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Saudades de um tempo efervescente, por Ilson Boca Venâncio

Culturamente falando – 08/02/2010

 
 
O meu amigo Toninho é filho de família tradicional de Dourados, criado em ambiente bem musical, uma vez que os seus tios Lauro e Luiz Machado e sua tia Verinha tocavam violão, ao estilo Dilhermando Reis e outros da época.
 
 Tocavam e cantavam durante a noite só por lazer nos tempos em que a Rádio Clube de Dourados era o único meio de comunicação musical da cidade.
 
Foi dessa convivência que muito cedo aprendeu os primeiros acordes no violão, aprimorando os seus conhecimentos. Quando ganhou um violão foi logo procurando se relacionar com amigos que também gostavam de tocar instrumentos de cordas. 
 
Ao trabalhar na prefeitura conheceu Moacir Costa e através dele, na lanchonete Meu Cantinho teve o prazer de tocar com os músicos, Juca (percussão), Fred (mestre em violão e teclados) e Jorge Marra (violonista dos bons).
 
Nessa época um pessoal do Grupo Jovem da Igreja Matriz o convidou para compor com ele uma banda para participar dos festivais. Formado por ele, Ricardo, Zezinho e os irmãos Fátima e João Rico, criaram o Grupo Novo Som. Em seu repertório a maioria das músicas era de cunho religioso e  tinha por objetivo como o nome já faz entender, dar uma roupagem nova a essas músicas, utilizando recursos modernos como guitarras com distorção e ritmos mesclado de rock in rool o que as tornavam mais atrativas para os jovens.  
 
Moacir que tocava na banda Flocos havia comprado uma guitarra nova e lhe emprestou para dar uma incrementada no som. Integrado ao meio musical foi conhecendo outros músicos e pessoas envolvidas com a arte citando nomes como o Mikimba, Loide Nascimento, Boca Venancio, Luiz Carlos Pael, Vander Verão, Sultanzinho e sua irmã Simone Rasslan.
 
A convite do Mikimba que passou a tocar no seu grupo participou do Festival de Músicas Inéditas realizada pela UDE (União Douradense de Estudantes). Essa entidade presidida por João Carlos Torraca (o nosso querido Macarrão) driblava a censura e em tempos de ditadura abria espaço para a produção musical. Neste festival ele ganhou o primeiro lugar com a canção Terra Nova de autoria do Mikimba.
 
Com a realização do Projeto Pixinguinha em Dourados que abriu espaço para os grupos locais, o seu grupo foi escolhido para participar. Chamava Acauã, trazendo o Toninho no violão, este com 10 cordas, Mikimba, violão de 6 cordas, Simone (piano) e Sultanzinho (contra-baixo). Foi ai que sentiu literalmente o que era carregar o piano, pois como afirma, eram eles que tinham que levar o piano da residência dela até o Cine Ouro Verde, palco onde acontecia esse evento.
 
 Com esse grupo participaram também do FESSUL, Festival Sulmatogrossense de Música, com eliminatória em Ponta Porã onde se classificaram em terceiro lugar. O grupo vencedor foi a Banda Douradense Olho de Gato com a música Herói de Gibi.
 
Com o Mikimba sendo transferido para Campo Grande o grupo se desfez. Nessa época o grande instrumentista Moacir Costa resolveu trocar a guitarra e o contrabaixo pelo bandolim e o cavaquinho, passou a ser conhecido pelo nome de Moacir do Cavaquinho. Juntos formaram o grupo Trem das Onze, destinado a tocar samba, pagode e chorinho.
 
Nesse grupo além do Toninho (violão), contava com as grandes feras douradenses: Juca (surdo), o mestre em harmonias, Pitu (guitarra), Pedrinho (percussão), Elcio (teclado), Piola (bateria), Jorge Marra (violão) e Robertão (contrabaixo e voz).
 
Em seguida ele foi tocar com o Araticum, grupo formado por Moacir (voz, violão, bandolim), Boca Venancio (voz violão e arranjos sonoros), Loyde Nascimento (voz), Maria Cristina Marques (voz), Luiz Carlos de Mattos Neto (voz violão e flauta doce), Manão (voz) e Juca (percussão e voz).  Com esse grupo voltou a participar na segunda edição do Projeto Pixinguinha abrindo o show de Marlene e Zeca do Cavaco.
 
No Frutos da Terra, evento idealizado por nós artistas e assumido posteriormente pelo órgão oficial de cultura, na década de 80-90, e nas várias edições do Show da Paz, outro evento musical douradense, ele teve uma participação efetiva. Com a nossa querida e saudosa Loyde Nascimento e comigo (Boca Venancio), gravou de minha autoria, a música Banho de Cachoeira .
 
 Toninho me disse que lamenta ver os órgãos envolvidos com o fomento e incentivo a cultura estar numa onda de mansidão. Gostaria de ver o Teatro Municipal em melhores condições de preservação com atividades e eventos. Sonha com um planejamento que venha facilitar o desenvolvimento cultural da comunidade e que dê suporte e visibilidade a produção existente, reconhecendo as nossas raízes e valorizando a nossa cultura.           
 
 A nossa cultura popular
A Cultura possui bens inigualáveis,Arraigados com valores infinitos…Nosso nobre Populário e seus ritosRepresentam expoentes mais louváveis!Suas celebrações inesgotáveis,Seus cordéis, cantorias e os mitos…Suas lendas, seus fabulosos ditos,As canções, de movimentos notáveis,São os pilares criativos, a raizDa memória genuína do país,Cultuada pela nossa tradição.E tudo é sabedoria de um povo;Flama ardente emanada do renovoQue habita nosso espírito em profusão!
    
‘A cultura não deve sofrer nenhuma coerção por parte do poder, político ou econômico, mas ser ajudada por um e por outro em todas as formas de iniciativa pública e privada conforme o verdadeiro humanismo, a tradição e o espírito autêntico de cada povo.’

Fonte: Folha de Dourados

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