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‘Mulheres comuns também podem liderar’, diz Rosa Dantas, 1ª mulher a presidir o PT Dourados

Juliel Batista –

No próximo domingo, 6 de julho, o Partido dos Trabalhadores (PT) realiza em todo o país o Processo de Eleição Direta (PED), instrumento que fortalece a democracia interna da sigla ao permitir que filiadas e filiados escolham diretamente suas direções partidárias.

Em Dourados, a eleição marcará um momento histórico: Rosa Dantas deve se tornar a primeira mulher a assumir a presidência municipal do PT. Com uma trajetória marcada por atuação no movimento estudantil, sindicalismo e campanhas eleitorais, Rosa afirma:

“Minha candidatura à presidência municipal do PT nasce de um compromisso coletivo com um partido mais vivo, presente e acessível à sua base”.

Apoiada por todas as forças internas do partido, Rosa Dantas encabeça chapa única e terá como vice, o ex-deputado federal João Grandão.

Doutora em Educação e servidora técnica da UFGD, Rosa Dantas traz uma história de superação pessoal e engajamento político desde a juventude. “Sou filha da educação pública e percebi desde cedo que as desigualdades que enfrentamos não são naturais, são socialmente construídas”, declarou. Segundo ela, as dificuldades vividas na infância e adolescência em Dourados foram determinantes para sua militância e visão política, que se consolidaram por meio da organização coletiva e do compromisso com o bem comum.

Rosa coordenou campanhas eleitorais nos últimos anos, como a candidatura ao Senado em 2022 e à Prefeitura de Dourados em 2024, ambas protagonizadas por Tiago Botelho. Apesar de não terem resultado em vitórias eleitorais, Rosa destaca o saldo positivo das experiências. “Derrotas eleitorais não são derrotas políticas. Lula é o maior exemplo de que é preciso persistir na política até chegar lá”, afirmou, defendendo que a política deve ir além das urnas e estar enraizada na vida cotidiana das pessoas.

Sobre sua gestão, Rosa afirma que a prioridade será “fortalecer os núcleos de base e os setoriais, ampliar a formação política, acolher novos filiados e investir em uma comunicação popular”. Ao reunir as diversas tendências internas do PT em torno de uma candidatura unificada, ela destaca o poder do diálogo e da escuta como ferramentas de construção coletiva: “É tempo de construir mais pontes do que muros, com firmeza nos valores e abertura ao diálogo”.

Durante a entrevista, Rosa Dantas também destacou seu apoio à candidatura de Vander Loubet à presidência estadual do PT. Para ela, Vander representa a história e a coerência política que o momento exige. “Vander tem mais de 40 anos de militância, foi um dos fundadores do PT em Mato Grosso do Sul e sempre esteve ao lado da classe trabalhadora. Sua candidatura não surgiu de forma repentina. Desde novembro do ano passado, ele vem construindo esse projeto com seriedade, por meio de escuta, debates e amadurecimento coletivo”, afirmou. Segundo Rosa, essa trajetória sólida e enraizada na base petista confere legitimidade à candidatura e fortalece a proposta de um partido mais próximo da sociedade.

'Mulheres comuns também podem liderar', diz Rosa Dantas, 1ª mulher a presidir o PT Dourados
Rosa Dantas e Vander Loubet/Foto: Fernanda Garcia

Confira a seguir a entrevista na íntegra:

Folha de Dourados – A senhora é muito jovem, mas já possui uma trajetória política extensa, com passagens por sindicato e coordenação de campanhas. O que a levou a se engajar na vida política?

Rosa Dantas – Neste mês completei 42 anos. Nasci em Fátima do Sul e, ainda na infância, me mudei para Dourados. Perdi meu pai antes de completar dois anos de idade e, algum tempo depois, minha mãe se casou novamente. Mas foi ela quem sempre sustentou nossa família. Vivíamos com uma renda familiar que variava entre dois salários mínimos para quatro pessoas. Tive uma infância e adolescência marcadas por muitas dificuldades, e é justamente essa vivência que moldou meu caminho na política.

Sou filha da educação pública (do ensino fundamental ao doutorado) e, desde cedo, percebi que as desigualdades que enfrentamos não são naturais, ao contrário, elas são construídas socialmente. No meu caso, as políticas públicas foram fundamentais para garantir minha formação, acesso à saúde e às necessidades básicas. Foi a partir dessa consciência que a política entrou na minha vida, como uma forma de enfrentar as injustiças e desigualdades.

Comecei minha militância no movimento estudantil, como trabalhadora me aproximei do sindicato, e ao longo do tempo compreendi que a transformação social exige organização coletiva, escuta ativa e compromisso com o bem comum. Minha trajetória política é, antes de tudo, uma extensão da minha história de vida.

