Juca Vinhedo
A FRASE
Você pode gostar, ou não gostar. Mas o certo é que o Supremo cumpre um papel imprescindível. A tecnologia é outro exemplo. Não se trata de ser contra ou a favor. Ninguém deve temer a Inteligência Artificial, mas ninguém pode ser contra a regulação dela, porque seria como ser contra a lei da gravidade”.
(Flavio Dino, ministro do STF falando sobre o Marco Civil da Internet durante palestra promovida pelo jornal Correio Braziliense.)
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Em pleno embarque
O deputado federal Dal Barreto (União-BA) viveu uma manhã movimentada no aeroporto de Salvador. Prestes a embarcar, foi surpreendido pela Polícia Federal, que cumpria mandado da Operação Overclean e apreendeu seu celular. A ação, autorizada pelo Supremo, também alcançou a residência do parlamentar, em Amargosa, e um posto de combustível da família.
Operação em alta pressão
A sexta fase da Overclean mira um suposto esquema de fraudes em licitações, desvio de recursos e lavagem de dinheiro. Com mandados em três estados, a PF busca desmontar o que chama de rede organizada de corrupção. O nome da operação soa irônico: depois de tantas suspeitas, há quem diga que o sistema precisa mesmo de uma limpeza geral, e com detergente extra-forte.
No futebol e na justiça
Durante o julgamento da trama golpista, o advogado Melillo Dinis tentou dar um “drible histórico” ao citar Maradona na Copa de 78 e acabou desarmado pelo ministro Flávio Dino. Em tom de brincadeira, Dino “advertiu” o advogado, lembrando que o craque argentino sequer jogou aquele Mundial. O plenário caiu na risada: afinal, até no STF, fake news esportiva dá processo.
VAR jurídico
Flávio Dino corrigiu o lance com autoridade de comentarista da ESPN: “Foi Mario Kempes, Excelência”. Alexandre de Moraes, sem perder o pique, completou a escalação: “Kempes e Luque!”. Moral da história: No Supremo, quem vacila com o futebol argentino pode até sair com um voto contra, mas sempre com bom humor na súmula.
Vaga no TCE
A aposentadoria compulsória do conselheiro Jerson Domingos, que completa 75 anos no próximo mês, abrirá uma nova disputa política em Mato Grosso do Sul. Caberá à Assembleia Legislativa indicar o substituto, já que a vaga é de indicação dos deputados estaduais.
Favoritismo declarado
O nome mais cotado para o cargo é o de Sérgio de Paula, ex-chefe da Casa Civil e aliado histórico do ex-governador Reinaldo Azambuja (PL). Embora outros nomes, como os deputados Márcio Fernandes, Paulo Corrêa e Júnior Mochi, tenham manifestado interesse, o entendimento entre os parlamentares é de que a vaga deve permanecer sob o comando do grupo governista.
Em reconstrução
A escolha acontece em meio a um período delicado no Tribunal de Contas. Nos últimos meses, quatro dos sete conselheiros chegaram a ser afastados em operações da Polícia Federal. Apenas Ronaldo Chadid segue fora do cargo por decisão do STJ, que já o tornou réu. A recomposição do plenário é vista como passo importante para devolver estabilidade à Corte de Contas.
Saída iminente
Eduardo Rocha (MDB), chefe da Casa Civil e ex-deputado, deve ser o primeiro secretário a deixar o governo para disputar vaga na Assembleia. A pasta é estratégica e a transição tende a ser rápida. O adjunto Walter Carneiro é o principal cotado para assumir o comando.
Efeito colateral
Com a saída de Rocha, caberá a Walter a articulação com os deputados na corrida pela reeleição de Eduardo Riedel (PP). O cenário é turbulento: muitos parlamentares planejam trocar de partido e ainda não definiram destino. Hoje, evitam discutir futuro com Rocha por vê-lo como concorrente em vantagem.
Atritos nacionais
Rocha carrega o peso da proximidade de sua esposa, Simone Tebet, com o governo Lula, enquanto Riedel migrou ao PP, hoje em posição de oposição ao Planalto. Além dele, devem deixar secretarias para disputar 2026: Marcelo Miranda (Turismo, Esporte e Cultura), rumo à Assembleia, e Jaime Verruck, que mira a Câmara Federal.
Água, vinho e diretório
O novo presidente estadual do PL, Reinaldo Azambuja, começou o mandato mostrando que mistura mesmo, só no copo dos outros. Ficaram fora do diretório estadual justamente os dois deputados que mais “chiaram” contra sua filiação: João Henrique Catan e Marcos Pollon. Ambos foram convidados, mas preferiram declinar. Afinal, como disse Catan, “água e vinho não se misturam”.
Portas entreabertas
Apesar do discurso conciliador, Reinaldo tentou se aproximar dos descontentes, sem sucesso. A conversa com Catan e Pollon não passou da primeira rodada. No dia seguinte, Pollon já anunciou pré-candidatura ao Governo do Estado, contrariando o prometido (pela a direção nacional do PL) de que ele iria apoiar Eduardo Riedel.
Racha anunciado
A exclusão de Catan e Pollon do diretório estadual apenas oficializa um racha que já vinha à vista. O PL sul-mato-grossense vive hoje uma disputa silenciosa entre o grupo pragmático, capitaneado por Reinaldo Azambuja, e a ala ideológica, de tom bolsonarista, representada pelos dois deputados. A diferença é que, desta vez, a briga deixou de ser pelas redes sociais e passou a valer cadeira e espaço real dentro do partido.
Ponte de ouro
Em Bonito, até as pontes de madeira viraram passarela para o dinheiro público. O ex-secretário Edilberto Gonçalves e o empresário Genilton Moreira teriam descoberto um jeito criativo de transformar reforma de ponte em negócio milionário, com propina de até 13%. O problema é que, no fim da travessia, a ponte levava direto para o xadrez.
