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Nossa Feira Livre, personagens e suas trajetórias de vida: Paulina Oshiro

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Ilson Boca Venâncio –

Paulina nasceu em Dourados, mas me conta a trajetória dos seus pais quando aqui chegaram. Ela relata que seu pai Takami Morikwa, adquiriu uma chácara próximo à Escola Municipal Pedro Palhano no Travessão do Jaguapiru.

A chácara era um antigo cafezal e a destoca para a retirada dos velhos pés de café foi feita com enxadas, enxadão e machado, pois não havia outros equipamentos.

A tomba e preparo da terra para o plantio, seguia o mesmo método manual.

Com isso demorou algum tempo para que pudessem vender as primeiras produções.

No começo a venda era feita de forma ambulante. O pai dela enchia uma cesta, e saia a vender, vindo em direção ao centro onde funcionava a nossa feira livre.

Se por acaso não conseguisse vender tudo no caminho, chegava na feira para  vender o restante.

Paulina me conta que naquela época por falta de uma melhor estrutura, muitos feirantes começavam suas vendas de maneira ambulante, indo de casa em casa.

Havia também alguns pontos onde se formava aglomeração de pessoas para fazer suas compras de alimentos, geralmente próximo aos armazéns de secos e molhados  ao longo da rua principal.

Os locais de maior movimento eram os preferidos, ou como disse vendia como ambulante nas residências, e no comércio. Até chegar a uma estrutura de possuir  banca na feira.

Nascida e criada nessa chácara adquirida por seus pais  ali próximo  a Escola Pedro Palhano, sua família ainda hoje se dedica ao cultivo da hortas.

A sua banca na feira era uma das mais sortidas de todas. Ela organizou a montagem deixando uma passagem que dava mais espaço e proximidade para o freguês escolher os produtos.

Esse formato de exposição diferenciado acolhia um número maior de fregueses, facilitando a venda, precisando de no mínimo quatro atendentes para dar conta do atendimento.   

Paulina conta que desde pequena conviveu com a produção de hortaliças, mas que em determinado tempo, sua família se especializou no plantio do tomate.

E foi em 1988 com seu casamento com Nobuo Oshiro, um feirante, é que passou a trabalhar com ele na feira livre fazendo a venda também.

Com o marido, ao invés de tomate e outras hortaliças que seu pai produzia, começou a produzir  folhas, uma hortaliça diferente das produzidas por seu pai mas que logo se adaptou  a nova cultura.

Ela me disse que a vida de casada a principio foi difícil, tinha que conciliar casa, produção e vendas principalmente quando nasceu seu primeiro filho Eder e daí um esforço maior para conciliar as suas atividades. Mas foi bem sucedida e feliz nessa trajetória.

Agilizava trazendo o filho no bebê conforto, deixando em cima da banca onde pudesse atender os fregueses, sem perder esse contato mãe-filho e clientes. 

E assim foi também com o segundo filho Wagner.

Lembra com alegria desses momentos vividos e muitos fregueses se lembram disso.  

Com o falecimento do seu marido consequência de um acidente de trabalho, quando de madrugada indo preparar as coisas para levar a feira, teve um incidente com uma ferramenta pesada caindo sobre o seu pé.

Como era dia de feira, pensando que suportaria a dor daquela machucadura, continuou com o trabalho, o que resultou em um tétano que o levou a morte.

Com a falta do marido e dois filhos pequenos, as coisas para ela ficaram mais difíceis.

“Mais quando se tem fé na vida e amor no coração a gente vai em frente, aí a solução veio com a família, se unindo com sua irmãs Eliza e Nilza e sobre a sua liderança tocaram o trabalho em frente

O filho Eder, homem feito também integra a equipe da feira.

A sua vida até hoje foi dedicada a produzir alimentos de forma natural e revela imensa sabedoria quando afirma que: “A gente sabe que vai precisar sempre da terra, por isso cuida dela com carinho, pois é dela que tiramos o nosso sustento, vendendo na banca.”

Destaca que a maioria de verduras e legumes comercializados aqui na nossa feira livre, é produzida de forma natural sem o uso de veneno, ou qualquer defensivo químico que possa vir a causar danos a saúde.

Esses produtos têm um valor muito maior no mercado. Aqui, além do preço menor, é tudo fresquinho e a gente ganha mais vendendo direto ao consumidor e ainda ganha a amizade, e a boa conversa com os fregueses. Isso não tem preço!

Bem, da minha parte fico agradecido a Paulina pela liberdade que me ofereceu nessa boa conversa que me proporcionou mais uma história da nossa feira livre.

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