Redação –
Foi protocolado na tarde desta segunda-feira (9), na Câmara Municipal de Dourados, um pedido de abertura de comissão processante contra a vereadora Isa Jane Marcondes (Republicanos), sob acusação de quebra de decoro parlamentar. A solicitação partiu do médico Flávio Jardim Gomes, atualmente atuando na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Altos do Indaiá.
No documento de 12 páginas, o denunciante afirma ter sido alvo de ataques públicos por parte da parlamentar, que teriam sido feitos por meio de vídeos publicados em suas redes sociais. A peça protocolada sustenta que Isa teria cometido infrações como exposição indevida, instigação à hostilidade, violência contra servidor público, além de crimes como calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, ameaça e abuso de autoridade.
O caso
De acordo com o médico, o episódio teve início no dia 20 de maio, após ele atender uma criança de dois anos e três meses na UBS. Insatisfeita com o atendimento, a família do paciente procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para uma segunda opinião. No local, a vereadora teria tomado conhecimento do relato e gravado um vídeo com a versão da família, postando-o posteriormente em suas redes sociais. A publicação teria atingido mais de 100 mil visualizações no Instagram.
Ainda segundo a denúncia, a parlamentar acusou o médico de não examinar a criança, gritar com a mãe do paciente e expulsar a família do consultório — alegações que ele nega categoricamente, afirmando que não há qualquer prova ou respaldo técnico nos registros médicos.
O médico relata que, após a divulgação do conteúdo, passou a ser alvo de ataques nas redes sociais, incluindo ameaças de agressão e insinuações de atentado contra sua vida. Ele também afirma que sofreu forte abalo emocional, comprometendo sua saúde mental e desempenho profissional.
Outros dois vídeos teriam sido gravados pela vereadora, nos dias 28 de maio e 5 de junho, sendo um deles em frente à unidade de saúde onde o profissional trabalha. Embora os nomes não tenham sido citados, o médico diz que o conteúdo faz referência direta ao caso.
Desdobramentos
A denúncia foi apresentada dentro do expediente da Câmara e será lida durante a sessão desta segunda-feira. Após a leitura, os vereadores irão deliberar sobre a admissibilidade da denúncia. Caso aprovada, será formada uma comissão processante composta por três parlamentares para conduzir a apuração, garantindo direito de defesa à vereadora. Se for rejeitada, o pedido será arquivado.
O médico também encaminhou cópia da denúncia ao Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) e ao Ministério Público Estadual (MPMS), pedindo a apuração de possíveis crimes e solicitando proteção para ele e sua equipe, diante do que chama de “assédio institucional”.
