Redação da Folha de Dourados –
O deputado estadual Renato Câmara, do MDB, que também é presidente do Diretório Municipal do partido em Dourados, recebeu a Folha de Dourados para falar de sua trajetória política (que começou em Ivinhema). Ele relatou as conquistas de suas gestões, nos dois mandatos como prefeito daquela cidade, entre elas o fato de Ivinhema ultrapassar 800 cidades no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e, no período, triplicar o PIB (Produto Interno Bruto) local.
Renato discorreu sobre as razões de estabelecer domicílio eleitoral em Dourados, e a ascensão de um ferrenho adversário, que é o atual prefeito de Ivinhema.
Também falou ainda sobre a atuação de seu partido em Dourados, avaliou a gestão do prefeito Alan Guedes e em quais condições o MDB vai para a disputa eleitoral deste ano em Dourados.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha de Dourados – Deputado, o senhor foi prefeito em Ivinhema por dois mandatos, entre os anos 2004 e 2008. Quais os pontos que considera como destaques nessas gestões?
Renato Câmara – O primeiro deles foi ter feito uma transformação dos serviços públicos. Nós treinamos os funcionários, oferecemos cursos, organizamos os setores. A parte da licitação foi completamente atualizada e passou a funcionar com velocidade, rapidez e transparência. Transformamos a arrecadação da cidade, aplicando programas eletrônicos. Criamos programas de incentivos para as empresas, dando condições para os pequenos empresários de terem um local no centro da cidade, pago pela Prefeitura, com contabilidade, água e energia. Criamos um polo empresarial, desapropriando uma área que era o final da linha ali em Ivinhema, próximo à rodoviária, onde dividimos mais de 60 lotes, e doamos para empresários que já estavam atuando na cidade. E com a desafetação do lote, o empresário usava esse lote como garantia no banco para construir.
“Fizemos uma transformação em Ivinhema. Colocamos ordem na casa, triplicamos o PIB local. Quando assumimos pela primeira vez, pagamos três folhas salariais que estavam atrasadas.”
E no âmbito administrativo, o que foi feito?
Colocamos ordem na casa. Pegamos três folhas atrasadas, dividimos e pagamos, acertamos as pendências com os fornecedores e fizemos acordos judiciais. Então, bati muito nessa tecla, fazendo o trabalho de organizar e planejar a cidade para ter emprego e aumentar a renda. Mas também procuramos ajudar o pequeno produtor rural.
De que forma se deu esse apoio à área rural?
Criamos o Plano de Desenvolvimento Rural para apoiar o produtor na logística, fazendo carreador, fazendo açudes. Também criamos um Plano de Diversificação Rural, por meio de doações de mudas. Hoje são mais de 100 famílias que sobrevivem do urucum… Doamos uma área para a Urucum do Brasil, que está sendo instalada em Ivinhema. Criamos um plano de fruticultura, e Ivinhema foi um dos grandes produtores de abacaxi do Estado. Incentivamos a produção de pepino para vender para uma empresa que faz picles e essa empresa é fornecedora do McDonald’s. Estimulamos a produção de goiaba, com vários treinamentos, com várias ações. E para amarrar tudo isso, criamos o Colégio Agropecuário.
Qual a finalidade desse Colégio?
Era um colégio de ensino normal, que no passado tinha sido do governo federal. Essa escola rural foi desativada anos depois, virando um colégio normal. E nós criamos o colégio agrícola ali, com toda a infraestrutura… construímos ali, em parceria com a Adecoagro, um laboratório, sala de manipulação, quadra coberta, e outras estruturas. Na verdade, criamos um colégio agrícola para preparar o filho desses produtores. E tivemos ali várias pesquisas, junto com a Embrapa e outros órgãos, e partir dessas parcerias, incentivamos as culturas do mamão, café assombreado, mandioca e abacaxi, além de vários outros projetos de pesquisa que foram implantados. Hoje esse colégio agrícola é um modelo para os agricultores de toda a região.
