Juca Vinhedo –
A FRASE
“Viver no Brasil me ajudou a desacelerar, saborear cada momento e rir muito mais. (…) Passei a vida atrás do “sonho americano” e, o tempo todo, ele estava bem aqui.”
William Jeffrey Barnd (Jornalista, ex-âncora de TV nos EUA, em artigo no jornal “Folha de S.Paulo)
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Rei posto, rei morto
Nem o sol de Brasília quis ficar até o fim. O ato pela anistia de Jair Bolsonaro, marcado para durar até as 17h, terminou uma hora antes — junto com a paciência dos 130 fiéis que compareceram. O ex-presidente pode até sonhar com perdão, mas a cena na Esplanada foi de abandono: um palanque vazio, meia dúzia de bandeiras e um “exército” que cabe num micro-ônibus.
A culpa é do “medo”
Os organizadores juram que o fiasco foi culpa do medo. “As pessoas estão amedrontadas de sair de casa”, disse um dos líderes. Mas o que se viu foi o oposto: um público tão reduzido que dava para ouvir o eco dos próprios discursos. No fim, o som alto serviu mais para disfarçar o silêncio constrangedor do que para convencer alguém da causa perdida.
Bolsonaristas desanimados
Poucos parlamentares, muito de desânimo e bastante espaço livre. Assim foi o ato pela anistia, que deveria mostrar força e acabou mostrando fraqueza. Bolsonaro segue preso, e seus seguidores parecem presos ao passado — aquele em que bastava um aceno para encher a Esplanada. Hoje, o “mito” virou mito mesmo: só existe nas histórias de quem ainda acredita que multidão se faz com meia centena de bandeiras tremendo ao vento.
Saúde investigada
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal elabore, em até 15 dias, um laudo pericial sobre a saúde do general da reserva Augusto Heleno. A medida ocorre após o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) afirmar que sofre de Alzheimer e pedir prisão domiciliar. Moraes citou informações contraditórias nos documentos apresentados pela defesa.
Diagnóstico contraditório
Segundo petição encaminhada ao STF, a defesa de Augusto Heleno afirmou que o diagnóstico de Alzheimer ocorreu em 2025. No entanto, ao ser preso, o militar disse que convive com a doença desde 2018. Diante da divergência, o relator do caso determinou a realização de perícia médica oficial, com histórico clínico completo, exames laboratoriais e avaliações complementares.
STF cobra esclarecimentos
Moraes também fixou prazo de cinco dias para que a defesa apresente documentos que comprovem o acompanhamento médico de Heleno, além de esclarecer se o diagnóstico foi comunicado a órgãos oficiais durante o período em que ele exerceu o cargo de ministro do GSI, entre 2019 e 2022. O ministro observou que não há registros da doença no período em que o general ocupava funções no governo.
Reino dividido
Com o rei fora de cena, o reino virou novela. Flávio, Eduardo e Carlos resolveram mirar as flechas na madrasta Michelle, acusando-a de autoritarismo — justo ela, que vivia pregando união e mansidão. O império da direita agora parece mais “Guerra dos Bolsonaros” do que movimento político. E o trono? Continua vago, mas cheio de candidatos à coroa.
A voz e o eco
Michelle subiu ao palanque no Ceará para criticar alianças locais com Ciro Gomes e acabou provocando uma tempestade no próprio quintal. Os filhos do ex-presidente não gostaram do tom — e responderam em coro. Ironia das ironias: a família que pregava “ordem e respeito à hierarquia” agora discute em praça pública, sob aplausos de Ciro, que deve estar se divertindo mais do que nunca.
Família reflexo
Nos tempos de poder, Bolsonaro dizia que “família unida é blindagem”. Hoje, a blindagem virou vidro fosco, e rachado. Michelle fala em lealdade, os filhos falam em autoritarismo, e o público assiste a tudo como quem vê reality show: sem saber quem será eliminado na próxima semana. O patriarca, por enquanto, assiste de longe… e da cela.
