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Sobre a minha participação na peça ‘Anjo Negro’, de Nelson Rodrigues e direção de Antonio Quinet

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Por Rebecca Loise De Lucia Freire – Psicanalista, Psicóloga e Mestra pela PUC-SP. Professora de Psicologia. Atriz, bailarina e escritora.

A pandemia mudou o curso da história e do nosso cotidiano escancarando o quanto o ser humano é pequeno diante da incontrolável natureza. A importância de seguir os protocolos de biossegurança fez com quem ficássemos, na melhor das hipóteses, em casa, ou que pelo menos evitássemos ambientes com aglomerações de pessoas.

Dentre inúmeras preocupações e diante da nossa impotência para lidar com os acontecimentos, surgiram alternativas e estratégias on-lines para ocuparmos nossa solitude. Além das Lives do Instagram, oferta de cursos on-line, grupos de WhatsApp para troca de memes e desabafos sobre como cada um estava passando por este período de medo de morrer e tantos lutos, uma amiga psicanalista me marcou numa postagem de Antonio Quinet, também psicanalista, que anunciava algo que me soou muito inédito e que me entusiasmou imensamente a participar: uma oficina de teatro e psicanálise para trabalhar cenicamente as múltiplas relações da mulher com os assuntos do feminino e da feminilidade. Resolvi me inscrever, passei por uma seleção e fui aceita!

No dia 16 de Julho, eu e mais nove lindas e intensas mulheres começamos a oficina com a direção do psicanalista Antonio Quinet, pela Cia. Inconsciente em Cena – Ato e Divãs produções. Nesta oficina, Quinet nos guiou num trabalho divertidíssimo do corpo cênico, com o uso da enunciação gestual, exercícios de interpretação a partir de frases de música, poesia, improvisações e de textos dramatúrgicos de autoria dele e do próprio Sigmund Freud. A oficina proporcionou tantas descobertas que arranjamos um jeito de estendermos num projeto que está em construção (mais informações em breve).

Sobre a minha participação na peça 'Anjo Negro', de Nelson Rodrigues e direção de Antonio Quinet

Através deste contato via oficina, o diretor Antonio Quinet e a assistente de direção Joana Lima Silva me convidaram para participar  da montagem on-line da peça-série-metragem Anjo Negro, texto de Nelson Rodrigues. Começamos os ensaios em setembro, num intenso e inovador trabalho via internet, cada um de nós em suas casas, via Zoom. A peça está dividida em três atos e será on-line. Os ingressos estão sendo vendidos pelo Sympla. A minha personagem aparece no segundo ato da peça e é uma das quatro primas solteironas de Virgínia, a protagonista mítica do enredo. A estreia do ato 1: A maldição será neste sábado, dia 31 de outubro. O segundo ato estreia em 21 de novembro. No dia 18 de Dezembro, estreia o ato 3.

A peça, a partir da leitura do diretor Quinet sobre o texto do polêmico Nelson Rodrigues, traz em cena os conteúdos inconscientes, complexos e conflituosos relacionados ao racismo, ao machismo, a violência e a repressão sexual do que é da ordem do feminino, temas tão fundamentais para pensarmos as relações de poder na qual estamos todes inserides. Convido a todes para participar conosco desta experiência potente que se utiliza da arte para trazer à tona questões veladas e que atravessam a humanidade!

PEÇA – SÉRIE – METRAGEM ‘ANJO NEGRO’

De Nelson Rodrigues

Direção de Antonio Quinet

Episódio – ato 1: A maldição

Estreia on line: 31 de outubro de 2020 às 20h

Ingressos pelo site: sympla

Com participação especial de Sura Berditchevsky

Estruturada como uma tragédia grega ambientada no Rio de Janeiro, Peça-série-metragem Anjo Negro traz à tona o racismo estrutural que não poupa ninguém, colocando em cena o inconsciente com seus paradoxos, paixões e crimes.

Escrita em 1948, inicialmente censurada, “Anjo Negro” foi encenada, pela primeira vez, em 1952 com atores brancos pintados da cor preta para representarem o elenco preto. A peça aborda o que pouco se falava no Brasil, na época, onde o negro era sub representado, sempre como figurante ou com tom de humor. Classificada como mítica na dramaturgia Rodrigueana, que mescla Eros e Tânatos, a montagem é uma versão brasileira do mito trágico de Medeia.