” (…) as políticas públicas foram fundamentais para garantir minha formação, acesso à saúde e às necessidades básicas. Foi a partir dessa consciência que a política entrou na minha vida, como uma forma de enfrentar as injustiças e desigualdades.”

Folha de Dourados – Ao analisar essa trajetória, mencionada pela senhora, quais foram os principais aprendizados e como foi sua atuação enquanto agente política nesse período?

Rosa Dantas – Aprendi que a política é feita de relações humanas, de escuta atenta e compromisso com a coletividade. Atuei em diversas frentes  sempre com o objetivo de fortalecer espaços coletivos, respeitando as diferenças e buscando convergências possíveis. A experiência sindical e acadêmica me ensinou que a construção política exige paciência, firmeza e sensibilidade para compreender o tempo das pessoas e das lutas.

“Aprendi que a política é feita de relações humanas, de escuta atenta e compromisso com a coletividade.”

Folha de Dourados – Na campanha de 2022, a senhora coordenou a candidatura ao Senado de Tiago Botelho e, em 2024, para a Prefeitura de Dourados. Qual é a sua avaliação dessas duas eleições? E que balanço a senhora faz dessas experiências?

Rosa Dantas – Ambas as campanhas foram importantes para ampliar o debate público e fortalecer propostas voltadas ao interesse coletivo. Em 2022, mesmo diante de uma estrutura desigual, conseguimos apresentar ideias relevantes. Em 2024, aprofundamos o diálogo com Dourados, mostrando que existem alternativas viáveis de gestão. O balanço é positivo, tanto do ponto de vista político quanto da formação de novas lideranças. Derrotas eleitorais não são derrotas políticas. Lula é o maior exemplo de que é preciso persistir na política até chegar lá.

“Derrotas eleitorais não são derrotas políticas. Lula é o maior exemplo de que é preciso persistir na política até chegar lá.”

Folha de Dourados – Sua postura política costuma ser vista como firme e dedicada. O que motivou a sua candidatura à presidência municipal do PT em Dourados?

Rosa Dantas – Ter uma postura firme é, para mim, ter coragem de enfrentar injustiças, de dizer o que precisa ser dito e de defender, com convicção, aquilo em que acreditamos. Minha candidatura à presidência municipal do PT nasce de um compromisso coletivo com um partido mais vivo, presente e acessível à sua base.

Acredito que o PT precisa ser, cada vez mais, um espaço de pertencimento, onde a militância se reconheça, se sinta ouvida e valorizada. Minha motivação não é individual, ela vem do diálogo com companheiras e companheiros, especialmente do incentivo da Secretaria de Mulheres do PT de Dourados, que foi fundamental nesse processo da minha candidatura à presidência municipal.

Quero contribuir para um partido que dialogue com a vida real das pessoas, que esteja nas ruas, nas redes, nos bairros, nas lutas do dia a dia, e que seja, de fato, um instrumento de transformação concreta na vida da população.

“Minha candidatura à presidência municipal do PT nasce de um compromisso coletivo com um partido mais vivo, presente e acessível à sua base.”

Folha de Dourados – As eleições internas do PT, conhecidas como PED (Processo de Eleição Direta), acontecerão no próximo dia 6 de julho. Qual é a importância desse pleito para o partido? E, sendo a primeira mulher a assumir a presidência do diretório municipal em Dourados – já que não há outro concorrente –, o que isso representa para a senhora?

Rosa Dantas – O PED reafirma a democracia interna do partido. É quando o PT diz, na prática, que qualquer filiado ou filiada pode presidir o partido. Assumir essa presidência em Dourados representa dizer que mulheres do interior, com vidas comuns, também podem liderar. É uma vitória coletiva, simbólica e política capaz de abrir caminhos para que outras mulheres venham depois com autonomia, coragem e compromisso.

“Assumir essa presidência em Dourados representa dizer que mulheres do interior, com vidas comuns, também podem liderar.”

Folha de Dourados – A senhora conseguiu reunir as mais diversas tendências e grupos internos do PT em Dourados. A que se deve esse feito, considerando que em outras cidades, como Campo Grande, esse consenso não ocorreu?

Rosa Dantas – A construção da unidade foi possível graças ao diálogo constante, ao respeito às diferenças e ao foco em um projeto coletivo. Em vez de enfatizar divergências, buscamos pontos de convergência que nos permitissem avançar em uma proposta para os próximos 4 anos. Isso demonstra maturidade política e compromisso com o fortalecimento do partido. O momento que vivemos exige mais capacidade de construção do que de disputa. Em um Brasil profundamente polarizado, precisamos ser capazes de somar em meio às diferenças, inclusive dentro do próprio PT, sem abrir mão dos princípios que nos orientam desde a origem. É tempo de construir mais pontes do que muros, com firmeza nos valores e abertura ao diálogo.