Três mosqueteiros
Flávio, Eduardo e Carlos fizeram algo raro: concordaram entre si. O alvo da vez é Michelle, acusada de atropelar decisões e se comportar como “a nova líder” do bolsonarismo. Nos bastidores, aliados comentam que o grupo agora tem tudo, menos liderança. A direita virou um quebra-cabeça em que cada peça acha que é a tampa da caixa.
Freio da burocracia
O governo federal finalmente pisou no freio da burocracia e acelerou o acesso à Carteira Nacional de Habilitação. A resolução aprovada pelo Contran simplifica o processo, reduz horas de aula prática e permite tirar a CNH sem depender das autoescolas. O resultado? Um custo até 80% menor e uma chance real para milhões de brasileiros saírem da ilegalidade e ganharem autonomia, no volante e na vida.
Inclusão que anda
Com o curso teórico gratuito e digital, o Ministério dos Transportes transformou um velho obstáculo em oportunidade. Dirigir deixa de ser privilégio e volta a ser direito. A CNH agora cabe no bolso, literalmente. A medida não elimina as autoescolas, mas dá ao cidadão o poder de escolha.
Na pista certa
O ministro Renan Filho resumiu bem: habilitação é trabalho, renda e autonomia. E o governo acertou em cheio ao modernizar o sistema sem comprometer a segurança. Com menos exigências e mais opções, o processo de tirar a CNH deixa de ser um labirinto caro e se transforma em porta de entrada para novas oportunidades.
Nova pesquisa
O ex-governador Reinaldo Azambuja (PL) aparece na frente na primeira pesquisa do Instituto Real Time Big Data sobre intenções de voto para o Senado em Mato Grosso do Sul. No levantamento divulgado nesta segunda-feira, Reinaldo tem 31% da preferência do eleitorado, seguido por Capitão Contar (PRTB), com 18%, e Nelsinho Trad (PSD), com 16%. Simone Tebet (MDB) aparece com 12% e Soraya Thronicke (Podemos), com 9%.
Segunda vaga
Considerando a margem de erro de três pontos percentuais, a pesquisa aponta empate técnico entre Contar e Nelsinho na corrida pela segunda vaga ao Senado. No segundo cenário testado, Reinaldo ampliou a vantagem para 33%, enquanto Contar e Nelsinho ficaram empatados com 18%. Soraya somou 10% e Vander Loubet (PT), 6%. O levantamento ouviu 1.200 eleitores entre os dias 27 e 28 de novembro.
Riedel dispara
O governador Eduardo Riedel (PP) lidera com ampla vantagem a disputa pela vaga ao seu cargo atual: governador de Mato Grosso do Sul, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto Real Time Big Data. No primeiro cenário testado, Riedel aparece com 55% das intenções de voto, seguido por Fábio Trad (PT), com 16%, e Marcos Pollon (PL), com 11%.
Disputa isolada
Em simulação direta contra Fábio Trad, Riedel amplia ainda mais a vantagem, chegando a 61% das intenções de voto, enquanto o petista soma 17%. Outros 12% dos entrevistados não souberam responder e 10% disseram que votariam em branco ou nulo. O levantamento reforça o favoritismo do governador, que mantém liderança em todos os cenários testados.
Rejeição equilibrada
O instituto também avaliou o índice de rejeição dos pré-candidatos. Fábio Trad foi o mais citado, com 33%, seguido por Marcos Pollon, com 32%, e Eduardo Riedel, com 28%. A pesquisa mostra que, apesar da liderança folgada, o governador ainda enfrenta resistência de parte do eleitorado, embora em patamar menor que os adversários.
Compasso de espera
O deputado federal Beto Pereira (PSDB) deve comandar o partido em Mato Grosso do Sul de forma interina até a abertura da janela partidária de 2026, quando deve se filiar ao Republicanos. A indicação partiu do ex-governador Reinaldo Azambuja, agora no PL. Apesar da proximidade política, Beto não demonstra interesse em assumir formalmente a presidência, apenas manter o partido em funcionamento até a transição.
