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A condenação à morte dos pacientes de Aids na Venezuela

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08/09/2018 09h58

Por: El País

Em dezembro de 2017, Leonard Delgado recebeu o diagnóstico de HIV positivo e a receita dos antirretrovirais que deve tomar em meio à pior crise de abastecimento desses medicamentos na Venezuela. Com o resultado, também lhe deram uma indicação tácita de que devia sair do país para sobreviver. Dois meses depois de iniciar seu tratamento, o medicamento que deve tomar pelo resto da vida acabou. Neste mês, emigrará para o México para poder tratar sua doença. Entrou em contato com uma ONG na cidade mexicana de Querétero por meio da qual poderá obter os remédios e realizar de forma gratuita os exames de CD4 e de carga viral. Esses exames devem ser feitos a cada seis meses para medir a resistência do vírus no sangue, mas há dois anos deixaram de ser oferecidos pelo sistema público venezuelano.

“Ficar na Venezuela é morrer de Aids. Eu não queria ir embora porque aqui tenho trabalho, ainda ganho bem, gosto do meu país, mas agora só penso em minha saúde, e por isso vou. Tenho um amigo que foi em março e já tem tratamento, e sei de outros que foram para o Peru e o Chile e lá estão melhor”, conta esse homem de 31 anos na recepção do Serviço de Infectologia do Hospital Geral do Oeste (HGO), um edifício de aspecto abandonado no qual se acumulam camas velhas e equipamentos quebrados e onde 1.500 pacientes têm consulta.

A grave crise humanitária que se vive na Venezuela impulsionou um enorme êxodo que as Nações Unidas já compararam com aquele que a guerra na Síria empurra para o Mediterrâneo. Segundo dados da ONU, 2,3 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014, dirigindo-se principalmente para Colômbia, Equador, Peru e Brasil. A grave situação econômica e o desabastecimento de alimentos e de remédios, que no caso dos antirretrovirais chegou a ser total em abril, expulsa os venezuelanos para outros países, embora o Governo de Nicolás Maduro insista em negar a situação e o próprio presidente tenha dito que aqueles que emigram vão embora enganados pelos meios de comunicação.

Retorno aos anos oitenta
Carlos Pérez Pérez, chefe do Serviço de Infectologia do HGO, assinala que o país atravessa a pior crise na área e em particular nesta patologia. O médico administra um grupo de WhatsApp com seus pacientes no qual mensagens angustiadas são frequentes. Todo dia há quem peça um medicamento ou a receita de um preparado à base de guasimo (árvore também conhecida como mutamba), usado por médicos no Brasil para fortalecer o sistema imunológico desses pacientes − um recurso ao qual recorreu o especialista como tratamento complementar. A situação faz os pacientes voltarem aos anos oitenta − quando começou a epidemia, os antirretrovirais não faziam parte do protocolo contra a Aids e os pacientes tratavam a doença com remédios caseiros.

A condenação à morte dos pacientes de Aids na Venezuela

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