Desde 1968 - Ano 56

30.5 C
Dourados

Desde 1968 - Ano 56

InícioCulturaNossa Feira Livre, personagens e suas trajetórias de vida: Michel Grando, o...

Nossa Feira Livre, personagens e suas trajetórias de vida: Michel Grando, o Palhaço Quizumba

- Advertisement -

Ilson Boca Venâncio –

Meu personagem de hoje é muito engraçado, alias ele é um Palhaço!

Aqui em Dourados sempre tivemos a presença do circo, e neles grandes palhaços, como o Pastachuta, Micuim, Maneco, Teleco, teco, palhaço Lambari entre tantos outros, E eu desde criança sempre gostei muito de palhaço. Mesmo fora do circo de lona propriamente dito, sempre convivi com muitos palhaços de rua e malabares.

Eu acho incrível a arte circense e bem por isso basta olhar para um palhaço que me desmancho de rir, as vezes nem é preciso ver, basta lembrar de um!  

No palhaço tudo é exagero, a maquiagem colorindo e ampliando a boca, nariz e olhos, a expressão, os movimentos tudo e isso provoca em mim muitas gargalhadas, até as lagrimas (de alegria)!  

O Michel é um desses. Quando lhe perguntei o que o levou a fazer um palhaço, ele me respondeu que o rolê começou com o movimento do Reggae que o levou a se identificar como indivíduo coletivo.

Diante de uma sociedade que hoje vive inspirada pelo agronegócio e capital, em um sistema que direciona a ausência de alternativa de expressão o induziu a fazer esse personagem.

Foi uma forma de criar esse diálogo, promovendo uma ruptura com esse silêncio diante de tantas questões alienantes como a perda de identidade, a questão indígena e ambiental aqui no nosso estado.

“Sim, ampliar a expressão corpo/sociedade restrita de um repertorio pré-estabelecido de movimentos corporais automatizados. Os malabares ganharam esse lugar do encontro inesperado”.

Quando lhe perguntei sobre as suas interferências na Feira Livre da Rua Cuiabá, que eu já vinha acompanhando há algum tempo, até mantenho registrado algumas imagens, ele me disse:

“Para eu definir em algumas palavras, a ‘Feira Livre da Rua Cuiabá’, preciso dizer sobre representação de sonhos, lugar onde a ‘arte de rua’ teve seu espaço de recepção garantido e estimulado na nossa cidade”, diz.  

“Durante o período que presenciei a constante montagem e desmontagem das bancas na rua, posso falar de um lugar simples, acolhedor e plural, com trabalhadores receptivos na sua grande maioria. Além disso, posso relatar uma história bonita que se teceu em conjunto com a narrativa do lugar, história essa do ‘Grupo de estudo de Palhaços’”, narrou.  

Ele complementa: “Este grupo de estudo foi organizado pelo Coletivo M’boitatá e Cia. Simbiose de Artes Cênicas, que levou a sério a arte do riso e desenvolveu diversos encontros e oficinas de “palhaçaria” na cidade, fazendo despertar o sentido desta ‘nobre arte’ em diversas pessoas do lugar, inclusive em mim, que vos falo”.

Então a feira foi um espaço de importância para o desenvolvimento do seu trabalho como artista serviu de contra-cena nesse espaço plural e democrático.  

Ele me disse que neste caminho de estudos e descobertas, a feira tornar-se-ia então um lugar para além do divertimento, mas também um local de trabalho para “nós do grupo”. “Estudávamos as acrobacias na Praça Antônio João aos sábados à tarde e quando preparados, descíamos para a feira-livre para treinar a ‘formação de roda”.

 A roda para o artista é o caminho fundamental para convocar o público espectador a assistir as rotinas de técnicas circenses aprendidas durante a rotina de treinamentos. Assim, convence-se o respeitável público a pagar por aquele instante de arte, sugerindo uma contribuição no ‘chapéu’ do artista. E assim a história se deu. “Ao longo de cinco anos nossa presença na feira livre da Rua Cuiabá se fazia uma constante”.

Conta que no início iam a feira na cara e na coragem, sem um trabalho de dramaturgia definido ou sequer um repertório qualquer de piadas prontas para se salvar dos momentos de embaraço.

Ia para se fazer presente, ocupar o espaço do artista, experimentar o inesperado do diálogo na rua, conversar com os feirantes, os moradores, os transeuntes, os bêbados e até os cachorros quando tudo parecia acabado. Afinal, palhaço pode tudo, ou quase tudo… 

 A feira mudou, mas mesmo assim nós artistas seguimos persistentes levando arte de rua em outros endereços. Seguimos em eterna descoberta de encontro como o público em outras feiras, em outros espaços de criação…, contudo, a “Feira livre da Cuiabá”, jamais sairá da memória! 

Depois desse bom papo com meu amigo Michel Stevan Grando ou palhaço Quizumba, que atua em nossa cidade desde o ano de 2009, afirmo que sobre a Nossa Feira Livre da Rua Cuiabá, essa foi uma alegre lembrança.

Agradeço por tantas boas gargalhadas dos nossos encontros, e por essa boa conversa que me permitiu escrever mais uma história da nossa feira Livre da Rua Cuiabá.

- Advertisement -

MAIS LIDAS

- Advertisement -
- Advertisement -