09/07/2013 08h02
(*) Ribeiro Arce
Determinados figurões da política brasileira ainda não perceberam que o país está mudando e
o povo anda cada vez mais atento as ações e atitudes tomadas por eles. Imagine só, em pleno
período de manifestações públicas, em que uma parcela significativa da população tomava as
ruas das principais cidades do Brasil, protestando contra o deplorável transporte público, as
péssimas condições da saúde e educação, a falta de segurança e a corrupção nos poderes da
República e os exorbitantes gastos com a Copa do Mundo de Futebol, ocupantes de altos cargos
públicos farreavam com familiares e amigos viajando em aviões da Força Aérea Brasileira,
custeados com o dinheiro do suado trabalhador.
Isso mesmo. O senador Renan Calheiros (PMDB/AL), presidente do Senado Federal,
aproveitou o maravilhoso dia 15 de junho e o clima da Copa das Confederações, para fazer uma
viajem, de Maceió (AL) até Porto Seguro (BA) para participar da festança de casamento de uma
filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Após a festa embarcou no mesmo avião e seguiu
para Brasília, Capital federal, como se fosse tudo normal e ético.
O colega de Renan, deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), presidente
da Câmara dos Deputados, também promoveu uma farra com o avião da FAB. Alves que
está a mais de quarenta anos como deputado, reuniu sua noiva Laurita Arruda e outros
cinco ‘chegados’ para assistir a final da Copa das Confederações no estádio do Maracanã no Rio
de Janeiro. O grupo embarcou no avião da FAB em Natal (RN) no dia 28/06, e festou no Rio até
o dia 30/06, data do jogo Brasil e Espanha, depois rumou para Brasília (DF). Depois que a festa
do parlamentar, promovida com dinheiro publico, veio à tona, o deputado tratou de arranjar uma
audiência fajuta com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para justificar a viagem, claro
confiando na ignorância e passividade do povo.
O escândalo dos voos não para por aí. O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves
Filho (PMDB/RN), também utilizou avião da FAB para se deslocar até o Rio de Janeiro, no
domingo, 30/06, para assistir a final da Copa das Confederações. O ‘bondoso’ Garibaldi não
viajou sozinho, ele deu carona para um amigo empresário. Isso que é vida boa viajou a custa
do dinheiro do povo e assistiu a final da copa com ingresso pago pelo Ministério do Esporte.
Segundo reportagem publicada pelo jornal, “Folha de S. Paulo”, uma viagem, como a feita por
Garibaldi não sai por menos de 158 mil reais.
Os viajantes do Congresso e do Planalto, certos da impunidade, reagiram com naturalidade
quando a imprensa estampou suas andanças particulares custeadas com dinheiro do erário
público. Nenhum deles, inicialmente, se propôs a devolver o dinheiro da ‘farra’, porém as
noticias negativas se espalharam rapidamente, indignando ainda mais os brasileiros que
trabalham e pagam impostos. Quando a ficha caiu e os viajantes perceberam que suas andanças
haviam se transformado num gigantesco escândalo, correram para informar que vão repor o
dinheiro para os cofres públicos. Agora, o que chama a atenção são os valores que cada um diz
que deve. Há muita diferença entre os valores que eles se propõem a devolver.
A sociedade organizada brasileira conhece muito bem as fichas de Renan e Alves, recheadas de
denúncias de corrupção. Mesmo com extensa ‘capivara’ de falcatruas os senadores e deputados
o elegeram como presidentes do Senado e da Câmara. São os substitutos naturais da presidência
da república, em caso de vacância do cargo. O Brasil vive um momento único, especial em que
vários problemas cruciais do país estão em franca discussão. O momento atual é muito rico e
propicio para se criar mecanismos legais para extirpar da vida pública os canalhas que usam e
abusam do poder político para se locupletar, que tratam o público como se fossem privado e
ainda tiram ‘sarro’ na cara do povão trabalhador, dos milhões que levantam cedo e passam horas
espremidos nos ônibus e trens urbanos para garantir o sustento familiar e o desenvolvimento do
Brasil.
(*) Professor da rede estadual de ensino de MS. E-mail: [email protected]
Por: Folha de Dourados