Telhado de vidro
Na tentativa de escapar da investigação, o empreiteiro escondeu o celular no telhado. Ingenuidade pura: o Gaeco, acostumado a catar provas em porão de repartição e fundo de gabinete, não ia se intimidar com uma telha. Resultado: o celular desceu do telhado e levou junto a farsa.
Gestão que alimenta
A Prefeitura de Dourados vem dando exemplo de gestão pública eficiente e sensível. Só neste ano, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) já distribuiu mais de 10 toneladas de produtos frescos e de qualidade, adquiridos da agricultura familiar. O resultado é duplamente positivo: garante renda aos pequenos produtores e coloca comida boa na mesa de quem mais precisa.
Solidariedade
Por trás dos números expressivos do PAA está um trabalho técnico e criterioso da Secretaria Municipal de Agricultura Familiar (Semaf). A distribuição segue cálculo nutricional feito por especialista, assegurando que as 16 entidades beneficiadas recebam alimentos na medida certa para atender cerca de 3.400 pessoas. É política pública com planejamento, transparência e humanidade.
Problema histórico
Depois de mais de 30 anos de transtornos, os moradores do Parque Alvorada finalmente se livraram dos alagamentos que atingiam a região da Rua Monte Alegre. As obras de drenagem e a instalação de bocas de dragão realizadas pela Prefeitura de Dourados colocaram fim às inundações que afetavam residências e comércios sempre que chovia forte. A chuva de 31,5 milímetros registrada nesta semana serviu de prova: nenhuma ocorrência foi registrada.
Obra eficiente
A terceira etapa das intervenções incluiu a instalação de novas bocas de dragão, a construção de uma caixa de passagem e a ligação da tubulação de drenagem nas ruas Afonso Pena e Júlio Marques de Almeida. O sistema, executado com materiais de alta resistência, foi projetado para suportar grandes volumes de água. O secretário de Serviços Urbanos, Luis Roberto Martins, garantiu que o trabalho segue padrões técnicos rigorosos e continuará sob monitoramento permanente.
Prefeito acompanha
O prefeito Marçal Filho acompanhou pessoalmente todas as fases da obra e destacou o impacto positivo para a cidade. Segundo ele, a drenagem do Parque Alvorada representa o padrão de qualidade que a administração quer imprimir em todas as obras públicas: durabilidade, eficiência e benefícios diretos à população. A ação integra o plano de melhorias urbanas da Prefeitura, que segue avançando em diversos bairros de Dourados.
Audiência produtiva
O vereador Inspetor Cabral (PSD) mostrou sensibilidade e liderança ao conduzir a audiência pública sobre violência contra profissionais da saúde, realizada na Câmara de Dourados. O encontro, considerado um marco na discussão sobre segurança e valorização desses servidores, reuniu profissionais da área, autoridades e representantes da sociedade civil em um debate construtivo e empático
Compromisso com quem cuida
A audiência já gerou resultados práticos. A diretora-presidente da Funsaud, Maria Izabel, se comprometeu a ampliar o apoio psicológico aos servidores, com a criação de um serviço especializado e sigiloso para atender exclusivamente os profissionais da saúde. Para o vereador Cabral, a medida representa um avanço real na proteção e valorização desses trabalhadores. “Quando o profissional está bem, toda a rede de saúde funciona melhor”.
Orçamento em crescimento
O Governo do Estado encaminhou à Assembleia Legislativa o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2026, estimando receita de R$ 27,190 bilhões – um avanço em relação aos R$ 26,4 bilhões projetados para 2025. A proposta será analisada pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) antes de seguir para votação em plenário. O projeto reflete a expansão contínua das receitas estaduais nos últimos anos e mantém o compromisso com a responsabilidade fiscal.
Menor ICMS do país
Na mensagem que acompanha o projeto, o governador em exercício José Carlos Barbosinha (PSD) destacou a manutenção da menor alíquota modal de ICMS do Brasil. Segundo ele, a medida reforça a política de redução da carga tributária estadual, adotada nos dois últimos anos, sem comprometer o equilíbrio das contas públicas. A LOA 2026 também reserva pelo menos 0,5% da receita corrente líquida para contingências e riscos fiscais, conforme prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal.
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BASTIDORES DO PODER
O dia em que o dinheiro sumiu

Era março de 1990 quando o país acordou mais pobre. Não por falta de trabalho, mas por decreto. As pessoas saíram de casa com a sensação de que o chão havia mudado de textura: o dinheiro que dormira no banco na sexta-feira não estava mais lá na segunda. Chamaram aquilo de “plano econômico”, mas o povo, este sim, soube dar o nome certo: sequestro da poupança. Collor, o jovem presidente, falava em domar a inflação, esse dragão que devorava salários antes do fim do mês. E, para isso, arrancou das mãos da gente o pouco que restava.
Havia filas nas portas das agências, velhos chorando diante de caixas eletrônicos mudos, no rádio as vozes tentavam explicar o inexplicável. O país inteiro virou refém de uma conta bloqueada. A promessa era de que o dinheiro voltaria – corrigido, garantido, revalorizado -, mas nada devolve a esperança congelada. Cada cédula retida era também um projeto adiado: a casa, a formatura do filho, a aposentadoria do pai.
Collor, que chegou ao poder como o “caçador de marajás”, saiu pela porta dos fundos da história, caçado pela própria política. Três anos depois, o mesmo povo que acreditou nas promessas foi às ruas pintar o rosto e pedir o fim do seu governo. O confisco da poupança não levou só o dinheiro dos brasileiros. levou também a confiança em quem dizia querer salvá-los.