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Ministro da Educação ‘inaugura’ elefante branco e ignora retorno da democracia na UFGD

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José Henrique Marques –

A vinda do ministro da Educação Milton Ribeiro a Dourados nesta segunda-feira (08) para “inaugurar” o prédio da Unidade da Mulher e da Criança (UMC), em área anexa ao Hospital Universitário da UFGD, não significa melhoria ao combalido sistema de saúde pública oferecido a uma região que engloba 33 municípios, com cerca de 800 mil habitantes.

A obra viabilizada pelo atual secretário de Estado de Saúde Geraldo Resende, na época em que era deputado federal representando Dourados pelo PSDB, junto ao governo da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), continuará sendo, por bom tempo, um mero elefante branco. A estrutura consumiu quase R$ 38 milhões de recursos públicos, mas não tem equipamentos e tampouco funcionários para seu funcionamento.  

É evidente que os discursos do ministro e de outras autoridades presentes à “inauguração” foram embasados na “luta de todos” para conseguir os recursos para equipar o hospital que, sem dúvida, uma vez em funcionamento será um grande avanço no atendimento às mulheres e crianças de Dourados e região.

O ministro, como de praxe, foi muito bem recebido em Dourados. Até os buracos do asfalto do trajeto por onde passou a comitiva foram tampados pela Prefeitura. No passeio pelos corredores e salas vazias do órgão “inaugurado”, ele estava acompanhado do prefeito, vereadores, deputados, senadores e até por um general fazendo frila no governo Bolsonaro, na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

Como a inauguração não serviu para nada à sociedade douradense, o interesse político em relação à presença do ministro em Dourados era debater o fim da intervenção descabida na UFGD, que tem um reitor eleito há dois anos, mas que vem sendo conduzida, e muito mal, por interventores indevidos.    

Sobre isso, nem um pio, pelo menos em público. Nem mesmo a aventada reunião do ministro com uma comissão da UFGD para tratar o tema aconteceu, embora tivesse sido garantida (ao reitor eleito Etienne Biasotto) pelo prefeito Alan Guedes e seu secretário de Governo Henrique Sartori, que é professor cedido pela universidade à Prefeitura, mas com ônus ao município.  

Mas nem tudo foram flores no passeio do ministro nesse rincão do Brasil fronteiriço com o Paraguai. Do lado de fora, em via pública, representantes dos movimentos sociais, sindicais, feministas e estudantis, além de entidades da UFGD protestaram exigindo a nomeação do reitor, o fim da morosidade da vacinação contra a covid-19, reivindicando os direitos das mulheres, enfim, um ato pela democracia.

O protesto, previsto, diante da violência política contra a UFGD, fez com que o aparato de segurança do ministro, aos cuidados da Polícia Federal, fosse reforçado por contingentes da Polícia Militar e da Guarda Municipal.

Embora com muitos policiais e manifestantes nas cercanias, o ato foi tranquilo e ordeiro, exceto um policial, sem máscara, que andou inquirindo os manifestantes, tentado dificultar a participação do grupo.

Contudo, no fim do ato, já em direção do Parque Antenor Martins (Parque do Lago), onde foi realizado um ato alusivo ao Dia das Mulheres, o carro onde estava uma das líderes do movimento, a professora Gleice Jane, foi interceptado por duas motocicletas da Polícia Militar. Com caras de poucos amigos, policiais solicitaram a documentação do veículo e dos ocupantes e, estranhamente, tiraram fotografia dos documentos, sabe-se lá por quê.

No Parque do Lago, as manifestantes fixaram faixas, inclusive, contra o presidente Jair Bolsonaro, em torno da obra de adoração a Dourados instalada no apagar das luzes da administração ex-prefeita Délia Razuk.

O curioso é que a Guarda Municipal retirou as faixas, cumprindo ordens, segundo eles, de “superiores” – decerto da “chefa” da guarnição ou do prefeito.  

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