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No Natal da pandemia, comércio digital cresce 54% e chega a R$ 21,7 bi

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Avanço ganhou impulso com estreia de mais de 150 mil lojas virtuais; confederação nacional do setor projeta alta geral de 3,4% das vendas no fim de ano

Inteligência artificial capaz de processar milhões de dados ao mesmo tempo entre centros de distribuição e estoques. Bicicletas com sistema de geolocalização. Exércitos de entregadores. No ano em que o comércio eletrônico ganhou mais de 11 milhões de novos consumidores por causa da pandemia, redes de varejo, gigantes da internet e indústrias fizeram de tudo para tentar ganhar a corrida de entregas de última hora neste Natal.

As festas de fim de ano devem funcionar como uma prova de fogo para conquistar de vez a nova clientela. Para muitos brasileiros, o avanço da pandemia transformou a passadinha de última hora no comércio de rua ou no shopping mais próximo em um clique apressado ou ansioso, com a expectativa de receber os presentes a tempo.

Em um ano marcado por incerteza e adaptação do modo de viver, preservar o hábito de presentear amigos e parentes mesmo que remotamente pode ser uma forma de manter a rotina mais próxima da fase pré-pandemia.

— O e-commerce cresceu o equivalente a quase três anos em apenas um. As pessoas querem simplesmente tentar levar a vida o mais próximo possível do normal — resume o professor de Marketing Luis Tauffer.

O resultado foi um salto nas estatísticas do segmento. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) tem dado preliminar que aponta alta de 54% nas vendas de Natal em relação ao ano passado, com um total de R$ 21,7 bilhões. O avanço ganhou impulso com a estreia de mais de 150 mil lojas virtuais. Outras projeções indicam que o e-commerce pode ver as vendas aumentarem mais de 60% neste fim de ano. É com o empurrão da internet que a Confederação Nacional do Comércio (CNC) projeta alta de 3,4% nas vendas deste Natal.

— O ano de 2020 foi simbólico. As empresas investiram pesado em gestão de estoque e em contratação. Vimos a descentralização de estoques, dando ao cliente a chance de pegar o produto em lojas espalhadas pelo país. O sistema usa recursos como geolocalização — diz Rodrigo Bandeira, vice-presidente da Abcomm.

Questão de horas

A B2W, dona de Americanas.com e Shoptime, investiu em tecnologia em seus centros de distribuição para acelerar a separação de produtos e fazer análise dos estoques em cinco mil lojas, 22 galpões logísticos e 200 hubs com base na localização do cliente. O objetivo é fazer entregas em curtos períodos de tempo, diz Jean Lessa, diretor de Tecnologia e Marketplace da empresa. Recentemente, a companhia lançou a entrega em 24 horas e em 3 horas.

— Antes, a gente recortava o país em 20 regiões e, hoje, são 140 regiões, olhando um raio de cinco quilômetros. Todos esses dados são processados. Neste ano, 49% das contratações foram para áreas de tecnologia — destaca Lessa.

Confira: Em tempos de quarentena, 7 dicas para crescer, aparecer e vender na internet

Para acelerar as entregas de última hora, a companhia vai além dos caminhões. A B2W criou um programa com mais de 22,5 mil entregadores independentes que usam motocicletas e bicicletas. Lessa destacou o investimento em terminais de autoatendimento para a retirada de compras on-line, com 81 pontos de coleta no Rio e em São Paulo.

— Vamos ampliar esse número para 300 endereços. Essa malha logística permitiu que 46% das nossas entregas já sejam feitas em até 24 horas — afirma Lessa.

De olho neste fim de ano, a americana Amazon lançou no início de dezembro nova tecnologia que permite incluir nos seus centros de distribuição produtos de varejistas espalhados pelo Brasil. A estratégia, diz Alex Szapiro, presidente da companhia, foi aumentar a variedade e permitir maior agilidade aos varejistas. A empresa abriu três armazéns em novembro, gerando 1.500 empregos, totalizando oito espaços.

— É mais um passo em nossa expansão no Brasil — afirma Szapiro.

Uso de algoritmos

O comércio local também se adapta rapidamente. A loja Alegria de Brincar reforçou as vendas pela internet, por redes sociais e marketplaces nos principais sites de varejo. Foi a escolha da empresária Patrýcia Reis Oliveira para fazer uma surpresa para a filha Elisa Regina, de 7 anos, neste Natal.

A pequena Elisa, de 7 anos, recebe seu presente das mãos da entregadora Victoria Foto: Ana Branco / Agência O Globo
A pequena Elisa, de 7 anos, recebe seu presente das mãos da entregadora Victoria Foto: Ana Branco / Agência O Globo

— Queria comprar brinquedos lúdicos para minha filha — diz Patrýcia.

A entregadora Victoria Batista, de 21 anos, tem feito uma média de dez entregas por dia:

— Fazemos as entregas de carro ou moto. É uma correria.

Para as gigantes do setor, a disputa também é travada pelos ares. O Mercado Livre investiu em quatro aviões para acelerar as entregas. Com a expectativa de crescer mais de 130% neste fim de ano em relação a 2019, a companhia estuda reforçar a frota aérea para 2021, adianta Fernando Yunus, vice-presidente da empresa. A abertura de três centros de distribuição também está nos planos.

— Investimos R$ 4 bilhões em 2020, 33% mais que em 2019. Nesse plano está o desenvolvimento de tecnologia própria com uso de algoritmos capazes de processar informações relativas a 12 milhões de vendedores e 300 milhões de produtos para permitir a entrega em até dois dias em 1.800 cidades com logística própria — prevê Yunus.

A chinesa AliExpress passou a fretar voos diretos da China para o Brasil e reduziu pela metade o valor para ter direito a frete grátis a fim de ganhar espaço no mercado brasileiro e driblar a alta do dólar. O investimento adicional em tecnologia, diz Yan Di, principal executivo da empresa no Brasil, permitiu reduzir o prazo de entrega de 30 dias para até sete dias:

— Desenvolvemos um sistema de big data que permite reunir todas as compras isoladas de um cliente em um pedido só. Desde a Black Friday passamos a investir em live commerce, com transmissões ao vivo e vendas ao mesmo tempo. As ações fizeram com que as vendas dobrassem.

A indústria também aumenta as fichas no relacionamento direto com o consumidor. A Samsung investiu em ferramentas de big data e inteligência artificial para elevar vendas e selou parceria com aplicativos de entrega como o Rappi.

— Na loja on-line da empresa, o consumidor pode fazer perguntas, encontrar promoções e monitorar o status do pedido para compras com a Sam, uma assistente virtual baseada em inteligência artificial — afirma Antonio Quintas, vice-presidente da Divisão de Dispositivos Móveis da Samsung Brasil. (O Globo)

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