Em relação à oferta de serviços públicos, o que o senhor poderia dizer sobre o desempenho do seu mandato na área da saúde?
A saúde foi outro ponto importante que nós estruturamos. E o grande destaque foi para a reforma do hospital municipal, cuja ação teve do senador Moca, do deputado Geraldo Resende e do governo do Estado. É um hospital de Primeiro Mundo hoje. Construímos quatro postos de saúde, treinamos os atendimentos para que, de fato, funcionassem. Então, a saúde pública deu um salto de qualidade.
Quais os reflexos de todo esse trabalho na qualidade de vida da população?
Juntando tudo isso, Ivinhema passou mais de 800 municípios brasileiros no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Essa é a prova do resultado positivo de todo esse trabalho. Com isso, nos igualamos com Nova Andradina e passamos Naviraí, que são cidades-referência do nosso Estado. Além disso, com todas essas ações em favor das empresas, todos esses programas de incentivo, nós conseguimos mais que triplicar o PIB da cidade. Ou seja, o Produto Interno Bruto de todas as riquezas do nosso município, triplicou. Essa é uma constatação efetiva do nosso trabalho. Não é um trabalho só de marketing, isso aconteceu lá atrás. Em nossa gestão, Ivinhema, caminhou.
O estágio atual de desenvolvimento de Ivinhema é satisfatório, na sua avaliação?
Ivinhema é hoje uma cidade pujante, valorizada, que cresce, que tem capacidade de endividamento, tanto que recentemente Prefeitura pegou R$ 60 milhões de empréstimo. Olha só, no passado, nós tivemos que parcelar o pagamento da folha de funcionários, que estava atrasada. O fundo de previdência municipal tinha R$ 200 mil em caixa, hoje tem mais de R$ 50 milhões. Nós organizamos isso. Voltamos a dar essa segurança ao trabalhador que se aposenta. E hoje, Ivinhema conseguiu, por esse conjunto de situações, ir para o trilho do desenvolvimento. Ela se desenvolveu, ela continuou crescendo na infraestrutura com apoio governamental e hoje tem crédito novamente. E uma coisa precisamos registrar: nós recuperamos o crédito da Prefeitura.
“Quando assumi, ninguém queria vender para a Prefeitura. Certa vez tive que pagar com cheque particular, com garantia, porque os fornecedores tinham medo de vender para o Município. Devolvemos a autoestima do ivinhemense”
Mas nem sempre foi assim?
Quando assumi, ninguém queria vender para a Prefeitura. Certa vez tive que pagar com cheque particular, com garantia, porque os fornecedores tinham medo de vender para o Município. Os servidores tinham medo de não receber os salários. O aposentado tinha medo de não receber sua aposentadoria. Houve uma situação política na qual prefeitos foram caçados, havia uma insegurança muito grande na política. Os jovens indo embora da cidade…
E em que situação o senhor entregou o Município ao seu sucessor?
Entregamos uma administração que conseguiu cumprir sua missão, atendendo o cidadão e a cidadã quanto aos serviços públicos. Devolvemos a autoestima da população, que é uma conquista intangível, que não dá pra se medir, mas as pessoas passaram a falar: “eu me orgulho de morar em Ivinhema”.
O grupo político que comanda a Prefeitura atualmente é seu adversário. Por que o seu grupo político perdeu a eleição e hoje tem outro grupo que administra o município?
Quando eu ganhei a eleição em Ivinhema, eu comecei a formar um grupo. Busquei o prefeito Tuta, que depois foi prefeito também, mas na época trabalhava numa loja de confecções do pai dele; busquei o Rogério, meu irmão, que é um advogado. Busquei a Ana Cláudia, que tinha se formado em fisioterapia. Chamei a Rose Marcon, a Roseni, o Osmir, o Walter Petrelli e a professora Cleonice. E fomos criando e trazendo mais pessoas. Começamos a construir um grupo alinhado para aplicar tudo aquilo que nós colocamos em prática. Esse grupo conseguiu dar um novo direcionamento para a cidade, tanto que na minha reeleição fui candidato único, tal era a aprovação da nossa administração.
