A presença da Igreja Católica na região de Dourados antecede à fundação oficial do município, sendo um marco de fé que acompanhou e impulsionou o crescimento da cidade. Desde os primórdios, a religião católica esteve presente, sob a forma de pequenas manifestações e celebrações, reunindo as famílias dos pioneiros que chegavam, atraídos pela perspectiva de uma nova vida, em um local onde pretendiam fixar raízes e continuar cultivando suas tradições, fé e costumes.
Embora a criação oficial de Dourados tenha se dado em 1935, a semente da fé católica foi plantada no pequeno vilarejo (no então estado de Mato Grosso), na década de 1920, quando migrantes católicos, movidos por sua devoção, construíram, em 1925, a primeira capela, que foi dedicada à Nossa Senhora da Conceição – santa que, posteriormente, se tornaria a padroeira da cidade de Dourados.
A primeira igreja foi inaugurada oficialmente em 6 de junho de 1926, durante a passagem do missionário salesiano Pe. João Giardelli. Em 3 de outubro de 1935, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição foi oficialmente instituída, antecedendo à emancipação política de Dourados, que somente ocorreria em 20 de dezembro daquele ano.
Catedral: crescimento e construção
Nos primeiros anos, a profissão da fé católica em Dourados foi assistida por franciscanos que se deslocavam de Campo Grande ou de Rio Brilhante. Com a chegada definitiva do Frei Higino Latteck, em 18 de outubro de 1940, a capela local passou por ampliações, recebendo sacristia e novo piso, concluídos em 25 de maio de 1941.
O fervor religioso crescia, o que tornava a capela insuficiente para acolher a comunidade douradense. Assim, em 12 de março de 1944, foi lançada a pedra fundamental de um novo templo, inaugurado em 31 de dezembro do mesmo ano. Em 1953, a igreja passou por reformas, que incluíram a instalação de um mosaico em cerâmica.
Com a criação da Diocese de Dourados, em 15 de junho de 1957, surgiu a necessidade de um templo que simbolizasse essa nova fase. Em 8 de dezembro de 1958, Dom José de Aquino Pereira, primeiro bispo diocesano, abençoou a pedra fundamental da nova matriz.
No novo templo, a primeira missa foi celebrada em 3 de outubro de 1960, e a inauguração oficial ocorreu em 8 de dezembro do mesmo ano. Três sinos vindos da Alemanha, batizados como Cristo Rei, Virgem Imaculada e São Francisco foram trazidos por Frei Teo dardo Leitz, em 1962, simbolizando a conexão da comunidade local com a tradição católica global.
Crescimento e reformas Em 1988, Dom Teodardo Leitz optou por reformar e ampliar a igreja em vez de construir uma nova catedral em outro local. Em 11 de fevereiro de 1990, a Catedral de Dourados foi oficialmente inaugurada. No Ano Santo de 2000, sob a orientação de Dom Alberto Först, o templo passou por revitalização, inclusive, o de um mosaico considerado um dos mais expressivos do Brasil.
Em 2014, nova e profunda reforma estrutural foi conduzida por uma das empresas mais renomadas em arquitetura sacra no país. A necessidade de preservação e modernização levou a essa transformação, consolidando a catedral como um verdadeiro monumento da fé.
Papel social e cultural da Igreja
A Igreja Católica desempenhou papel fundamental no desenvolvimento social e cultural de Dourados. Desde os primórdios, a Praça Antônio João, que fica exatamente em frente ao templo católico, foi um dos principais palcos de manifestações religiosas, como procissões e quermesses.
O conjunto arquitetônico – formado pela Igreja Nossa Senhora da Conceição, pela Casa Paroquial, pelo Educandário Santo Antônio e pela Praça Antonio João – se tornou um símbolo da identidade religiosa e cultural da cidade, palco de grandes acontecidos sociais, culturais e religiosos que envolvem milhares de pessoas, em todas as épocas da história de Dourados.
Quando os franciscanos assumiram a paróquia, as condições de moradia para os sacerdotes católicos eram precárias. O primeiro vigário franciscano precisou habitar a sacristia da igreja até que fosse construída a primeira casa paroquial. Em 1953, iniciou-se a construção de uma nova residência paroquial sob a liderança do Frei Teodardo Leitz, o que resultou em um dos prédios mais imponentes da época.
Em relação à questão educacional, a Igreja também exerceu um papel decisivo na formação de seus fiéis douradense. Diante da influência crescente de instituições educacionais protestantes, os franciscanos buscaram estabelecer escolas católicas.
Na década de 1940, as primeiras freiras franciscanas chegaram para atuar no ensino, dando início à Escola Paroquial Imaculada Conceição. Em 1954, foi inaugurado o Patronato de Menores, voltado para a formação católica de crianças e jovens, posteriormente renomeado Educandário Santo Antônio.
A Diocese na atualidade
Atualmente, a Diocese de Dourados abrange 17 municípios do sul de Mato Grosso do Sul, organizados em 37 paróquias distribuídas em seis foranias: Amambai, Dourados Leste, Dourados Oeste, Fátima do Sul, Ponta Porã e Rio Brilhante. A Catedral Nossa Senhora da Conceição segue como um marco central da fé católica na região.
O padre Rubens José dos Santos, pároco da Catedral Imaculada Conceição e Vigário-Geral da Diocese de Dourados, destaca o papel da Igreja Católica na cidade, tanto no aspecto religioso quanto no social e cultural. Ele menciona que, além das celebrações e sacramentos, a Igreja se envolve ativamente em iniciativas que bene ficiam a comunidade.
Entre as ações culturais promovidas, padre Rubens cita a tradicional solenidade de Corpus Christi, que reúne todas as paróquias de Dourados para uma celebração campal e confecção dos tapetes, que expressam a criatividade e a devoção dos fiéis. Da mesma forma, a celebração da Imaculada Conceição, padroeira da cidade, envolve toda a comunidade em uma novena e em uma grande missa campal seguida de procissão.
Segundo o pároco, no âmbito social, a Igreja mantém diversos projetos, como o da Casa da Irmã Dulce, que acolhe familiares de pacientes carentes em tratamento médico na cidade. Além disso,

ele cita a Pastoral Social da Catedral, que presta assistência a cerca de 70 famílias carentes por meio da distribuição de alimentos, medicamentos e até de passagens para deslocamento. A paróquia também mantém parceria, há mais de 15 anos, com a Paróquia Santa Faustina, no Assentamento Itamaraty, apoiando financeiramente suas atividades.
A atuação da Igreja também se estende a debates sobre temas relevantes para a cidade. Representantes da Diocese participam de audiências públicas e de reuniões em espaços, como o da Câmara Municipal e o da Associação Comercial, contribuindo para discussões sobre infraestrutura, conflitos agrários e outras questões sociais. “A Igreja sempre está presente quando é convidada para ser uma ponte e auxiliar na busca por soluções”, argumenta o pároco.
O padre Rubens também se recorda da influência de figuras importantes da Igreja em Dourados, como Dom Teodardo, que atuou fortemente na questão indígena; Dom Alberto, que viabilizou a criação do Centro de Integração do Adolescente (CEIA); e Dom Redovino, o qual, juntamente com Frei Bernardo, começou a construção da Paróquia São José. Ele enfatiza que a Igreja, por meio de seus bispos, padres e fiéis, sempre esteve comprometida com a promoção humana, com a cultura e o desenvolvimento social de Dourados.