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A corrida pela novidade: ‘Quando a imprensa abdica da ética’

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Dr. Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –

Em um mundo cada vez mais acelerado, onde a informação se propaga em tempo real, a imprensa se depara com um dilema: priorizar a qualidade ou a novidade? A busca incessante pelo “furo” jornalístico, pela notícia quente que viraliza nas redes sociais, tem levado muitos veículos de comunicação a sacrificar a apuração rigorosa e a análise profunda em favor da instantaneidade. Essa troca, no entanto, tem um preço alto: a produção de informações superficiais, muitas vezes incompletas ou distorcidas, que comprometem a formação intelectual da sociedade.

Cabe à imprensa fornecer aos cidadãos os elementos necessários para que estes compreendam o mundo ao redor, formem as próprias opiniões e participem ativamente da vida pública. Para cumprir essa missão, é fundamental que o jornalismo se baseie em princípios éticos como a apuração rigorosa dos fatos, a busca pela verdade, a imparcialidade e o compromisso com o bem-estar social.

A busca incessante pelo “furo” pode levar à publicação de informações precipitadas, sem a devida checagem, o que pode gerar erros e distorções. Além disso, a pressão por publicar notícias rapidamente pode levar os jornalistas a se contentarem com fontes superficiais ou a dar voz a apenas um lado da história, privando o público de uma visão completa e contextualizada dos fatos.

Uma população mal informada, que não tem acesso a dados confiáveis e análises consistentes, fica mais suscetível à manipulação e à desinformação. Isso pode ter graves consequências para a democracia, por dificultar o debate público saudável e a tomada de decisões conscientes por parte dos cidadãos.

É importante ressaltar que a busca pela novidade não é necessariamente incompatível com a qualidade do jornalismo. É possível, e necessário, encontrar um equilíbrio entre a rapidez da informação e a apuração rigorosa dos fatos. Veículos de comunicação que se comprometem com a ética profissional investem em tempo e recursos para garantir que suas reportagens sejam precisas, completas e imparciais. Um exemplo disso é o jornal The Guardian, que possui um código de conduta editorial e um mecanismo de correção de erros.

É hora de defendermos o jornalismo sério, comprometido com a verdade e com o bem-estar da sociedade. É hora de exigirmos da imprensa ética e responsável. Não podemos nos contentar com a superficialidade e a novidade. A informação de qualidade é essencial à construção da sociedade mais justa, democrática e informada.

Lembre-se: o jornalismo é um direito fundamental e a imprensa livre é um pilar da democracia.

(*) É Produtor em Mato Grosso do Sul.

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