“Os técnicos da atual administração em Ivinhema são, em grande parte, os mesmos que trabalharam na minha gestão. Mas o prefeito continua criticando nosso trabalho. Está batendo nas mesmas pessoas que hoje trabalham com ele”.
O que não deu certo, depois disso?
Para a minha sucessão, tivemos vários candidatos, entre eles o Tuta, que estava muito bem na Prefeitura, tinha um bom relacionamento, já tinha participado de campanhas pregressas, e ele começou a se destacar entre os demais postulantes. Quando ele foi candidato a prefeito, tinha o apoio de todos os funcionários públicos e ganhou as eleições, pelo PMDB. Dois anos depois teve a candidatura do Reinaldo Azambuja ao governo do Estado, contra o Nelsinho e Delcídio. Ao ganhar, Reinaldo fez um convite ao prefeito Tuta para ele ir para o PSDB. E isso aconteceu. Eu me elegi deputado estadual, e continuei dando o apoio de base ao governo do Estado. Na época, o atual prefeito, que criticava o então prefeito Tuta, que gravou o prefeito, que falou muitas coisas, fazendo uma oposição midiática, xingando vários secretários, enfim, fazendo uma oposição raivosa e desequilibrada, falando que ia “dar de cinta” em secretário na rua, enfim, essa construção continuou. Passado algum, o que aconteceu? O atual prefeito foi para o PSDB. Assim, teve um “aceite” desse grupo do PSDB, que foi criado lá atrás, com o ingresso do Tuta e de diversos secretários que vieram depois. Quando o atual prefeito entrou no PSDB, automaticamente todo esse grupo se alinhou a ele. Assim, tudo o que ele falou, todas as barbaridades, as mentiras, ofensas, denúncias simplesmente se esqueceu. Quando o atual mandatário ingressou no PSDB, assumiu, então, a liderança do grupo, que hoje é composto, por exemplo, da secretária Nidia, que fez um grande trabalho comigo no Departamento de Habitação. Ela adquiriu experiência e foi secretária de Finanças do Tuta, e “apanhava” constantemente do atual prefeito que acusava a gestão de corrupção e fazia um monte de denúncias. E agora, hoje, essa secretária continua e é a secretária de Finanças do atual prefeito. Então, são atitudes como essas que mostram que o prefeito atual não tem nenhuma coerência. E mais: ainda hoje ele critica a administração anterior… ora, os principais técnicos da administração anterior são os mesmos que ele hoje tem na Prefeitura. Estão todos ali. Então, quando ele bate, ele desrespeita também o secretário, a secretária dele, os servidores que estão trabalhando com ele na tesouraria, na licitação… Então, quando ele fala das outras administrações, ele está falando mal da sua própria. É uma incoerência.
“Fico mais satisfeito quando consigo ver um resultado concreto. Então, pessoalmente, o [Poder] Executivo me dá mais satisfação.”
Deputado, quando se deu a sua mudança de domicílio eleitoral pra Dourados e por que você tomou essa decisão?
