Damião Duque de Farias – 13/03/2011
Adriano Moretto e Helton Costa
Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) de 1995 a 2005 e Reitor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) desde 2006, Damião Duque de Farias, 45 anos, concedeu entrevista à folha de dourados falando do futuro da universidade e o plano de expansão para os próximos dez anos, questões políticas e sobre as acusações que sofreu no ano passado, de fazer campanha política dentro da instituição.
Graduado, mestre e doutor em História, Damião especializou-se em História Republicana do Brasil, mais especificamente sobre Igreja e Política no Brasil Republicano. Possui livro, capítulos de livros e artigos publicados em Revistas Especializadas de História.
Com mandato até junho deste ano, o Reitor, disse ainda que jamais participou de qualquer negociação com vistas a uma candidatura à prefeitura da cidade, na eleição fora de época que aconteceu no mês de fevereiro.
folha de dourados – Qual fato o senhor considera como sendo seu maior feito frente à UFGD? Qual sonho ainda gostaria de ver realizado neste mandato?
Damião Duque de Farias – Maior fato é ter alcançado o reconhecimento público interno e externo da qualidade de nossa Universidade, inclusive do Ministério da Educação, através do INEP, que classificou a UFGD como a melhor Instituição de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul por três anos consecutivos.
Metas que gostaria de alcançar ainda neste mandato: entrega do Restaurante Universitário e do Centro de Educação Infantil da UFGD. Obras finalizadas e que estão em processo final de organização e contratação dos serviços de administração.
fd – Durante o período de eleições municipais o senhor foi contrário à aliança DEM/PT. Acredita que sua posição política pode de alguma maneira afetar os trabalhos na UFGD?
DDF – A minha posição no debate interno do PT, ao qual sou filiado, corresponde às minhas expectativas como militante da política e como cidadão. Também, não era uma posição isolada, muitos compartilhavam da mesma. Inclusive na Universidade essa era uma posição comum a mais de 90% das pessoas filiadas ou próxima ao Partido dos Trabalhadores. No entanto, não se trata de uma posição do Reitor e muito menos da Instituição Universitária. Por isso, é necessário separar as coisas e ter em mente a contribuição republicana e institucional da Universidade à cidade, ao estado e ao país. A UFGD não serve a nenhum partido ou liderança partidária, a UFGD está a serviço da sociedade.
fd – Um colunista da cidade atacou sua imagem enquanto pessoa e da Universidade durante a campanha para presidente, dizendo que o senhor estaria forçando funcionários a votarem no partido do senhor (PT) e que teria dado ordem para todo mundo colocasse adesivos em seus veículos fazendo campanha para a atual presidente. O que foi verdade nisso tudo? Qual sua versão sobre o caso e sua opinião sobre o que foi publicado?
DDF – Desconheço em detalhes tais acusações. Mas, na Universidade todos sabem de meu apoio, enquanto pessoa, à candidatura de Dilma Rousseff. Aliás, a grande maioria dos Reitores das Universidades Federais também manifestou publicamente a favor de Dilma, levando-se em consideração as políticas públicas de ensino superior do Governo Lula.
Sobre as acusações não são verdadeiras. Em nenhum momento estabeleci qualquer tipo de coerção sobre os nossos funcionários para aderiram a qualquer candidatura. Eu tenho a certeza de que qualquer pessoa, Reitor ou não, que venha a fazê-lo será publicamente denunciado e rechaçado pela comunidade, que é sempre crítica e tem como maior apreço a sua liberdade de expressão.
fd – O nome do senhor chegou a ser cogitado para concorrer à prefeitura nas últimas eleições ‘fora de época’. Em algum momento esse boato foi verdadeiro ou não passou de especulação política?
DDF – Não passou de especulação política. Jamais fomentei ou participei de qualquer negociação com vistas a uma candidatura à prefeitura da cidade.
fd – A UFGD está programando uma expansão para os próximos anos com novos cursos em diversas áreas. O que o senhor pode adiantar sobre essas novidades? Quais cursos a Região da Grande Dourados pode esperar?
DDF – Nós estamos debatendo um programa de expansão para os próximos 10 anos, em consonância com o Plano Nacional da Educação (2011-2020), elaborado pelo Governo Federal e encaminhado ao Congresso Nacional. A fase atual é de debate com segmentos da sociedade, colhendo as contribuições que possam fortalecer o nosso projeto.
De maneira preliminar estamos propondo dobrar o tamanho da UFGD nos próximos 10 anos, na graduação e na pós-graduação (mestrado e doutorado). Se tivermos êxito, chegaremos a 16 mil alunos aproximadamente e 2 mil servidores, o que representaria uma Instituição com ampla inserção social e capacidade de inovação científica e tecnológica. Dentre os cursos apresentados para o debate, temos: Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Arquitetura e Urbanismo, Farmácia, Dança, Artes Visuais, Jornalismo, Física e outros. Ressalto o fato de que ainda estamos em processo de formulação e qualquer contribuição será bem vinda.
fd – Quais características devem ser importantes para um reitor de universidade do porte da UFGD?
DDF – O papel mais importante é o de liderança. O Reitor deve compreender todas as dimensões do fazer da Universidade, mas também deve estar atento e aberto aos anseios e movimentos externos à Universidade. Saber articular esse duplo movimento e liderar as energias positivas advindas de ambos os lugares e em favor de um projeto coletivo é o maior desafio e deve ser a principal característica do Reitor. Mas, essa liderança deve ser aberta, democrática, dialógica com todos os setores e interesses, conectada a um projeto de nação socialmente mais justa.
Assim, o Reitor deve ser um estrategista e um hábil negociador, capaz de aglutinar a maior parte das pessoas e segmentos em torno de um projeto.
fd – Qual recado o senhor deixa para estudantes que pensam em ingressar na UFGD nos próximos vestibulares? Porque?
DDF – Venham para a UFGD! Aqui vocês encontrarão uma Instituição que produz ensino, pesquisa, cultura e extensão com qualidade e compromisso social. Encontrarão uma Universidade aberta e democrática, além de amplas políticas de assistência e permanência estudantil.
Fonte: Folha de Dourados