Caravina deve assumir
Com a provável saída de Beto Pereira, o deputado estadual Pedro Caravina deve herdar o comando do PSDB-MS, ficando responsável pela formação da chapa de candidatos a deputado estadual. A tendência é que Aécio Neves, que assume a presidência nacional do partido, indique Beto como presidente estadual e Caravina como vice. Nos bastidores, porém, há incerteza sobre a consolidação da chapa, já que a relação entre Aécio e Beto é considerada distante.
Sonho suspenso
Faltam apenas 166 metros para a ponte de Porto Murtinho tocar o outro lado do Rio Paraguai. Mas o que separa Brasil e Paraguai agora não é só o rio, é a burocracia. As obras da alça de acesso estão praticamente paradas, à espera de um novo acordo financeiro. Uma ironia dolorosa: a ponte que deveria unir continentes está, por enquanto, presa na travessia dos papéis que projetam a implantação da Rota Bioceânica.
No atoleiro
A contestação das empreiteiras sobre o valor da terraplanagem transformou o sonho da Rota Bioceânica num lamaçal literal e figurado. São R$ 145,9 milhões para erguer uma estrada que resista às cheias pantaneiras. E, mesmo assim, o trecho segue intransitável. O acesso, que deveria estar pronto em 2026, agora só deve sair do papel em 2028. É o cronograma da integração virando miragem sob o sol do Pantanal.
Em espera
Enquanto a ponte em Foz do Iguaçu segue fechada e a de Porto Murtinho desacelera, o discurso de integração continental estaciona no acostamento. A Rota Bioceânica promete ligar Atlântico e Pacífico, encurtar distâncias e abrir mercados. Por ora, o que encurta mesmo é a paciência de quem acredita que o progresso vai chegar pela fronteira. A obra quase pronta está perto do fim, mas longe da solução.
Virada de chave
O prefeito Marçal Filho abriu as comemorações do aniversário de Dourados com a assinatura da ordem de serviço para a nova UBS do Jardim dos Estados. O projeto, moderno e arrojado, inaugura um novo padrão nas obras públicas da cidade. O prefeito tem insistido que Dourados não precisa se contentar com o “básico” e, pelo visto, está levando a frase a sério. A obra é símbolo de uma gestão que aposta na qualidade como marca de governo.
Padrão SUS
Nada de prédio acanhado, apertado e sem graça. A nova UBS vem com estrutura ampla, moderna e pensada para prestar atendimento de qualidade. Com mais de 400 m², a unidade vai concentrar atendimentos, economizar com aluguéis e reforçar as equipes de saúde da família. Tudo de acordo com o que preconiza o nosso sistema de saúde que é modelo para o mundo inteiro, o SUS – Sistema Único de Saúde.
Por falar em saúde…
O Hospital Regional de Dourados será oficialmente inaugurado no dia 20 de dezembro, data em que a cidade completa 90 anos – um presente e tanto para a população douradense. A obra, de larga escala, promete transformar o atendimento de saúde da região e consolidar um novo patamar de cuidado público. A inauguração coincide simbolicamente com o aniversário da cidade e traz algo mais perene que festa: estrutura para salvar vidas.
Complexo é realidade
Em outubro, a Policlínica Cone Sul, primeira etapa do complexo, já começou a atender e levar consultas e exames especializados a Dourados e a municípios vizinhos. São atendimentos de média e alta complexidade, com exames de imagem e especialidades que antes exigiam deslocamento até a capital. A inauguração do hospital fecha o ciclo: da consulta ao leito, tudo estará disponível sem sair da região.
Região nas mãos
O novo hospital não será só de Dourados. A estrutura atenderá dezenas de municípios da região, fortalecendo a saúde pública de todo o Cone Sul. Com 80 leitos, UTI, salas cirúrgicas e unidades de diagnóstico, o Regional chega para desafogar a rede existente e garantir que quem mora fora da capital tenha acesso digno e completo. A expectativa é de impacto real e duradouro para milhares de famílias.