Essa é uma pergunta interessante, que muita gente me faz. Quando eu estou em Dourados, a pessoa fala: o Renato é lá de Ivinhema. Quando eu estou em Ivinhema, o adversário fala: não, o Renato agora está morando em Dourados. Mas a verdade é a seguinte: Minha esposa é douradense de nascença e ela tem seus amigos, tem sua família aqui. Quando eu me casei, em 2004, fui candidato a prefeito e ela tinha acabado de se formar em Medicina. Ela foi para Ivinhema e me ajudou muito na Prefeitura. Na época, foi secretária, me ajudando na Assistência Social e na Secretaria de Saúde. Se não fosse a participação dela na administração, eu acho que eu não teria conseguido tantos avanços, porque ela é muito dedicada e me ajudou demais. Quando eu terminei minha gestão em 2012, ela estava grávida do nosso segundo filho. Ela falou: “Renato, você cumpriu sua missão como prefeito. Eu gostaria de ir para Dourados, retomar a minha vida lá, onde eu tenho minha mãe, meu pai e eles me ajudam a cuidar das crianças. Ainda mais agora que você vai se candidatar a deputado, vai andar em vários municípios, eu vou ficar muito sozinha. Eu queria estar próxima dos meus pais”. Diante dessa situação tomamos uma decisão e falei: eu vou te apoiar. Então, a gente não pode nunca pensar só no nosso bem-estar, só no nosso querer. Para manter uma família, todo mundo sabe que quem é casado, tem que ceder aqui, avançar ali, é uma construção. Então, nós viemos para Dourado. Eu retomei e abri meu escritório de Planejamento em Ivinhema, onde era a casa do saudoso Luís Saraiva, e continuei fazendo minhas ações políticas, buscando o meu ganha-pão. E também fazendo visitas políticas nos municípios do Vale do Ivinhema. E aí eu fui candidato a deputado estadual, venci as eleições e continuei atuando em Ivinhema, mas também em Dourados, onde eu tenho um escritório. Assim, terça, quarta e quinta, eu fico em Campo Grande, na Assembleia Legislativa, que é onde a gente faz os debates e as discussões. E o restante do tempo a gente fica nesse “ir e vir”, nessa atuação que não é só em Dourados, mas em uma boa parte do nosso Estado.
“Nosso partido [o MDB] não tem um espaço na Prefeitura de Dourados para colocar em prática seus projetos. não houve uma “liga”, para que a gente pudesse ter essa discussão partidária”.
Em qual perfil você se considera mais confortável: no Executivo, de quando você era prefeito, podia tomar decisões, ou agora no Legislativo, onde você é mais um fiscal do executivo, onde você mais solicita ações, mas você não tem o poder da caneta…
Na verdade, são duas atuações completamente diferentes. O Legislativo é mais no campo das ideias, do debate, da cobrança, da fiscalização, de uma atuação onde a gente dá voz à sociedade, fazendo audiências públicas, seminários e encaminhando tudo isso. No Executivo, você precisa liderar transformações e colocar a sua liderança para que as coisas de fato aconteçam na prática. E eu me encaixo, na verdade, fico mais satisfeito quando eu consigo ver um resultado concreto. Enquanto não terminar aquela ação, eu não me dou por vencido. Então, pessoalmente, o Executivo me dá mais satisfação. E o legislativo, na verdade, é uma luta sem fim, porque a gente depende dos executivos, não só do governo do Estado, mas muitas ações também dependem dos municípios. Tem as emendas parlamentares, você encaminha para alguns municípios e não consegue que isso se transforme em realidade na prática, porque muitos prefeitos às vezes não conseguem nem adquirir aquele bem ou aplicar corretamente a sua emenda parlamentar.
“Nossa chapa [de candidatos a vereadores em Dourados] para as eleições deste ano está muito mais forte que na vez anterior”
O senhor é presidente do diretório municipal do MDB em Dourados. Qual a avaliação que faz da atuação do seu partido no Município?
Primeiro que o nosso partido não tem um espaço na Prefeitura para colocar em prática seus projetos. Os vereadores têm feito o seu trabalho na Câmara, independentemente do partido. E nós, então, não temos conseguido colocar em prática várias ideias, várias sugestões, muitos projetos que gostaríamos de ver aproveitados na gestão local. A atual administração, e não sei se é uma culpa do administrador, da Prefeitura, ou de repente, até nossa, mas não houve uma aproximação, uma liga, um espaço para que a gente pudesse ter essa discussão partidária. Existem alguns integrantes do partido que ocupam cargos na Prefeitura, mas isoladamente, porque isso não foi uma construção partidária. Então, hoje, o MDB não participa da atual administração, não opina na atual administração, partidariamente falando.
