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Nossa Feira Livre, personagens e suas trajetórias de vida: Antonio Carlos Chicarelli

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Ilson Boca Venâncio –

Naquele sábado cheguei na feira pouco mais de meio dia e meia, disposto a conversar com Chicarelli, quando cheguei ele ainda terminava de montar a banca dando as últimas formatada nas colunas dos abacaxis. Ele tem uma banca bem sortidas de frutas, laranjas, poncãs, tangerinas, mamão, bananas, melancia, mais logo dá para notar que o seu forte é o abacaxi que nunca falta na banca em grande quantidade e ótima qualidade.

E assim que começamos a conversar, começou também a chegar a freguesia, e como eu já havia experimentado outras situações semelhantes, toquei a conversa. Assim entre as vendas de abacaxi, mamão e bananas, ele me conta que quando sua família chegou do Paraná para Dourados ele tinha apenas cinco anos de idade.

Era o ano de 1975, e foram morar em um sítio em Vila Vicentina. Sua família é de descendência italiana. Conta que seu pai Valdemar Chicarelli gostava de plantar de tudo para fazer fartura, como é de costume na cultura napolitana. Assim começaram a plantar de tudo o que era do agrado do paladar.

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Arroz, feijão, frutas e legumes e o que excedia da despesa se vendia. A lavoura de algodão era o produto principal para a venda.   Ele sempre gostou do comércio e quando chegava a safra de alguma fruta, saia a marretar aqui e acolá, vendendo a produção.

Como as terras daquela região são de areia, com o plantio constante do algodão logo enfraqueceu. Foi aí que seu pai resolveu que eles aumentassem a plantação de abacaxi por ser uma planta que se adapta mais com o tipo de terra.

Na época da colheita ele saia vendendo na região, em cidades próximas, até o dia em que seu irmão Sergio, descobriu a feira de Dourados.

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Conta que Sergio chegou bastante empolgado com o tamanho e o movimento que havia na Feira Livre de Dourados e eles não pensaram duas vezes, vieram da lá com uma carga de caminhão. Trouxeram 3500 abacaxis, e venderam todos. Semana seguinte aumentaram a carga, vendendo tudo novamente e com o tempo chegou a vender dois caminhões em final de semana.

Hoje com a forte concorrência vende um caminhão em toda a cidade.  A feira para ele é a salvação de quem tem chácara. Pois pode vender o que produz diretamente ao consumidor. Com isso vende-se por um preço melhor do que no atacado ou para o que o atravessador pagaria no atacado mantendo um preço menor para o consumidor,

Vendendo o seu abacaxi, também a melancia o mamão o abacate, feijão de corda quiabo, poncã, tangerina, mexerica e tudo colhido no dia para chegar fresquinho para melhor atender a freguesia. Esses produtos segundo ele, os mercados não compram dos pequenos produtores. Trazem de fora e, por isso, a venda melhor é a venda no varejo direto ao consumidor que acaba adquirindo o produto mais barato e fresquinho.

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Afirma que essas frutas o grande mercado não compra do pequeno produtor e se vender para o atravessador, o valor recebido às vezes só paga o custo, não deixando margem de lucro para viver da produção.  Por isso a única saída para o pequeno é vender direto para o consumidor.

A família trabalha unida e tudo que produz é para a renda familiar melhorando o ganho do sitiante. Conta que houve tempo de muito movimento na feira, não havia tanta concorrência dos supermercados. Eles vendiam até três caminhões de abacaxis em uma feira, hoje é um para toda a cidade.

Para ele é preciso incentivar a produção local, pois a vinda de outro estado encarece o produto devido o transporte e o imposto de dezoito por cento cobrado pelo nosso estado para o produto chegar até o mercado para ser revendido ao consumidos, diferente de outros estados onde esses produtos são isentos de cobrança desse imposto.

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Comentando com ele sobre o projeto de criação de um CEASA, ele argumentou que essa proposta é outra ilusão, porque aqui não tem produção para vender, o que se produz não é suficiente para o consumo. Para trazer de fora, o produto já chega aqui dezoito por cento mais caro, se eles tirarem o imposto como nos outros estados aí daria certo. O mais correto é apoiar os pequenos produtores daqui a produzirem e poder vender direto ao consumidor, e depois começar a abastecer a região ao invés de trazer de fora.

Já me tornei também cliente desse meu amigo pela doçura de seus frutos e a gentileza no atendimento. Obrigado Antonio pela boa conversa.

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