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Nossa Feira Livre, personagens e suas trajetórias de vida: Milton e as ervas medicinais

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Por Ilson Boca Venâncio

Meu personagem de hoje é de origem bem regional, sua profissão em todo o país é muito comum aos ambulantes, que é popularmente conhecida como “raizeiro” – nome dado as pessoas que vendem ervas medicinais.

São ervas de onde são retiradas as folhas, sementes ou raízes, que são utilizadas na medicina natural para a cura de diversas doenças.

No caso do senhor Milton há um diferencial: ele não é um só um vendedor de ervas medicinais, também é um “Mateiro”, isto é, tem o conhecimento das plantas no mato. Não só as conhece – sabe para qual tipo de doença é indicada, como também sabe colher e fazer a poda para retirar folhas, galhos sementes e raízes e sabe ainda o tempo apropriado para fazer tais procedimentos.

Por esse vasto conhecimento é que o senhor Milton se sente bem vendendo ervas medicinais e trabalhando na feira livre desde 1976.

Sua especialidade com as ervas medicinais o levou a participar de um projeto da UFGD como “Mateiro”, denominação daqueles que conhece as ervas, seus poderes de cura, como cultivá-las, forma e época da poda, e dedica muito carinho na atividade que desenvolve.

Milton Valdes Camargo conta que seu pai, Ângelo Valdes é natural de Rio Brilhante e que a família veio para Dourados em 1956 se instalando em um lote requerido no Bocajá, quando ele tinha apenas nove anos de idade.

Viveu ali a infância e adolescência e sempre ouvia falar que aquelas terras pertenciam aos índios, passasse o tempo que fosse sempre seria dos índios. Foi por isso que em 1960, resolveram deixá-la.

Casado desde 04 de dezembro de 1965 com a senhora Aurionalda Bandeira Camargo e como fruto desse casamento nasceram suas duas filhas, Jane e Janete, e do casamento delas vieram dois netos, Vinicius e Viviane, filhos da primeira, e da segunda, a neta Natalia.

Com o dinheiro da venda do lote adquiriu uma máquina de beneficiar arroz, localizada no travessão do Bocajá. Tempos depois querendo trocar de ramo mudou-se para Caarapó onde comprou uma serraria, trabalhando durante um tempo nesta profissão, e anos mais tarde retornou a Dourados.

Em mil novecentos e setenta e seis começou a trabalhar na Feira Livre comercializando cereais e no ano seguinte ingressou no quadro de servidor na Prefeitura Municipal de Dourados, era o ano de 1977. Como funcionário público, trabalhava durante a semana na prefeitura e nos finais de semana na feira livre. 

Assim fez até a sua aposentadoria no ano 2000, isso sem se desligar do trabalho como feirante, pois este trabalho acontecia aos finais de semana.

E foi aproveitando o seu conhecimento como “mateiro” conhecedor dos segredos medicinais das ervas das nossas matas, campos e cerrado, cultura adquirida através do tempo que vem de gerações, que o fez no ano de 1994 mudar para o ramo das ervas medicinais.

Vale a pena ressaltar que em tempos anteriores, a medicina natural era o que predominava entre nós. A cura através da natureza e a reza das benzedeiras era uma realidade até pelo difícil acesso que se tinha, à medicina cientifica. 

Esse conhecimento da cura com recursos naturais, rezas e benzeção já era há muito tempo utilizado pelos povos originários e passou a ser usado pelos homens brancos que aqui chegaram lá pelo século XV para curar doenças e feridas.

Hoje a fitoterapia, essa forma de cura através das plantas, é muito estudada cientificamente procurando conhecer os princípios ativos de cada planta.

A partir do seu envolvimento com o ramo das ervas, senhor Milton passou a se dedicar cada vez mais ao assunto, participando de estudos, simpósios e conferências.

Durante um tempo, a convite da Universidade Federal da Grande Dourados ele participou como “mateiro” em projeto naquela instituição de ensino, repassando para alunos e pesquisadores os seus conhecimentos práticos.

E para mim que gosto da natureza e tudo que ela nos oferece fico muito grato ao amigo Milton Valdes, por esta tão rica conversa que me permitiu escrever mais uma história da Nossa Feira Livre.

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