A produção, realizada durante a quarentena – com todos os membros da equipe em suas casas -, tem o formato híbrido que mescla teatro, série, cinema com cenas ao vivo, além de intervenções ao vivo. A peça-série-metragem terá três atos que serão apresentados em momentos distintos durante sua estada em cartaz. A narrativa dessa versão gira em torno de um relacionamento conturbado tendo como ponto de partida o velório de terceiro filho do casal conflituoso, Ismael e Virgínia.

A grande novidade da montagem, idealizada e dirigida por Antonio Quinet, é o sistema híbrido. Algumas cenas foram filmadas anteriormente, trazendo ineditismo e explorando o teatro experimental, com inserções e edições em tempo real. Após cada apresentação, haverá convidados começando por Amir Haddad na estreia, em 31 de outubro. A proposta de Quinet é “dissilenciar” o racismo. Essa é a primeira vez que ele monta um texto que não é seu.

A idealização  e direção é de Antônio Quinet, psicanalista, psiquiatra, doutor em filosofia, dramaturgo e encenador. Quinet é professor universitário (UVA) e diretor da Cia Inconsciente em Cena. Tem vários livros publicados no Brasil e alguns traduzidos no exterior, além de autor de peças de teatrais encenadas em diversas capitais do Brasil e algumas cidades do mundo.

Sinopse:

Uma criança negra morta é velada por rezadeiras e coveiros. É o terceiro “anjinho” que morre de forma misteriosa. Ao longo da peça, o suspense do mistério vai sendo desvelado e outros conflitos por demasiado humanos vão aparecendo em sua radicalidade trágica, como o desvelamento do que estava oculto. E, o inconsciente vem à cena. 

Sobre Antonio Quinet

Formação psicanalítica realizada no ano 1980 em Paris, na École de la Cause Freudienne. Foi professor-assistente do Departamento de Psicanálise da Universidade de Paris VIII (Vincennes). Defendeu aí sua tese de doutorado em Filosofia com a orientação de Alain Badiou. Psicanalista, psiquiatra (Université Paris XIII) e doutor em Filosofia (Université Paris-VIII). Membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano (Escola da Lacan). Ancien Interne des Hôpitaux de la Region Parisienne. Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria. Professor Adjunto do Doutorado e Mestrado de Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Docente de Formações Clínicas do Campo Lacaniano – Rio de Janeiro. Diretor da Cia. Inconsciente em Cena (vinculada à pesquisa Teatro e Psicanálise, desenvolvida na UVA). Dramaturgo e encenador das seguintes peças de teatro já encenadas várias cidades do Brasil e no exterior: A lição de Charcot, X, Y e S – abertura do teatro íntimo de StrindbergArtorquatoOidipous, filho de LaiosVariações Freudianas 1: o sintomaAbram-se os histéricos!O Ato – variações freudianas 2Hilda & Freud – collected words. Editor da revista En-je (França) e Stylete lacaniano (Revista eletrônica da EPFCL-Brasil). Autor dos livros Teoria e clínica da psicose (5ª ed., Forense Universitária), Artorquato (Editora 7Letras). Em sua coleção própria, na Editora Zahar, publicou: As 4+1 condições da análise (16ª ed.), A descoberta do inconsciente (7ª ed.), Um olhar a mais (2ª ed.), A lição de CharcotPsicose e laço social (5ª ed.), A Estranheza da Psicanálise: a Escola de Lacan e seus analistas; na coleção Passo a passo, na mesma editora, publicou Os outros em Lacan e na editora Atos e Divãs publicou O Inconsciente teatral. Além disso, no exterior, publicou: Las condiciones del analisis (Atuel, Argentina) e Un plus-de-regard (Editions du Champ Lacanien, França – esgotado, no prelo como livro de bolso pela Editora Erès). É coautor e organizador das coletâneas: Jacques Lacan: a psicanálise e suas conexões (Imago), Extravios do desejo – depressão e melancoliaPsicanálise e psiquiatria – controvérsias e convergênciasNa mira do Outro – a paranóia e seus fenômenos (Marca d’Água Liv. e Ed.) e Sexuação e Identidades (Atos e Divãs Edições). É autor de artigos publicados em revistas e livros na Argentina, Austrália, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia e Inglaterra. É tradutor de Lacan no Brasil, sendo responsável pelas versões dos Seminários 2 e 7 e de Televisão, além de outros artigos. Profere conferências e seminários em diversos países e em diversas cidades no Brasil.

