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MS: milícia rural mata um indígena e fere outros quatro em Iguatemi

Da assessoria do CIMI –

Em mais um episódio de violência contra o povo Guarani e Kaiowá, há décadas em busca de pequenas porções dos territórios de onde foram expulsos, cerca de 20 homens fortemente armados atacaram na madrugada deste domingo (16) a retomada de Pyelito Kue, na Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I, em Iguatemi (MS).

No ataque, os pistoleiros assassinaram com um tiro na cabeça Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá e Guarani, de 36 anos. De acordo com mais de um relato, os atiradores tentaram recolher o corpo para levá-lo, mas foram impedidos pelos próprios indígenas.

Outros quatro Kaiowá e Guarani, entre eles dois adolescentes e uma mulher, também foram atingidos por disparos nos braços e no abdômen. Um adolescente levou um tiro de arma de fogo, além do disparo fatal que atingiu Vicente, e os demais foram alvejados pela agromilícia com balas de borracha.

As informações foram confirmadas pela Funai. A Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) chegou ao local ainda pela manhã (leia mais abaixo), assim como equipe da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). A Polícia Federal é aguardada para perícia.

Imagens mostram as cinco vítimas, sendo uma fatal, do ataque da madrugada deste domingo contra retomada de Pyelio Kue. Foto: Montagem com fotos da comunidade de Pyelito Kue

Conforme os Kaiowá e Guarani, há indícios de que policiais militares e do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) estejam envolvidos no ataque da agromilícia. Entre os feridos, três foram atingidos por bala de borracha – a utilização deste tipo de armamento é destinada às forças de segurança pública com restrições ao uso privado.

No começo do último mês de outubro, os Kaiowá e Guarani retomaram uma área da Fazenda Cachoeira, sobreposta à TI e contígua à aldeia de Pyelito Kue, que desde 2015 ocupa 100 hectares da Fazenda Cambará – também sobreposta à TI delimitada com 41,5 mil hectares, em 2013. Desde então, sofreram quatro ataques – sendo o deste domingo o mais brutal.

Há praticamente dois anos, também em uma madrugada, mas do dia 18 de novembro de 2023, um ataque violento havia expulsado indígenas de retomada de outra fazenda

Em nota, a Kuñangue Aty Guasu, a Grande Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá, salienta que há 40 anos é aguardada a demarcação da TI que abrange os tekoha – lugar onde se é – Pyelito Kue e Mbaraka´y. No documento, as mulheres exigem a investigação de mais este ataque, que terminou com novo assassinato de um Kaiowá e Guarani.

Há praticamente dois anos, também em uma madrugada, mas do dia 18 de novembro de 2023, um grupo de famílias de Pyelito Kue ocupou uma área de mata localizada no interior da Fazenda Maringá, de 425 hectares, sobreposta à TI. Foram duramente atacados e retirados à força da área retomada. A história se repete, desta vez com mais um assassinato.

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