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Livro de Brígido Ibanhes fundamenta Atlas do IBGE

14/03/2017 10h02

Livro do escritor Brígido Ibanhes fundamenta Atlas do IBGE

Por: Folha de Dourados

Uma das obras mais lidas e polêmicas da literatura sul-mato-grossense fundamenta o “Atlas das Representações Literários de Regiões Brasileiras – Sertões Brasileiros II, Volume 3”: trata-se do romance “Silvino Jacques, o último dos bandoleiros”, do escritor douradense Brígido Ibanhes.

O livro lançado em maio de 1986, sob pressão de ameaças de morte foi apreendido logo depois, quando já era o mais vendido do Estado, e liberado pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul ao final de 1.992. Hoje a obra está na sua 7ª edição (Editora Prisma, 2016), após ter sido indicada em 2012 e 2013 para o vestibular da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

E nada como um dia após o outro diz um adágio popular. Se no passado o livro e seu autor foram perseguidos por grupos que representam a dita elite política e financeira do Estado, hoje é utilizado para fundamentar a narrativa de um obra de dimensão nacional editada pelo insuspeito IBGE.

O Atlas

De acordo como o IBGE, em 2006, com o lançamento do volume Brasil Meridional, o instituto “deu início à coleção Atlas das representações literárias de regiões brasileiras, que tem por objetivo identificar e representar, através de mapas em diferentes escalas, fotos e imagens de satélite, regiões brasileiras que constituíram elemento marcante da trama de algumas das grandes obras da Literatura nacional. Dessa forma, construindo um mapeamento onde a identidade é o elemento central para individualização dos diferentes segmentos territoriais que compõem o quadro nacional.”

“Ao oferecer à sociedade brasileira este Atlas, o IBGE alinha-se às tendências mais recentes dos estudos geográficos e das Ciências Humanas em geral, que buscam incorporar a dimensão cultural à agenda das pesquisas sobre dinâmica da população e do território.”

“Confirmando a proposta de trabalho assumida desde o primeiro volume da coleção, os recortes territoriais ora propostos – Sertões do Leste, Sertões do Ouro e Sertões dos Currais, Sertão de Cima e Sertões Nordestinos enfocam, a seguir, a dimensão cultural dessas unidades territoriais com base na percepção da região pela Literatura. Essa abordagem é expressa em passagens selecionadas de José de Alencar, Coelho Netto, Agripa Vasconcelos, João Guimarães Rosa, Herberto Sales, Afrânio Peixoto, Cláudio Aguiar, Ariano Suassuna, entre outros.”

“Depois de Brasil Meridional e Sertões Brasileiros I, lançados, respectivamente, em 2006 e 2009, o IBGE traz a público o terceiro volume da coleção, Sertões Brasileiros II, que reúne os recortes territoriais de Sertões do Oeste e Sertões de Passagem. A construção dos contornos regionais delineados no presente volume foi efetuada não só a partir de publicações clássicas de geógrafos, historiadores, sociólogos, antropólogos e outros estudiosos das dinâmicas sócio espaciais brasileiras, mas valendo-se, também, de recentes produções acadêmicas, resultantes de um cenário de expansão física e qualitativa do ambiente universitário e de sistemas de pós-graduação, que permitiram vir à tona novas análises e novos aportes aos conhecimentos já estabelecidos.”

“Mantendo a proposta metodológica original do projeto, todo esse processo de percepção das regiões é coroado pela incorporação de romances nacionais. Na abordagem de Sertões Brasileiros II, foram selecionadas passagens de obras de Bernardo Élis, Mário Palmério, Agripa Vasconcelos, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarães, Camilo Chaves, Hernani Donato, Moura Lima, Rogério de Camargo, Brígido Ibanhes, Maria José Silveira, Marcos Faustino, entre muitos outros que eternizaram, de forma brilhante, personagens memoráveis, conflitos sociais e processos históricos que marcaram a formação sócio espacial brasileira.”

“A fronteira Brasil-Paraguai era muito movimentada, particularmente nas Cidades de Bela Vista e Ponta Porã, ambas do Estado do Mato Grosso do Sul. A existência de uma economia pastoril tornava ainda mais intenso o trânsito entre os países nesta região. Da mesma forma, destaca-se na época analisada a presença de uma cultura belicosa, tanto a partir da ação de coronéis latifundiários e da Companhia Matte Larangeira, como de pistoleiros, militares e organizações revolucionárias, haja vista a significativa adesão do sul-matogrossense a movimentos como a Revolução Constitucionalista (1932) e a Intentona Comunista (1935) (IBANHES, 2012).”

“A atividade pastoril e os conflitos entre proprietários de terra no sul do atual Estado do Mato Grosso do Sul servem de pano de fundo para o romance “Silvino Jacques, o último dos bandoleiros” de Brígido Ibanhes (2012).”

Trata-se de um romance que pretende retratar a biografia de Silvino Jacques, um gaúcho afilhado de Getúlio Vargas que migra para o sul de Mato Grosso. Sempre envolvido em conflitos armados, seja em causas pessoais, de amigos ou até em movimentos políticos, como a Revolução Constitucionalista de 1932, Silvino acaba se dedicando ao banditismo – em atividades como mortes por aluguel, roubos, extorsões, golpes etc., tornando-se o bandoleiro mais famoso do sul do estado.”

O IBGE atesta que “o romance mostra numerosas características regionais significativas dos Ervais Mato-Grossenses representados por Silvino e por outras personagens da trama. Em primeiro lugar destaca-se a própria condição de Silvino como migrante gaúcho e de diversas outras personagens como migrantes tanto do sul como de outros estados ou do Paraguai. As andanças de Silvino e seu bando e os contatos que mantém em diversas localidades mostram a intensa movimentação transfronteiriça na região, inclusive com a presença de brasileiros morando no Paraguai. Percebe-se também a dificuldade da regulação estatal na resolução dos casos de violência e conflitos na região, de modo que os proprietários de terra se armam ou recorrem aos bandos para se protegerem uns dos outros. Esse aspecto fica mais sensível na trama no momento em que as forças policiais mato-grossenses pedem auxílio ao exército para coibir as ações do bando de Silvino, e nem mesmo os militares conseguem capturá-lo, pois não conhecem os pontos remotos do território e os caminhos alternativos usados pelo grupo de Silvino Jacques”.

‘’Marti”

Entre as obras de Brígido Ibanhes se encontra o romance douradense “MARTÍ, sem a luz do teu olhar”, que em fevereiro de 2.015, por determinação de “ordens superiores”, na Secretaria de Educação da Prefeitura de Dourados (MS), foi retirado das prateleiras das bibliotecas das escolas municipais, sendo que o motivo até hoje permanece ignorado, conforme artigo publicado pelo Professor Jonatan Nunes Teixeira, também filósofo e radialista (v. matéria). No momento, o escritor prepara a apresentação de “O maior Tesouro das Américas – em Volta Grande no canyon do Rio Uruguai”, que já se encontra disponível na Amazon, na plataforma de e-book e também na versão impressa.

Sobre a censura praticada durante a administração do ex-prefeito Murilo Zauith, o professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Jonatan Nunes Teixeira, escreveu o seguinte artigo:

Livro de Brígido Ibanhes fundamenta Atlas do IBGE

Livro de Brígido Ibanhes fundamenta Atlas do IBGE

Entrega do Atlas ao escritor Brígido Ibanhes feita pelo representante do IBGE, Fabiano Iório

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