Início Política MPE inicia diligências para apurar suposto desvio milionário na Câmara de Dourados

MPE inicia diligências para apurar suposto desvio milionário na Câmara de Dourados

Promotor Luiz Gustavo Camacho Terçariol

José Henrique Marques

Os promotores de Justiça Ricardo Rotunno, Rosalina Cruz Cavagnolli e Luiz Gustavo Camacho Terçariol já tomaram as primeiras medidas para apurar se houve ou não desvio de dinheiro público na Câmara Municipal, no caso conhecido como “farra da publicidade”.

O MPE pretende esclarecer denúncias de irregularidades na execução do contrato que a Lupa Comunicação tem com a Câmara, com sugere documentação entregue ao Ministério Público e à Procuradoria Geral de Justiça de Mato Grosso do Sul pela vereadora Lia Nogueira (PP), e ainda denúncias do farmacêutico bioquímico Racib Harb.

Pelas denúncias, a farra da publicidade teria ocorrido quando o prefeito Alan Guedes (PP) presidiu a Câmara em 2019 e 2020, num esquema que destinou cerca de R$ 800 mil ao Diário MS, de propriedade do chefe de Gabinete da Prefeitura Alfredo Barbara Neto, e outros R$ 200 mil ao site 67 News, criado por familiar e funcionários de Milton Ribeiro Junior, o dono da Lupa, pouco depois de vencer a concorrência no Legislativo douradense.

De acordo com Lia Nogueira, também há suspeita de que parte do dinheiro supostamente desviado dos cofres públicos foram para o “caixa 2” da campanha de Alan Guedes à Prefeitura. A partir do segundo semestre do ano passado houve, conforme a vereadora, aumento significativo de repasse de dinheiro para determinados veículos de comunicação, alguns dos quais teriam feito doações “por dentro e por fora” à campanha do atual prefeito de Dourados.

Alfredo Barbara e Milton Junior foram coordenadores da campanha e depois nomeados pelo prefeito a cargos de primeiro escalão para, entre outras funções, comandar a política de comunicação da Prefeitura, cuja transparência dos atos não é absoluta no Portal para esse fim.

Também há suspeitas de que parte do orçamento da publicidade oficial da Câmara tenha sido utilizado para atender correligionários, parentes de vereadores e políticos sem mandato, que criaram sites laranjas para documentar o desvio de dinheiro público através de mídias.

Rotunno, Rosalina e Terçariol determinaram, entre outras, as seguintes providências:

“Registre-se e autue-se o presente Procedimento Preparatório, tendo como requerente o Ministério Público Estadual, como requeridos Daniela Weiller Hall, Alan Aquino Guedes Mendonça, Laudir Munareto, Lupa Comunicações Ltda e outros, a apurar, como assunto “Apurar eventuais irregularidades na execução dos contratos oriundos do Processo Licitatório 023/2017, da Câmara Municipal de Dourados”.

“Notifiquem-se os requeridos para que, querendo, no prazo de até 10 (dez) dias, se manifestem quanto ao teor do feito, encaminhando documentos hábeis a subsidiar suas alegações”.

“Notifiquem-se, para oitiva a ser realizada de forma presencial, em data e horários que permitam a participação de todos os membros subscritores: Maria Imaculada Nogueira e Racib Panage Harb, na condição de reclamantes; e, Lupa Comunicação Ltda, na pessoa de seu representante legal, na condição de investigada.

“Requisite-se ao Procurador-Geral da Câmara Municipal de Dourados que, no prazo de 10 (dez) dias, esclareça: i) quanto a celeuma envolvendo o pagamento das notas fiscais 128 e 129/2021 emitidas em nome da empresa Indicador Econômico Serviços Jornalísticos Ltda, bem como qual o destino do valor respectivo, após renúncia formal desta, encaminhando cópias dos extratos bancários; existência de contratações, ainda que indiretas, com a empresa Indicador Econômico Serviços Jornalísticos Ltda, em períodos concomitantes à ocupação de cargo público na Casa de Leis, por Henrique de Mattos, encaminhando cópia de todos os comprovantes de execução contratual (notas de pagamento, notas de empenho, etc.); Requisite-se à Junta Comercial do Estado do Mato Grosso do Sul que, no prazo de até 10 (dez) dias, encaminhe cópias de todos os atos constitutivos e eventuais alterações, das empresas citadas na reclamação de p. 1-8”.

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