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‘Quem são os nossos heróis”, por Elairton Gehlen

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Elairton Gehlen – escritor 

No dia de hoje, há 156 anos, morria em combate um dos ‘nossos’ heróis: Antônio João Ribeiro. Há estátuas do militar espalhadas por muitos lugares, até mesmo no Rio de Janeiro, então capital do Brasil.  

Comandante da Colônia Militar de Dourados, que nunca foi em Dourados, mas na localidade onde hoje está o Município de Antônio João, nosso herói foi morto em combate contra as forças militares paraguaias, no dia 29 de dezembro de 1864, no contexto conflituoso que levou à Guerra da Tríplice Aliança (1865/1870), onde Brasil, Argentina e Uruguai, patrocinados pelo Império Inglês, derrotaram os Hermanos numa luta inglória e atroz. O saldo? Quase 75 por cento da população paraguaia foi dizimada! Um verdadeiro genocídio! 

Enquanto a cantilena do heroísmo vai se espalhando pelos textos escolares, os governos de elite inauguram estátuas e a mídia venal publica inumeráveis reportagens mostrando sempre a opinião de quem venceu. O povo ficou por muito tempo achando que paraguaio é preguiçoso! E, essa cultura de que os derrotados são maus não é exclusividade desse povo chacinado que ainda hoje paga preço alto pela guerra de século e meio atrás. 

Negros, pobres e trabalhadores em geral não podem ser heróis de verdade! A história de Dourados está fortemente ligada a produção de erva mate, pela Companhia Mate Laranjeira que explorava mão de obra principalmente paraguaia e indígena e de alguns migrantes brasileiros que por aqui desembarcavam em busca de uma vida que pudessem virtualmente chamar de digna.   

Num esforço histórico de reconhecimento desse herói, foi inaugurado e posto na avenida central de Dourados uma estátua do Ervateiro em labuta com seus até duzentos quilos de erva amarrados às costas. Foi muito atrevimento, poucos anos depois a homenagem foi considerada inapropriada e o Ervateiro literalmente expulso da vista dos transeuntes, tempos depois encontrei o ex-herói num parque, trancado atrás de um portão, com um imenso cadeado! Parecia muito perigoso! 

E o centro da cidade? Ah, sim, tomado por avenidas com os nomes de proprietários imensas áreas de terras, expropriadas dos indígenas, para criação de gado, e políticos incompetentes. Os heróis, de quem? 

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