JUCA VINHEDO –
“Eu vou levar essa jabuticaba pra você, Trump, e você vai perceber que o cara que come jabuticaba de manhã, num país que só ele dá jabuticaba, não precisa de briga tarifária, precisa de muita união e muita relação diplomática.”
(Presidente Luís Inácio Lula da Silva, em vídeo, em resposta à medida do presidente norte-americano Donald Trump, que prevê taxa de 50 % sobre produtos brasileiros a partir de 1.º de agosto).
Divergência estratégica
O governador Eduardo Riedel optou por uma abordagem liberal‑diplomática, ao comentar a decisão do presidente Eduardo Trump ao elevar a taxação de alguns produtos brasileiros em 50%. O tucano destacou que “a relação comercial com os Estados Unidos é antiga e nós somos mais importadores do que exportadores”.
Agradando o agro
Nos bastidores, tucanos de MS veem nisso um movimento para atrair o mercado: ao contrário de aliados bolsonaristas que adotaram tom beligerante, Riedel aposta numa postura ponderada que agrada setores produtivos locais. Sua fala traz ressonância aos empresários que sofrem diretamente com esse “tarifaço” potencial.
Sem culpar Lula
Crítico à iniciativa de Trump, Riedel também evitou imputar diretamente culpa ao governo federal, diferentemente de alguns pares que responsabilizam Lula. Ele defendeu “solução no âmbito da diplomacia, da conversa”, reforçando aposta em canal diplomático sem escalada política. Bastidores indicam que esta fala busca reposicionar o PSDB estadual como interlocutor pragmático entre Brasília e os donos do agronegócio, mantendo abertura tanto com o Planalto quanto com o mercado.
De olho nos dividendos
A fala de Eduardo Riedel ocorre num momento em que MS corre o risco de perder competitividade nas exportações (cerca de US$ 700 milhões ao ano). Nos bastidores, a crítica pública ao “tarifaço” foi vista como prova de que o governador está atento aos percalços internacionais e à defesa de MS.
Enfim, uma data
O governo do Estado anunciou a para dezembro a previsão de entrega do Hospital Regional de Dourados. A nova estrutura terá 110 leitos, sendo 20 de UTI. O complexo também abrigará o Centro de Diagnóstico e Especialidades Médicas, com entrega prevista para este semestre, e o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), cuja construção está em andamento. Esse complexo soma investimentos superiores a R$ 90 milhões.
Gestão compartilhada
Enquanto prepara a inauguração do Hospital Regional, o governo estadual já entregou para a O.S. (Organização Social) Agir as chaves do complexo hospitalar. A entidade vai administrar, além da Unidade Matriz (I) a Unidade II (Hospital de Cirurgias Eletivas, situado à Rua Coronel Ponciano, 3233) e a Unidade III (Centro de Especialidades Médicas e de Diagnóstico, no mesmo endereço da Unidade I).
Soraya no ninho
A senadora Soraya Thronicke manteve encontro, essa semana, com Aécio Neves, líder nacional do PSDB, o que gerou especulações de bastidores de uma provável filiação ao partido dos tucanos. Ela nega, afirmando, no entanto, que “acompanhará Eduardo Riedel” e mantém “portas abertas” com o PSDB. Assim, ela busca reforçar sua posição no cenário político de Mato Grosso do Sul, conquistando espaço tanto dentro do Podemos quanto entre os tucanos.
Sem disputa
No encontro com Riedel, a senadora teria deixado claro que não pretende disputar o Governo de MS, mas garantiu que acompanhará a reeleição de Riedel. Segundo fontes próximas, o movimento visa colocar Soraya como liderança feminina do Estado em articulação política, papel hoje claramente dominado pela senadora Tereza Cristina (PP).
Tarifaço da discórdia
O “tarifaço” do presidente Donald Trump ao Brasil virou debate acalorado na Assembleia Legislativa de MS, com confrontos explícitos entre deputados do PL e do PT. O embate começou quando João Henrique Catan (PL) usou a tribuna para dizer que “roubar R$ 90 bilhões de aposentados” é que seria desrespeito à soberania do Brasil, culpando o governo Lula pelo escândalo, o que foi prontamente contestado pelo deputado Pedro Kemp (PT).
Cuidado com a cadeirada
O deputado Pedro Kemp (PT) rebateu, na Assembleia de MS, a narrativa de que culpa do “tarifaço” de Trump seria do atual governo. A afirmação irritou seu colega, Coronel David (PL) que com dedo em riste, afirmou: “Fique quieto aí”. Kemp, por sua vez, rebateu: “Não aponte o dedo pra mim. Senta lá na sua cadeira. Aqui o senhor não é coronel não. É um deputado igual eu”. O petista ainda rasgou uma moção que a Assembleia de MS havia aprovado por ocasião da eleição nos Estados Unidos.