“Em vez de enfatizar divergências, buscamos pontos de convergência que nos permitissem avançar em uma proposta para os próximos 4 anos.”

Folha de Dourados – Ainda sobre o PED, quais são as principais bandeiras e prioridades que a senhora pretende defender à frente do partido em nível municipal?

Rosa Dantas – Ao inscrever nossa chapa, apresentamos uma proposta construída de forma coletiva, que servirá como diretriz para a atuação do PT em Dourados nos próximos quatro anos. Nosso objetivo é fortalecer o partido como um espaço de participação ativa, com presença real nos territórios e diálogo constante com a sociedade.

Entre as prioridades, está o fortalecimento dos núcleos de base e dos setoriais, que são fundamentais para manter o partido enraizado nas comunidades. Também queremos ampliar a formação política, acolher novos filiados e filiadas, e investir em uma comunicação popular que dialogue com a realidade das pessoas.

Outro ponto central é a aproximação com os movimentos sociais e com a sociedade civil organizada. Queremos um partido que esteja onde as pessoas vivem, trabalham e enfrentam os desafios do dia a dia — e que mantenha uma relação permanente com os mandatos, garantindo coerência entre a base e a atuação institucional.

Tudo isso será sustentado por uma gestão transparente e financeiramente responsável. Não se trata de promessas soltas, mas de um projeto coletivo, construído com os pés no chão e com compromisso com os princípios que sempre orientaram o PT.

“Nosso objetivo é fortalecer o partido como um espaço de participação ativa, com presença real nos territórios e diálogo constante com a sociedade.”

Folha de Dourados – As eleições também acontecem nas instâncias estadual e nacional do partido. Quais candidaturas a senhora vem apoiando, e quais são os motivos para esses apoios?

Rosa Dantas – Vander tem mais de 40 anos de militância, foi um dos fundadores do PT em Mato Grosso do Sul e sempre esteve ao lado da classe trabalhadora. Sua candidatura não surgiu de forma repentina. Desde novembro do ano passado, ele vem construindo esse projeto com seriedade, por meio de escuta, debates e amadurecimento coletivo. É uma proposta sólida, que busca representar os anseios da militância em um estado marcado por desigualdades e pela força do conservadorismo. Vander tem legitimidade, experiência e compromisso com o partido que ajudou a construir. Por isso, tem meu apoio.

Também reconheço a importância da candidatura de Edinho Silva à presidência nacional do PT. Seu nome conta com o apoio da presidenta Gleisi Hoffmann e do presidente Lula, o que demonstra confiança política e institucional. Edinho tem uma trajetória consistente, com experiência em gestão, diálogo e compromisso com a democracia interna. São qualidades fundamentais para liderar o partido neste momento decisivo para o país.

“Vander tem legitimidade, experiência e compromisso com o partido que ajudou a construir. Por isso, tem meu apoio.”

Folha de Dourados – O Brasil e o mundo enfrentam um cenário de forte polarização política. Nesse contexto, como a senhora avalia a preparação do PT para 2026? E qual será o seu papel no processo de engajamento dos militantes para uma eleição que, segundo muitos, poderá ser ainda mais acirrada que a de 2022?

Rosa Dantas – A eleição de 2026 será decisiva para o futuro do país. O PT precisa estar organizado, com a militância mobilizada e presença nos territórios. Meu papel será contribuir para essa mobilização, garantindo que o partido em Dourados esteja preparado para dialogar com a sociedade e apresentar propostas concretas para os desafios do Brasil.

“O PT precisa estar organizado, com a militância mobilizada e presença nos territórios.”

Folha de Dourados – O espaço agora está aberto para a senhora deixar uma mensagem final aos filiados e à população.

Rosa Dantas – Agradeço a cada companheira e companheiro que acredita na força da organização coletiva. O PT é feito de gente comum, que sonha com um mundo melhor e luta todos os dias para construí-lo. Que essa nova fase seja de reconstrução, de esperança e de coragem. Que a política volte a ser um espaço de pertencimento, onde o povo se reconhece, se organiza e transforma. Aproveito para convidar todos os filiados e filiadas do PT em Dourados a participarem da eleição neste domingo, 6 de julho, das 9h às 17h, na Câmara Municipal. Sua presença fortalece o partido e ajuda a construir o futuro que queremos juntos. Meu número é 513 e o chapa é 613.

Parabenizo a Folha de Dourados pelo papel essencial que desempenha no fortalecimento da imprensa responsável no interior do estado, e agradeço pela oportunidade de dialogar com suas leitoras e leitores.

“O PT é feito de gente comum, que sonha com um mundo melhor e luta todos os dias para construí-lo. Que essa nova fase seja de reconstrução, de esperança e de coragem.”

Leia mais sobre o Processo de Eleição Direta (PED), do PT:

Vander na presidência do PT atende interesse de Lula, afirmam Tetila e João Grandão

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