“Em 30 dias de vida, só pude pegar minha filha no colo duas vezes: a primeira foi sete dias após o nascimento, e a segunda, depois que ela faleceu. Isso corta o coração de qualquer mãe”, desabafou a contadora Geisiane Zanatto, de 35 anos, que sepultou a filha ontem após ficar 29 dias internada. A criança morreu durante cirurgia cardíaca de alta complexidade realizada na Santa Casa de Campo Grande, na tarde de terça-feira (8).
Lorena nasceu em 9 de junho com uma cardiopatia congênita grave, atresia tricúspide grau 2, e um teratoma (tumor) na cabeça. A bebê aguardava por cirurgia desde os primeiros dias de vida, e a mãe travou uma mobilização intensa para garantir atendimento adequado, inclusive relatando publicamente a demora para a realização do procedimento.
Apesar do sofrimento, Geisiane guarda com carinho a dedicação da equipe de enfermagem da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal. “O que mais me marcou foi o cuidado e a empatia das enfermeiras da Neonatal 1 em sempre deixar minha filha arrumadinha para as visitas, como uma princesa. No dia 28 de junho, encontrei ela acordada, prestando atenção no que a gente falava. E o carinho foi tanto que algumas enfermeiras até passaram no velório da Lorena”, contou.
Segundo a mãe, o mais angustiante foi o momento em que abriu mão de dar colo à filha por medo de prejudicá-la. “No dia 6 de julho, eu teria a chance de pegá-la no colo, mas preferi não fazer isso para não provocar mais secreção devido ao entubamento. Meu coração se partiu em não poder dar colo ao meu grande amor”, disse. Lorena faleceu após complicações durante a cirurgia. O sepultamento foi ontem no Cemitério Jardim da Paz, na saída para Sidrolândia.
Em nota, a Santa Casa informou que Lorena foi acompanhada desde o nascimento por uma equipe multidisciplinar composta por cardiologistas pediátricos, neonatologistas, cirurgiões pediátricos e neurocirurgiões. O hospital afirmou ainda que todos os protocolos clínicos foram seguidos e que a cirurgia era considerada de alto riscos.