Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –
Tem-se observado com preocupação a crescente militarização das forças de segurança. Embora o discurso oficial seja de que isso trará mais ordem e proteção à população, a realidade é bem diferente. A manutenção de um aparato policial cada vez maior traz mais prejuízos do que benefícios à sociedade.
Os prejuízos de um aparato policial inflado são diversos. Exemplos:
- Violência excessiva: o aumento do poderio bélico da polícia leva a um uso desproporcional da força, resultando em mais mortes e violações de direitos humanos, especialmente entre as populações mais vulneráveis;
- Criminalização da pobreza: o foco excessivo no combate ao crime acaba por criminalizar a pobreza, levando à perseguição e encarceramento em massa de pessoas em situação de vulnerabilidade social;
- Erosão da confiança pública: a militarização da polícia afasta a instituição da população, minando a confiança e a legitimidade do Estado perante a sociedade;
- Desvio de recursos: os altos investimentos em equipamentos e treinamento militar drenam recursos que poderiam ser melhor aplicados em políticas sociais, educação, saúde e programas de prevenção à violência.
Os benefícios da redução do aparato policial são vários. Exemplos:
- Fortalecimento da segurança comunitária: ao reduzir o foco no confronto e na repressão, é possível investir em modelos de policiamento mais próximos da comunidade, baseados no diálogo, na resolução pacífica de conflitos e na prevenção;
- Maior investimento em políticas sociais: os recursos economizados com a desmilitarização da polícia podem ser direcionados para programas de desenvolvimento social, educação, saúde e geração de emprego, atacando as raízes da violência;
- Restauração da confiança pública: a polícia menos militarizada, mais próxima da população e focada na resolução pacífica de conflitos, tende a recuperar a confiança e a legitimidade perante a sociedade;
- Respeito aos Direitos Humanos: a redução do aparato policial militar diminui os riscos de violações de direitos humanos e abusos de autoridade, fortalecendo o Estado Democrático de Direito.
Portanto, chegou a hora de repensar o modelo de segurança pública vigente e caminhar em direção a uma abordagem mais humana, comunitária e preventiva. Ao reduzir o aparato policial militarizado, podemos investir em políticas sociais e em uma polícia mais próxima da população, construindo a sociedade mais justa, segura e democrática.
(*) Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.