Sobre a Cia do Inconsciente

Fundada por Antonio Quinet em 2007, a Cia. Inconsciente em Cena cria e apresenta seus espetáculos baseados em pesquisas sobre a relação do teatro com a psicanálise junto ao Mestrado e Doutorado de Psicanálise, Saúde e Sociedade da UVA, apoiado pela Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano, com o objetivo de trazer ao grande público numa linguagem teatral as descobertas da psicanálise.

Em 13 anos de existência, a Cia. Inconsciente em Cena levou para os palcos temas como a tragédia de Édipo, a histeria, o funcionamento do Inconsciente e suas manifestações, o ato falho, o suicídio, a morte, o amor, as relações humanas assim como partes da história da psicanálise e de seu fundador Sigmund Freud em ação com seus pacientes.

A Cia. Inconsciente em Cena realiza regularmente Oficinas de Teatro e Psicanálise. Este ano de 2020 realizou duas Oficinas on line de agosto a outubro com o tema “A outra” em duas turmas cujos resultados serão divulgados em na internet: “A outra é mais forte?” e ” As outras de Dora”. 

As  7 peças montadas pela Cia,  Hilda e Freud, Giostri Editora, 2016; Óidipous, filho de Laios (no prelo), Giostri Editora, 2015; X, Y e S – o teatro íntimo de Strindberg, Giostri Editora, 2014; O ATO – variações freudianas 2, Giostri Editora, 2013; O Sintoma – variações freudianas 1, Giostri Editora, 2013; ArTorquato, Editora 7Letras, 2006 e A lição de Charcot, Editora Jorge Zahar, 2005, encontram-se publicadas em livro. Dentre as montagens, algumas aulas da Cia foram encenadas entre os anos de 2015 a 2018 como, “Outra cena da Bela Açougueira”; “Enlaces e desenlaces da vida sexual”, “Édipo aos pés da Esfinge” e “Óidipous, filho de Laios – a história de Édipo Rei pelo avesso”.

Serviços:

Estreia 31 de outubro – 20h

Datas das apresentações:  do 1º Ato – 31/10, 06, 07, 13,14, 20. Estreia 2º Ato 21/11!. Apresentações 2º Ato –   27 e 28/11, 04,05 e 11/12. Estreia 3º Ato 12/12. Apresentações 3º Ato – 18,19, 26/12.

Classificação: 12 anos

Duração: 60 minutos

Ingressos: R$ 40,00 / R$ 20,00 / R$ 15,00 classe teatral

FICHA TÉCNICA

Autor: Nelson Rodrigues 

Direção: Antonio Quinet 

Elenco: Ismael – Deo Garcez / Virgínia – Joana Lima Silva / Elias – Lucas Gouvêa / Ana Maria – Lucélia Pontes / 

Hortência –  Anna Paula Black / Rezadeiras – Anna Paula Black e Damiana Inês / Coveiros –  Francisco Salgado e Val Perré / Primas: Cíntia Moreira, Jessica Moreira, Kátia Apostólico e Rebecca Loise / Tia – Sura Berditchevsky (Participação especial) 

Direção Musical, Composição, Sound Designer e Operação de Áudio – Luciano Pozino

Figurinista –  Joana Lima Silva

Visagismo: Josef Chasilew

Assistente de direção – Jéssica Moreira

Supervisão de movimento – Lorena Amorelli 

Luz, fotografia e operação dos vídeos – Mônica Machado

Vídeos: Cia. Inconsciente em Cena

Edição dos vídeos –  José Maurício Loures e 

Identidade visual e Mídias sócias – Ivam Cruz

Duetto Comunicação– Alessandra Costa e Michelli Ferreira Toledo 

Secretaria Executiva: Diana Aranha

Produção executiva – Damiana Inês e Liliana Mont Serrat

Produção: Atos e Divãs Editora e Produções LTDA e Bloco Pi Produções

Realização: Cia. Inconsciente em Cena

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