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“Mataram os caras rendidos dentro do meu quarto”, diz moradora

Polícia Militar admitiu que homem foi morto rendido dentro da casa de moradora

“Vou mudar daqui, não tem como eu dormir no quarto onde mataram o cara”. A declaração é de Andrea Rocha Alves de Menezes, 42 anos, que mora desde os sete em Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, na zona sul. A casa alugada foi invadida por quatro homens que fugiam da Polícia Militar, que entrou no imóvel enquanto a moradora trabalhava, na tarde de 10 de julho.

A ação desencadeou o caos em Paraisópolis. A casa onde ocorreu o assassinato fica na rua Rodolfo Lutz, na viela Santana. Nela moram Andrea e a filha, que tinha ido fazer a unha e voltava quando se deparou com policiais militares em frente ao portão. “Eles falaram para minha filha que queriam entrar, ela falou que a chave estava comigo e que eu estava trabalhando. Ela me ligou imediatamente.”


Andrea saiu assustada do trabalho, pegou um mototáxi e chegou em 20 minutos em Paraisópolis. O que aconteceu em seguida ela conta na entrevista exclusiva ao Visão do Corre – detalhe: no local funcionou uma escolinha infantil chamada Cantinho dos Sonhos.


Como é a casa e onde os homens foram presos e mortos?
A casa tem três andares, laje em cima, quartos no meio, embaixo tem sala e cozinha. Eu deixei duas janelas abertas no primeiro andar. Acho que os homens e os policiais entraram por ela, tem uma laje que dá acesso. Os rapazes estavam no quarto.

O que a senhora encontrou quando chegou?
Eu cuido de criança perto do cemitério do Morumbi, quando minha filha me avisou, cheguei depois de uns vinte minutos. Eram umas três da tarde. A polícia militar e os caras estavam lá dentro. Fiquei na frente, na viela, não me deixaram entrar, só no começo da madrugada.

Os policiais não explicaram o que estava acontecendo?
Só muito tempo depois. Um policial explicou que tinham entrado dentro da minha casa, tinha havido um tiroteio. Quando eu estava falando com ele, vi os polícias saindo com três caras, um baleado e dois, não. Ainda tinha um morto lá dentro, mas eles não falaram.

Como a senhora descobriu que havia um homem morto?
O Samu chegou, entrou e não levou ninguém. Aí veio a perícia, o IML e retiraram o corpo. Quando eu entrei, meus documentos estavam todos jogados no chão da sala, tudo revirado, e aí eu subi no meu quarto, tudo revirado, cheio de sangue, de marcas de bala parede.


O que a senhora falou para os policiais?
Eles estavam falando que era uma casa bomba, cheia de drogas, armas, mas eu não mexo com coisa errada. Eles viram que eu não estava em casa, mas queriam me oprimir, me deixar nervosa. Não tem que ficar fazendo isso com morador, não é todo mundo que é errado na favela.

Como passou de ontem para hoje?
Fui para casa da minha amiga e estou sem dormir até agora. Como eu vou dormir no meu quarto que mataram um cara dentro? Eu quero mudar daqui. Vou ficar na casa da minha mãe, que mora em Paraisópolis, até achar outro lugar.

A senhora pretende mudar de Paraisópolis?
Não, só de casa, fui criada aqui. Minha família toda mora aqui, tenho dois filhos casados, minha mãe mora aqui, nunca aconteceu isso comigo.

Podemos publicar uma foto da senhora?
Foto minha, não, eu tenho medo.

(Informações Redação Terra)

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