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Riedel quer acabar, de vez, com a ‘vingança cuiabana’

Valfrido Silva, do Contraponto MS –

A serenidade é impressionante. Só isso justifica o registro fotográfico de um governador, numa segunda-feira, no meio da tarde, com uma fila de prefeitos e deputados para atender, pacientemente ouvindo o “quais quais quais” de um insubordinado do jornalismo. A honrosa concessão talvez se justificasse por ser o intruso o mais longevo dos profissionais de imprensa do estado em pleno exercício profissional, o que serviu de quebra-gelo para começar a prosa. Foi assim que lembrei a Riedel que, no dia em que os pais dele enchiam balões para sua primeira festinha de aniversário (05 de julho de 1969), ainda no Rio de Janeiro, eu já quebrava a cabeça rascunhando meu primeiro texto assinado, para publicação dali a quatro dias, na folha de dourados.

Para não parecer insolente, mas enxerido — como sempre — fui ao gabinete do governador Eduardo Riedel para tentar arrancar uma resposta que ele ficou me devendo desde a primeira entrevista que me concedeu, ainda na campanha eleitoral. Ele tergiversou mais uma vez, dando a entender que ainda não se sente confortável, pois que a resposta encerra um enigma que ainda vai perpassar – e pode até decidir – as eleições de 2026. Mesmo assim deu elementos que já apontam para a resposta tardia: prometeu abrir as comemorações do cinquentenário do MS (em outubro de 2027) já em meados do ano que vem, incluindo na programação o lançamento do meu segundo livro, Como se vira jornalista.

Justo. Muito justo. Aliás, justíssimo — como dizia o Coronel Belarmino, magistralmente interpretado por José Wilker na primeira versão da novela Renascer, da Rede Globo. Afinal, ele estava diante do jornalista que escreveu Sonhos e Pesadelos, para registrar a passagem dos 30 anos do estado. E a resposta que aguardo de Riedel tem tudo a ver com minha profecia de que o tiro dos divisionistas poderia sair pela culatra, por conta da tal vingança cuiabana.

Até tentei entrar nesse assunto, a propósito da lengalenga da CCR no trecho da BR-163 que passa pelo MS, observando que, exatamente a partir do limite entre os dois estados, rumo ao norte, a duplicação — total — da estrada deve chegar ainda este ano a Sinop, quase quinhentos quilômetros além de Cuiabá. Mas ele me cortou no talo: “Mas lá não é a CCR!”. Tinha outro exemplo de “vingança cuiabana” — o recente aumento da bancada federal do MT na Câmara dos Deputados, de 8 para 10, enquanto o MS continua com seus 8. Mas o subchefe da Casa Civil, Waltinho Carneiro, e o assessor de imprensa, Ludyney Moura, que acompanhavam a prosa, já começavam a se remexer nas poltronas ao lado, olhando para o relógio.

Não falamos de política nem de governo. Apenas assuntos triviais, como o encontro dele com o petista Tiago Botelho no domingo passado, numa fila de cinema — reminiscências de ambas as partes. O governador me deixou muito à vontade. Tanto que me prometeu uma entrevista ao vivo, no formato de podcast, em sua próxima viagem a Dourados. Usando minha prerrogativa de não dar spoiler, deixei o governador com a pulga atrás da orelha ao falar das inúmeras vezes em que estive, lá atrás, no gabinete por ele hoje ocupado. Sempre sem marcar audiência, às vezes até entrando pela escadinha privativa do governador e de secretários — como no dia em que um de seus antecessores deixou um embaixador da Arábia Saudita conversando com o garçom para me atender numa saleta ao lado.

Como a censura à imprensa foi um dos assuntos predominantes, Riedel me pediu apenas, se desculpando, para que “aquela” perguntinha fique para a hora certa. “No teu livro você vai ter essa resposta”, disse o governador que veio para quebrar paradigmas — já apontando, com elegância, a porta da saída.

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