Reinaldo desponta
Pesquisa do Instituto Ranking Pesquisa para o Senado, divulgada nesta segunda-feira (14) mostra que o ex-governador Reinaldo Azambuja lidera com 9,4%, seguido pelo senador Nelsinho Trad (4%), e nomes como Gerson Claro, Vander Loubet e Rose Modesto oscilam entre 2,2% e 2,6%. O levantamento comprova que, apesar da liderança de Reinaldo, o grande número de eleitores que ainda não se envolvem com o assunto (71% dos entrevistados) revela um quadro eleitoral bastante fluido.
Visibilidade feminina
A pesquisa espontânea também mostra nova dinâmica: nomes como a ministra Simone Tebet (2%), a senadora Soraya Thronicke (1,2%) e a vice-prefeita de Dourados Gianni Nogueira (0,6%) aparecem, ainda que com baixa citação. Essa aparição precoce é vista como indicativo de que todos estão em busca de visibilidade. Mas o número elevado de indecisos aponta que, por ora, vale mais estar presente do que pontuar, o que sinaliza alerta para estratégias agressivas de campanha.
Plateia indiferente
Ainda sobre a pesquisa do Instituto Ranking: no cenário estimulado (primeiro voto), Reinaldo Azambuja lidera com 18,5%, seguido por Nelsinho Trad (8,2%), Rose Modesto (4,6%), Gerson Claro (4,2%) e Vander Loubet (4%). Com isso, o tucano consolida uma dianteira clara, mas o fato de 51% ainda estarem indecisos ou em brancos/nulos demonstra que a corrida segue em aberto.
Nelsinho no segundo voto
Em relação ao segundo voto, na pesquisa estimulada, Nelsinho Trad lidera ligeiramente com 8,7%, seguido por Reinaldo Azambuja (7,8%), Gerson Claro (4,8%), Vander Loubet (4,6%) e Rose Modesto. Portanto, o caminho até 2026 está repleto de negociações, alianças e trocas de apoio, especialmente com o modesto percentual de consolidação de voto apresentado até o momento.
Autoridade ou abuso?
O Sindicato dos Médicos de MS ingressou com ação civil coletiva alertando que a vereadora Isa Marcondes (Podemos) tem excedido as funções típicas de fiscalização pública. Nas visitas a UBSs, ela grava sem critério e expõe médicos durante atendimentos, “sem respeitar o sigilo médico-paciente”, alegam, pedindo à Justiça que remova os vídeos e proíba futuras filmagens sem aviso prévio. “Fiscalização na saúde não é espetáculo”, afirma o Sindicato, referindo-se à postura midiática da vereadora capturada em vídeos que circulam nas redes.
Câmara desautoriza
Em junho, um médico chegou a solicitar abertura de Comissão Processante contra Isa Marcondes por “exposição indevida e calúnia”, mas o pedido foi arquivado por 13 votos a 6 na Câmara Municipal. Bastidores revelam que o resultado trouxe estímulo às ações judiciais; aliados da vereadora veem a ação como censura, enquanto adversários avaliam que o desgaste institucional pode abalar sua influência política.
Alerta aceso
O caso está ganhando repercussão nacional ao ser tratado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que classificou a prática de Isa como “autopromoção e sensacionalismo”. Bastidores indicam que o CFM estuda recomendar às seccionais medidas de proteção aos médicos e guias para coibir fiscalizações midiáticas desautorizadas.
BASTIDORES DO PODER
O ministro, o presidente e o filho
No início do governo Bolsonaro, Gustavo Bebianno era mais que ministro: era o braço direito do presidente. Advogado, articulador da campanha de 2018, foi o responsável por dar forma institucional à candidatura que, até então, ninguém levava muito a sério. Mas como na política os castelos se desfazem no sopro de um tuíte, Bebianno foi tragado por um vendaval doméstico.
Em entrevista reveladora pouco antes de sua morte, ele contou que, certa vez, o presidente, irritado com os ataques virtuais feitos pelo próprio filho, Carlos Bolsonaro, sugeriu o impensável: “Processa ele!”
Bebianno não acreditou no que ouvia. Recusou-se. Mas foi o início de seu fim.
A partir dali, Bebianno passou a enxergar o poder real que habitava o Palácio do Planalto: não era o presidente, mas a influência dos filhos, em especial, Carlos, que ele classificava como o cérebro do “gabinete do ódio”.
A lealdade que o levou ao cargo não o protegeu da degola. Prometido para o Ministério da Justiça, terminou fora do governo, isolado, rotulado como traidor por quem o conheceu nos bastidores. Magoado, morreu subitamente em 2020, aos 56 anos, em seu sítio no interior do Rio de Janeiro, acompanhado de seu filho, após passar mal e sofrer uma queda.