Na disputa sul-mato-grossense o confronto desenhado será entre o bolsonarista Eduardo Riedel e o lulista Fábio Trad
Por Edson Moraes –
Ainda não há como prever o resultado dos confrontos eleitorais de 2026. Mas já é possível antever que ao menos na disputa presidencial se repetirá a polarização verificada em 2022 – isto porque, segundo apurou o DataFolha, os rivais daquele ano continuam sendo os partidos de maior preferência no eleitorado brasileiro: o PT, liderado pelo presidente Lula, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A diferença é que naquele período Bolsonaro estava na presidência e queria a reeleição. Desta vez é Lula quem disputará mais um mandato, o quarto, e não terá pela frente o ex-rival, que está cumprindo a sentença de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Mas, mesmo na cadeia ele ainda mantém seus fiéis contaminados pela devoção mística e midiática que é registrada pelas pesquisas.
Dessa forma, a lógica autoriza antecipar que novamente o Brasil terá uma disputa polarizada na sucessão presidencial. Seu mosaico está praticamente definido: Lula, de um lado, com o PT aglutinando partidos e forças de esquerda, centro-esquerda e setores da direita que se opõem ao bolsonarismo; de outro lado, presume-se, uma candidatura “batizada” ou aprovada por Bolsonaro, sustentada pelo PL e por agrupamentos de conservadores, extremistas de direita e demais antilulistas.
Em princípio, o nome da vez na cartilha escrita por Bolsonaro é o do próprio filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL), que vem encontrando resistências, principalmente da direita paulista, defensora da candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, recolheu o flap, desprestigiada pelos enteados. Os governadores Ratinho Jr (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, se auto-lançaram, mas não prosperam.
DISPUTA DOMÉSTICA – Nos estados, o cenário é semelhante, com algumas singularidades regionais. Em Mato Grosso do Sul, com um eleitorado majoritariamente conservador, o bolsonarismo tem a dianteira, que no entanto já foi mais folgada. Ainda não há pesquisas suficientes para calcular qual o tamanho da influência dos blocos polarizados nacionalmente na definição de voto dos sul0mato-grossenses. Contudo, a sucessão estadual pode servir, mais adiante, de espelho.
Dois pré-candidatos estão confirmados e as pesquisas indicam que eles deverão concentrar os votos para eleger o próximo gestor estadual. São eles: o governado Eduardo Riedel (PP), que aspira à reeleição, e o ex-deputado federal Fábio Trad (PT). Em levantamentos de institutos diferentes, as simulações convergem na sinalização de ambos como os donos de mais de 70% das intenções de voto, com ampla vantagem do bolsonarista Riedel.
Todavia, há cenários em que a diferença favorável ao governador é menor, como na hipótese de a disputa ter três ou até quatro concorrentes. Assim, com mais uma candidatura de força média para “puxar” votos – casos do ex-deputado estadual Capitão Contar (PL) e da ex-deputada e ex-vice-governadora Rose Modesto (União Brasil -, somada ao cacife de Fábio Trad, o jogo sucessório pode ir para a prorrogação. E o segundo turno, conforme a sabedoria política, é sempre uma outra eleição.
Nos bastidores do conservadorismo, contudo, por enquanto se descarta outro nome além de Riedel. O presidente estadual do PL, o ex-governador Reinaldo Azambuja, está tentando arrebanhar um a um dos que resistem à chapa única, entre os quais Contar e o deputado estadual João Henrique Catan (PL). É possível que Contar entre na “briga” pelo Senado, apesar de seu nome ser mantido por uma minoria bolsonarista como opção para o governo, devido à boa performance nas pesquisas.
O RANKING – O PT mantém a liderança na preferência partidária dos brasileiros, segundo a pesquisa Datafolha, divulgada no início deste mês. Citado espontaneamente por 24% dos entrevistados, o partido de Lula tem o dobro do PL (12%) de Bolsonaro. Os brasileiros sem partido representam 46%, embora o grupo fosse a maioria da população (51%) na última pesquisa, divulgada em julho. Nenhuma outra legenda passou dos 2%, como são os casos do MDB, PP, PDT, PSD, Republicanos, Psol e União Brasil.
O auge do PT ocorreu em setembro de 2022, quando alcançou 31%. A menor taxa foi em maio do mesmo ano: 22%. Neste ano, o índice chegou a marcar 27% em abril, seguido por 23% nas pesquisas de junho e julho. O PL teve agora seu maior percentual. Quando Bolsonaro se filiou, em 2021, a legenda era lembrada por 1% dos brasileiros. A maior taxa foi atingida durante as eleições presidenciais de 2022, com 11%, e chegou a cair para 6% no ano seguinte.
O DataFolha entrevistou 2.002 pessoas com 16 anos ou mais em 113 municípios entre os dias 2 e 4 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
(foto 1) O presidente Lula: com o PT e as forças do campo democrático Foto Ricardo Stuckert
(foto 2) O senador Flávio Bolsonaro: ainda encontra resistências ao seu nome Instagram


