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Polícia investiga ‘desabafo’ deixado por acusada de envenenar família; confira

O delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, afirmou que o “desabafo” deixado por escrito por Deise Moura dos Anjos – presa como suspeita de ter envenenado membros de sua família em Torres (RS) e foi encontrada morta na prisão de Guaíba na manhã desta quinta-feira – será uma peça da investigação. A polícia está apurando não apenas se Deise cometeu suicídio dentro da cadeia, como quer elucidar quatro homicídios e duas tentativas de homicídio dos quais ela era a principal suspeita.

‑ Ela deixou um escrito, que nós estamos apurando ainda detalhes, no local. Tipo um desabafo, se dizendo inocente, dizendo que era uma pessoa que estava em sofrimento, em depressão ‑ afirmou Sodré à RBS TV.

De acordo com o Chefe da Polícia Civil, a previsão de data para a remessa do inquérito é 20 de fevereiro, dia em que se esgota o prazo da prisão temporária.

Ao g1, o delegado Marcos Vinicíus Veloso, responsável pelo caso, afirmou que os inquéritos policiais sobre os dois casos já estavam em fase de término e, com a morte da suspeita, devem ser remetidos como estão ao Poder Judiciário.

– Estávamos em fase de término, elaborando o relatório final deste inquérito. É um inquérito robusto, com mais de mil páginas de provas contundentes da participação da mulher que foi encontrada morta hoje no cometimento de quatro homicídios e quatro tentativas de homicídio – explicou.

Deise, de 39 anos, estava presa desde dezembro, acusada de envenenado um bolo com arsênio e provocado a morte de três parentes na véspera de Natal. Investigadores também suspeitavam que ela teria sido responsável pela morte do sogro, em setembro do ano passado.

Em entrevista coletiva no mês passado, a delegada regional Sabrina Deffente, uma das responsáveis pelo inquérito, afirmou que Deise “pesquisou, comprou, recebeu e usou veneno para matar pessoas” em mais de uma ocasião. Em buscas feitas online, descobertas pela Polícia Civil após a apreensão do celular da suspeita, foram encontrados resultados sobre um composto conhecido como água-tofana.

O veneno, famoso não ter sabor nem cheiro, era utilizado por mulheres para “matar os maridos” no século XVII, afirmou Deffente. Ao pesquisar sobre os componentes da solução, Deise teria chegado ao arsênio, adicionado por ela na farinha do bolo preparado por sua sogra, Zeli dos Anjos, 60 anos, e oferecido a familiares.

Entenda o que aconteceu

Na tarde do dia 23 de dezembro, seis pessoas da mesma família passaram mal após consumirem uma sobremesa. Após darem entrada no hospital, três pessoas morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, irmãs de Zeli, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.

Zeli também foi internada em estado grave, mas recebeu alta hospitalar no mês passado. O marido de Maida e uma criança de 10 anos também chegaram a ser hospitalizados, mas foram liberados.

O que foi encontrado pela perícia?

Segundo informações da perícia, foram encontradas “concentrações altíssimas” de arsênio na sobremesa, superiores a 350 vezes ao mínimo para o envenenamento. Também foi constatada a presença da substância tóxica em quantidades equivalentes a 2.700 vezes do total contabilizado na sobremesa.

Com o andamento do caso, os investigadores descobriram a ocorrência de uma quarta morte. O sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, morreu em setembro do ano passado e, na época, a causa do falecimento foi atribuída a uma intoxicação alimentar. No entanto, após a repercussão do caso do bolo contaminado, foi confirmada a hipótese de que ele também teria sido morto por envenenamento provocado por arsênio.

‘Postura fria’ e tentativa de ocultar provas

Ainda segundo os investigadores, Deise tentou ocultar as provas após a morte de Paulo. Informações de dados celulares, revelados pela Polícia Civil, mostram que ela tentou cremar o corpo do sogro e criar a narrativa de que ele teria consumido bananas contaminadas por uma enchente no município de Canoas (RS), onde a família tem uma casa.

Ela também teria dito que o marido estaria “muito deprimido” com a morte do pai e ele que estaria se culpando por, supostamente, ter levado as frutas para Paulo. Com isso, Deise pediu para que não fossem feitas novas análises laboratoriais no corpo para a descoberta da causa do óbito. Nos apelos, chegava a mencionar Deus.

“Acho que precisamos rezar mais, aceitar mais, e não procurar culpados onde não tem, não nos momentos em que Deus nos reserva. Isso, sim, não tem volta, nem polícia, nem perícia que possa nos ajudar a desvendar”, disse ela em mensagem para a sogra.

O então delegado titular da Polícia Civil de Torres, Marcos Vinicius Veloso, afirmou que Deise se referiu à sogra como “naja” em depoimentos prestados às autoridades policiais. Ele também descreveu assim o comportamento de Deise:

— Uma postura fria, com uma reposta sempre na ponta da língua, tranquila — afirmou.

Autoridades também confirmaram que Deise teria tentado visitar a sogra hospitalizada, poucos dias após o incidente, e levado um suco para ser consumido por Zeli. Diante da suspeita de que poderia se tratar de uma nova tentativa de envenenamento, os acompanhantes da idosa descartaram o líquido.

— Percebendo que poderia haver essa possibilidade, recolheram, então, essas garrafas e levaram até a delegacia — relatou o delegado, ao afirmar que os objetos também passarão por uma análise pericial.

Deise também era investigada por ter “batizado” um suco de manga consumido pelo filho e o marido. Segundo informações da Polícia Civil, foram encontradas amostras de veneno na urina de ambos. Em depoimento à polícia, enquanto testemunha, o marido também relatou ter sofrido “vômitos violentos” após tomar a bebida preparada pela suspeita.

(Com informações Extra)

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