Desde 1968 - Ano 56

27.7 C
Dourados

Desde 1968 - Ano 56

InícioCultura'Um calendário ao contrário', por Elairton Gehlen

‘Um calendário ao contrário’, por Elairton Gehlen

- Advertisement -

Elairton Gehlen – escritor 

Já tem quatro dias que o novo prefeito tomou posse e eu estou pensando que poderíamos estar a quatro dias do final do mandato. Não quero, com isso, dizer que o novo mandatário será tão ruim que melhor seria não o ter na prefeitura! Mas, sendo ele advogado, já é motivo bastante para imaginar que os processos poderão ser excessivamente burocráticos e, quanto mais demora o procedimento mais se paga de honorários! E se tem uma classe que é unida e excessivamente corporativa, é a dos advogados, só os médicos conseguem ser um pouco piores! 

Voltando ao calendário do mandato, a política parece com aquele filme em que o filho já nasce idoso e com o passar do tempo vai rejuvenescendo até que no final é uma criancinha. O Curioso Caso de Benjamin Buttun é uma belíssima metáfora dos alcaides daqui de Dourados. Só os daqui, claro! Há menos de uma semana tínhamos a senilidade no comando do executivo. Como uma boa velhinha, nada mais ela via. As ruas esburacadas, as máquinas sem manutenção, funcionários da saúde sem receber os salários, praças e escolas tomadas pelo matagal, secretarias sem verbas, enfim, como nenhum dos filhos cuidava da casa, até mofo parecia ter nas gavetas da cozinha. 

Eu moro em Dourados desde 1.985! A história se repete até para o caso mais otimista em que partido de oposição assumiu o poder para mudar o jeito de governar! Até eu me empolguei! Poucos anos depois as velhas raposas estavam às portas do galinheiro! E por falar em velhas raposas, um dos atuais secretários, atuais mesmo, tomando posse nestes dias, já foi prefeito por aqui! E o sobrinho dele é só o vice-prefeito! 

Uma frase, do comediante iconoclasta George Carlin, vai um pouco além do filme e é a perfeita metáfora dos políticos: Imagine ser possível nascer-se velho e morrer como a felicidade de uma ejaculação. Se pudéssemos inverter o calendário dos mandatos teríamos a perfeição dessa frase. Quando o mandato está prestes a morrer, parece um asilo público onde mandatários envelhecidos só fazem tomar sopa e assistir filmes antigos na televisão, mas antes do início, quando acontece a ejaculação, nas convenções partidárias, é só felicidade e prazer. Que tal terminar o mandato com uma bela ejaculação? 

- Advertisement -

MAIS LIDAS

- Advertisement -
- Advertisement -