Geral – 07/02/2010
O Ministério da Saúde alerta para a possibilidade de o vírus tipo 1 da dengue tornar-se predominante neste ano no País, o que poderá causar epidemias da doença principalmente entre menores de 15 anos. Segundo a pasta, os Estados de São Paulo, Rio, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Roraima, Tocantins e Piauí são os mais vulneráveis por já enfrentarem a predominância do vírus.”É fundamental que as ações preventivas contra a doença sejam reforçadas”, disse ontem o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Evelin Coelho. Como não há vacina contra a dengue, a principal ação preventiva é evitar o acúmulo de água limpa, a preferida do Aedes aegypti.Em nota técnica sobre a situação epidemiológica de 2009 divulgada nesta semana, o ministério informou que, no ano passado, o vírus 1 já estava presente em 50% dos isolamento virais – análise feita a partir de amostra do doente – no País. Segundo a pasta, ele poderá substituir o sorotipo 2, predominante desde 2007, e gerar um volume ainda maior de internações hospitalares. Um vírus é considerado predominante quando registrado em 70% dos isolamentos.Há quatro tipos de vírus da dengue, e o ministério reconhece que apenas os tipos 1, 2 e 3 já foram registrados no País. Toda as vezes em que um sorotipo “ocupa” o lugar de outro, podem ocorrer epidemias por causa do grande número de pessoas que nunca tiveram contato com ele, como as crianças.A partir de 2007, por exemplo, a entrada do vírus 2 no lugar do 3 causou, no ano seguinte, uma das piores epidemias já registradas no País.”O monitoramento dos sorotipos circulantes ao longo de 2009 aponta para uma nova mudança do sorotipo predominante (…). A recirculação do Denv-1 (vírus tipo 1 da dengue) alerta para possibilidade de grande circulação do vírus em cada um desses Estados e também nos demais, a partir do momento em que o sorotipo for identificado, em virtude de a população (…) não estar em contato com o mesmo desde o início da década (passada, última vez em que o vírus circulou)”, diz o texto.”A situação de vulnerabilidade ainda é muito grande nas cidades brasileiras, as condições climáticas favorecem e há ainda todos os problemas na coleta do lixo”, afirmou Coelho, ao ser questionado sobre o risco de epidemia. “A vulnerabilidade existe e, por isso, estamos fazendo todo um esforço desde julho do ano passado”, continuou.O balanço de 2009 aponta 529.237 casos suspeitos no ano. Apesar da redução de 63% dos casos graves, o Centro-Oeste foi o único local que registrou aumento do número casos em relação ao ano de 2008 – 92%. No Sudeste, que teve queda de 60% dos casos, apenas Espírito Santo, Minas e São Paulo tiveram aumento. Um total de 7.960 casos foram registrados em São Paulo, com sete mortes.Entre novembro e dezembro de 2009 houve aumento do número de registros em relação a 2008. O balanço nacional de janeiro ainda não está pronto, mas de acordo com Coelho, as primeiras informações são de que as grandes cidades, como São Paulo e Rio, estão com uma transmissão baixa. Mato Grosso e a cidade Ribeirão Preto (interior de SP), porém, já têm registrado um aumento expressivo do número de casos.A DOENÇATransmissão: A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Ele mede menos de um centímetro e tem coloração preta e listras brancas no corpo e nas pernas.Sintomas: Na dengue clássica, febre alta e súbita, dores de cabeça, atrás dos olhos, nos ossos e articulações, falta de apetite, manchas na pele, náuseas, tonturas, muito cansaço. Na dengue hemorrágica, os sintomas são os mesmos, mas o quadro inclui dores abdominais, vômitos, pele fria, sangramento pelas mucosas, confusão mental, sede excessiva, pulso fraco, dificuldade respiratória e perda de consciência.Tratamento: É preciso buscar orientação médica e permanecer em repouso, beber muito líquido (inclusive soro caseiro) e só usar medicamentos prescritos pelo médico para aliviar as dores e a febre. Quem já contraiu a forma clássica deve procurar atendimento médico em caso de reaparecimento dos sintomas agravados.
Fonte: BBC News