Ilson Boca Venâncio –
Meu personagem de hoje, em sua trajetória, é a demonstração de que quando se tem objetivo, persistência e apoio familiar se consegue grandes vitórias. Assim foi a vida do feirante Nelson do Café!
Ele me conta que seus pais Antonio e Nair, vieram para Dourados, e se instalaram na região de Ivinhema na década de 70, onde adquiriram terras para o plantio de café.
A produção era boa, mais o comércio era difícil para o pequeno produtor e daí a alternativa era inovar para conseguir chegar direto ao consumidor.
Contando com ajuda da mãe dona Nair Pinto, que lhe ensinou a torrar o café em seu torrador de “bolinha”, como é conhecido o antigo torrador manual, conseguiu padronizar o seu produto.
Ele me diz que o trato com o café tem seus segredos – depois de secá-lo bem, sem deixar pegar umidade, é preciso descascar e torrar bem, esfriar e depois moer.
Dos seus clientes, aqueles que tinham moedor em casa, comprava o café só torrado.
Preparava uma carretinha com um par de rodas que adaptou em sua bicicleta e saia a vender na cidade e região.
Em certo momento descobriu em Dourados, a Feira Livre, onde passou a vender. Para facilitar as vendas e aumentar o seu conhecimento da cidade, veio morar aqui.
Vendendo na rua e na feira livre, primeiro de bicicleta, depois com uma carroça, seis meses depois comprou uma Kombi, que apesar de velha fazia as vendas crescerem.
Foi vendo o seu trabalho sendo compensado e aos poucos suas finanças foram se estabelecendo.
Morando em uma chácara, produzia a cana para fazer a garapa que começou a vender também ali na feira livre. Assim em sua lida vendia café e garapa e atendia a clientela com o apoio da sua família.
Conta que com a transferência de bens de herança, adquiriu mais um espaço onde instalou o Pesqueiro Café Fazenda.
A venda do café na feira garantia também que seu irmão permanecesse no sitio produzindo o café!
Garantia assim a continuidade a essa cultura familiar, do trato com o café tradicional do Brasil.
Nelson me diz que a princípio esse tipo de venda do café não era assistido pela legislação, mais com o tempo ela foi se fazendo presente exigindo que nessa profissão a atividade se tornasse um ofício cercado de tecnologia e muita arte.
Nelson hoje divide com a família os cuidados de dois negócios, o do café e o Pesqueiro. E é no pesqueiro que conserva um espaço em exposição, um museuzinho com as relíquias em fermentas usadas por seu pai no inicio da lida com o café.
Eu que gosto de comprar na feira livre um café torrado e moído na hora, e comer aquelas costelinha de peixe bem preparado pelas mãos habilidosas de seus familiares, tenho acompanhado a trajetória do Nelson e desejo que continue a evoluir em suas atividades para que possamos compartilhar desses seus produtos da natureza.