E qual que vai ser o posicionamento do MDB douradense nas próximas eleições?
Bom, esse é um ponto importante. Todo partido precisa ter espaço político. Como que ele adquire esse espaço? Tendo seu diretório, e o nosso diretório é constituído. Depois nós temos uma chapa de vereadores, conseguimos agora na janela eleitoral a filiação de pessoas que eu vejo que têm condições de contribuir na Câmara Municipal. E a nossa chapa está muito mais forte que a chapa anterior. Além dos vereadores Olavo Sul e Laudir Munaretto, que permaneceram no partido, temos nomes que vão poder fazer uma discussão importante nessas próximas eleições.
“Ninguém ganha uma Prefeitura sozinho. Por isso, além de construir um projeto, queremos discuti-lo com futuros candidatos a prefeito.”
E quanto à candidatura para prefeito, qual o encaminhamento que está sendo dado?
Vamos iniciar nos próximos dias uma discussão mais ampla com pré-candidatos, com vereadores, com militantes do partido, quando vamos buscar construir um plano de governo que possa indicar caminhos que levem Dourados a outro patamar de desenvolvimento. Também vamos discutir com a comunidade, com o cidadão, cidadãs, segmentando também a questão da saúde, da segurança, da educação, para termos um panorama, um diagnóstico dos problemas da cidade a fim de que possamos oferecer a Dourados a nossa contribuição enquanto partido, ou seja, apresentar um projeto que possa levar Dourados a outro patamar de qualidade de vida e também de desenvolvimento.
Mas a tendência é mais para coligação ou candidatura própria?
Quando fui candidato a prefeito de Dourados, fizemos um projeto, que foi o “Participa Dourados”, com centenas de reuniões e participação popular. Construímos esse projeto e depois saí candidato a prefeito, apresentei esse projeto para a população. E hoje, o que nós temos visto? Nós temos visto que a atual administração, não tem conseguido dar respostas aos problemas da população. Todos os dias recebo várias reclamações, vários pedidos de situações que não são resolvidas pela Prefeitura. Por isso, queremos construir um projeto que dê essas respostas e discutir com as demais forças políticas que são contrárias ao atual encaminhamento que tem sido feito em Dourados. Porque ninguém ganha uma Prefeitura sozinho. Nós, além de construir um projeto, queremos discuti-lo com futuros candidatos a prefeito. Portanto, entramos numa fase de construção das propostas, para depois conversarmos com os demais pré-candidatos. Esse é um encaminhamento que temos discutido muito no Diretório Municipal para podermos fazer parte de um planejamento maior, que possa dar respostas à nossa população a tantas questões que não conseguem ser solucionadas pela gestão atual.
“Os técnicos da atual administração em Ivinhema são, em grande parte, os mesmos que trabalharam na minha gestão. Mas o prefeito continua criticando nosso trabalho. Está batendo nas mesmas pessoas que hoje trabalham com ele”.
Como cidadão douradense, como deputado, que viaja bastante, qual é a imagem da atual administração de Dourados perante as demais lideranças políticas do Estado?
Primeiro, que não existe um relacionamento próximo de atuação conjunta entre os deputados estaduais e a atual administração. Os deputados colocaram emendas, mas dizer que existe uma parceria entre o município e os deputados de Dourados com a gestão atual, não seria verdade. Então, a gestão atual é uma administração própria, que tem os seus secretários, tem o seu corpo técnico de escolha exclusiva do prefeito, que tem feito a gestão autônoma com esse grupo. Os deputados simplesmente colocam emendas, umas são pagas, outras não, e tem a intenção de buscar parceria do Estado com o município. O governador tem atendido a bancada de deputados na Assembleia Legislativa com muitos recursos para recapeamento, para asfalto, para o hospital, para obras de infraestrutura. O governador tem sido um grande parceiro e atende aos pedidos dos deputados, mas independentemente da Prefeitura. Então, o que eu vejo é que o prefeito tem uma gestão completamente própria, e os deputados têm feito o seu trabalho buscando recursos do Estado para cumprir sua missão e poder melhorar a cidade.
