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Nem cloroquina nem remdesivir são capazes de salvar vidas da covid-19, afirma estudo da OMS

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Os dois medicamentos foram usados pelos presidentes do Brasil e dos Estados Unidos quando tiveram a doença

Uma pesquisa liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que quatro antivirais usados no tratamento da covid-19 são ineficazes no tratamento da covid-19. Entre eles, estão a hidroxicloroquina, até hoje defendida presidente Jair Bolsonaro, e o remdesivir, primeiro remédio aprovado para tratamento da doença nos Estados Unidos.

O estudo feito pela Solidarity Therapeutics Trial analisou dados em mais de 30 países e em 405 hospitais. Esse é o maior estudo feito até o momento com essas drogas. Nesta quinta-feira (15/10), a OMS fez uma pré-publicação dos resultados, mas a pesquisa ainda aguarda aprovação em uma revista científica para ser publicada. A OMS, porém, declarou que os resultados são conclusivos. 

Segundo o estudo, além da hidroxicloroquina e do remdesivir, a combinação de lopinavir/ritonavir e o interferon beta-1a também não se mostraram eficazes no tratamento da doença.

Participaram da pesquisa, 11.266 adultos. Desses, 2.750 tomaram remdesivir; 954, hidroxicloroquina; 1.411, lopinavir; 651, interferon mais lopinavir, 1.412, apenas Interferon; e 4.088 fizeram parte do grupo controle, que não recebeu os medicamentos.

Ao todo, foram relatadas 1.253 mortes e os medicamentos tiveram pouco ou nenhum papel na redução da mortalidade ou no tempo de internação do paciente.

“Nenhuma das drogas estudadas reduziu a mortalidade em nenhum subgrupo de pacientes nem teve efeitos na iniciação da respiração artificial ou duração da internação hospitalar”, afirma o estudo.

Segundo o médico do Hospital Sírio-Libanês Luciano Cesar Azevedo, o assunto está encerado em relação a esses medicamentos. “É um estudo bem desenhado, global, um números significativo de países. Muito maior do que todos os estudos anteriores. É muito maior do que o estudo americano que tinha mostrado algum benefício do remdesivir. E quanto a hidroquicloroquina, só mostra o que os  estudos anteriores já tinham mostrado”, afirma. 

Evaldo Stanislau, membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia, acrescenta que apesar do estudo ser bastante extenso, ele uso uma metodologia diferente de outras pesquisas, no caso do remdesivir. “É um estudo robusto. Há uma crítica em relação a ser uma droga que foi testada de forma diferente. Isso pode ter enviesado a análise. Uma vez que não há controle de placebo. Os outros estudos eram menores, com metodologia diferente”, explica. 

Luciano Azevedo esclarece que encontrar um medicamento para a covid-19 pode ser algo muito difícil e que por isso as medidas de proteção devem continuar. “Se você olhar, a covid-19 é uma doença viral aguda como febre amarela e dengue. A gente não tem nenhum tratamento com antiviral para essas doenças, exatamente porque é difícil identificar um tratamento que aja de forma precoce no organismo. Achar que a gente vai ter um remédio para combater o vírus na fase aguda é muito complexo e difícil de imaginar”, destaca. contudo, acrescenta que existem outros estudos em andamento. “Existem outros medicamentos em estudos. Ainda vai longe uma definição de estudo de uma droga efetiva. mas me parece que assim que tivermos o uso das vacinas, provavelmente, vai diminuir a busca por uma droga. Talvez seja muito difícil depois do uso de vacinas,  ter um interesse em seguir em estudos de drogas para essa doença”, explica. 

O remédio foi desenvolvido para tratamento de ebola, mas nunca chegou a ser aprovado para ser usado contra a doença.

No caso da cloroquina, outros estudos já tinham mostrado a ineficácia do remédio. Em junho, o maior estudo sobre o assunto, feito no Brasil, mostrou que o medicamento não faz efeito contra a doença. O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, continua a defender o uso do remédio, que é usado para tratamento da malária, como solução para covid-19. O chefe do Executivo chegou a atribuir a sua cura da doença ao uso da medicação. Além disso, o Ministério da Saúde lançou um protocolo que autoriza o Sistema Único de Saúde (SUS) a oferecer estes remédios para casos leves da doença.

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