Decolagem real
Depois de quatro anos sem voos comerciais, o aeroporto de Dourados renasceu em 8 de setembro de 2025 com a retomada das operações pela Latam Airlines: um fôlego urgente para a mobilidade da cidade e região. A pista, modernizada, voltou a receber pousos e decolagens regulares, abrindo portas não só para passageiros, mas para investidores, logística e até saúde (transplantes e socorros) que dependem de transporte aéreo rápido.
Demanda reprimida
Já em seu Em seu primeiro mês de operação comercial completa, o aeroporto registrou cerca de 3.184 passageiros transportados pela Latam. E não parou por aí: nas últimas semanas foram contabilizadas 3.816 operações de pousos e decolagens, uma retomada histórica que comprova que a demanda existia e só precisava de estrutura. Com aviões praticamente lotados e interesse de empresários, o aeroporto começa a cumprir seu papel de reconectar Dourados ao resto do país, e de mover a economia local.
Chuva de bênçãos
A providencial chuva que caiu na tarde desta segunda-feira (1º) adiou o acendimento das luzes e a chegada do Papai Noel na Praça Antônio João, mas ninguém reclamou muito. O “Natal Encantado Dourados” ficou para esta terça (2), às 20h15. Afinal, depois de semanas de calor escaldante e poeira vermelha, o temporal soou mais como bênção do que contratempo.
No controle
O prefeito Marçal Filho anunciou o adiamento pelas redes sociais, destacando que seria imprudente manter o evento com piso molhado e risco para o público. Bom senso que também combina com o espírito natalino. A promessa é de uma festa segura, bonita e, segundo o próprio prefeito, feita “a custo baixo” e com apoio de parceiros, incluindo a senadora Soraya Thronicke, o Governo do Estado e a Associação Comercial de Dourados.
Sob nova luz
A decoração da praça inclui uma árvore de mais de oito metros, toda em painéis de LED que mudam de cor, além de túneis luminosos e brinquedos para as crianças. Food trucks e artesãos também vão ocupar o entorno da praça, garantindo clima festivo e renda extra. Se o tempo ajudar, o Papai Noel chega pontualmente nesta terça – se São Pedro, permitir, desta vez.
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BASTIDORES DO PODER
A raposa e o telefone
Dizem que Antônio Carlos Magalhães não precisava de palácio para mandar — bastava um telefone. De seu gabinete na Bahia ou em Brasília, a voz seca e o “alô” rouco bastavam para ministros, prefeitos e jornalistas entenderem o recado. Era o símbolo do poder à moda antiga: centralizado, temido e, sobretudo, eficiente. ACM não mandava e-mails: ele mandava no país.
Conhecido como “Toninho Malvadeza”, governou a Bahia com mão firme e verbo afiado. Controlava cargos, rádios e corações, tudo com a segurança de quem dizia que “malvadeza é o nome que os fracos dão à eficiência”. Era o coronel eletrônico, dono da Rede Bahia, e sabia que o poder político e o poder da voz, juntos, valiam mais que qualquer decreto.
No Senado, ACM era respeitado até pelos inimigos. Flertou com todos os presidentes e nunca se prendeu a nenhum. “Na política, até a amizade é um ato administrativo”, repetia, entre tragos e ironias. Quando um aliado o traía, bastava uma ligação: “Você sabe o que fez. E eu também.” O silêncio do outro lado da linha era o efeito colateral mais temido da política nacional.
Morreu em 2007, mas segue vivo nas conversas de bastidor. Em Brasília, quando um político mostra esperteza demais, sempre alguém comenta: “Esse aí quer ser o novo ACM.” Mas não há repetição possível. A raposa levou o telefone com ela… e ninguém mais atendeu do mesmo jeito.