“Quando assumi, ninguém queria vender para a Prefeitura. Certa vez tive que pagar com cheque particular, com garantia, porque os fornecedores tinham medo de vender para o Município. Devolvemos a autoestima do ivinhemense”
Quais são os problemas principais que você vê em Dourados que já poderiam ter sido resolvidos pela atual administração, porque já teria havido tempo para isso, mas o Município e não fez até agora?
Primeiro, é uma questão de planejamento. Uma questão que todo mundo que acaba de chegar em Dourados vê na cidade é a sujeira, a grande quantidade de buracos nas ruas, naquelas que não foram revitalizadas pelo governo do Estado. É uma cidade que deixou a desejar na zeladoria. É a falta de cuidados com o canteiro, com a malha asfáltica, com a poda da árvore, com a pintura do meio-fio, das faixas, etc. Tudo isso, num momento como esse, pré-eleitoral, deveria estar completamente resolvido. E depende do quê? Depende de planejamento, porque o município tem mais de 1 bilhão e 300 milhões Reais de orçamento. Ele tem essa condição, ele tem uma cobrança forte de IPTU, tem a cobrança do ISS. Dourados é uma cidade que cresce, que é forte economicamente. Outra questão é a ausência de uma atuação mais efetiva na saúde. É um gargalo que carece de decisões de planejamento, porque a saúde é dividida em vários quesitos. O primeiro, é a saúde básica, que é a saúde dos postos de saúde. É o médico da família, é a equipe do posto de saúde, dos enfermeiros, são os agentes de saúde. Toda essa malha de saúde básica tem que estar muito bem engrenada, muito bem equipada muito bem valorizada. Por quê? É ali que se resolve 90% dos problemas. Quando uma pessoa que está com febre vai ao posto de saúde e não encontra um médico, para onde ela se dirige? Ela acaba indo para o hospital, e aí causa um colapso. O trabalhador ou trabalhadora chega em casa e o filho está com febre… Para onde o filho vai? Ele acaba indo pra UPA. Então, acaba tendo uma fila, um atendimento precário na UPA, que foi planejada pra um “x” de atendimento e tem “dois x” de demanda. Então, a saúde básica é muito importante, porque ela cuida de mais de 90% dos problemas que a população tem. E quando isso não funciona, acaba indo para os hospitais, e aí é outro problema grave. A questão de exames é outro problema. O médico do posto de saúde pede um exame. Não pode ficar seis meses para poder marcar um exame, um ultrassom, uma ressonância. E infelizmente isso acontece em Dourados. Outro problema muito grave é a educação, principalmente aquela que é de responsabilidade do município, que são as creches, a educação fundamental pré-escolar, que tem uma fila muito grande. Se a mãe não consegue colocar seu filho em uma creche, ela acaba inviabilizando o seu trabalho, prejudicando a família, porque ela não tem onde deixar uma criança. Se ela não tiver uma rede de apoio, que é sogra, mãe, irmãs, irmãos, vizinhos, amigos, que podem cuidar dessa criança, ela acaba não tendo condições de trabalhar. E poderíamos elencar vários e vários problemas mais graves, mas quero me ater a esses três, que vejo que deveriam ter recebido um cuidado mais adequado da gestão atual, e isso não aconteceu.
“Todo mundo que chega em Dourados, vê a sujeira, a grande quantidade de buracos nas ruas, naquelas que não foram revitalizadas pelo governo do Estado. Tudo isso já deveria estar resolvido. A arrecadação anual é de mais R$ 1,3 bilhão”.