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Nossa Feira Livre, personagens e suas trajetórias de vida: Catarina Kamura

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Ilson Boca Venâncio –

Ela é uma pessoa muito querida, basta meia conversa para perceber o quanto.

A primeira coisa que me chama atenção são os ramos de flores provavelmente colhidos no brejo, principalmente os lírios.

Atraída pelos arranjos florais, minha mulher logo se tornou freguesa, nunca resiste àquelas flores, a forma com que arranja os buquês tem uma aparência silvestre.

As frutas e verduras, bananas de várias variedades, maracujá, laranja, feijão de corda, soja, o palmito de pupunha entre outros que nos induz a imaginar um quintal muito produtivo.

Além das frutas e flores, Catarina também nos oferece um pouco da tradição da culinária japonesa com os seus doces a exemplo do Yaki Manju.

Perguntei a ela como teria chegado a feira e ela me disse que o seu pai Sr. Massagiro Kamura veio para Dourados plantar café, uma cultura que já cultivava do lugar de onde viera.

O café requer um investimento e certo tempo para começar a dar retorno e se acontece algo errado, o prejuízo pode ser grande.

No caso do seu pai, a geada matou o cafezal. Tentando outra lavoura também não deu certo.

Com as perdas, lhe restou apenas uma área de três hectares de terra. Tirando a reserva de mata, a parte da moradia e animais, restava um hectare para o plantio. 

Com pouco recurso e terra pequenina a saída prática e rápida foi a horta para vender na Feira Livre.

Catarina me diz que até gostaria de ter estudado para adquirir outra profissão, mais que naquele tempo para quem morava em sítio era difícil.

Havia pouca escola e não tinha o transporte escolar como agora e assim tiveram que ficar trabalhando na horta.  

A princípio produziam alface e tomate e seu pai vinha entregar aos feirantes. Depois resolveram diversificar a plantação e vender na banca todos os produtos.

Assim toda a família veio trabalhar na feira. Eu conheci a sua irmã, Aparecida, de quem eu comprava as delícias da culinária japonesa.

Uma das minhas preferidas e o Yaki Manju – pãozinho com recheio de doce de feijão.

Notando a ausência da dona Aparecida na feira já há algum tempo, Catarina me disse que a pouco sua irmã se mudou para Campo Grande em companhia da filha.

Além da Aparecida tem mais três irmãos, Nelson, Maria e Helena.

Seu pai Massagiro Kamura faleceu em março de 2015.

Os demais membros da família permanecem unidos na Feira Livre.

“A mudança da feira saindo da rua Cuiabá, não foi uma proposta de nós feirantes, e nem mesmo estamos sendo consultado para a elaboração novo modelo”, diz ela.

Lembra e fala pensativa e espera que essa Feira Livre proporcione bons momentos a feirantes e a comunidade.

Apesar de a feira ser municipal e ter a gestão da Prefeitura, a mudança proposta não foi só de local, envolveu também mudanças no modelo organizativo.

Eu da minha parte só tenho o que agradecer a dona Catarina pelo seu rico depoimento que me proporcionou essa história de vida.

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