.
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