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Luisa Marilac, travesti que ficou famosa após vídeo, lança autobiografia

04/12/2018 11h19

Luisa Marilac, travesti que ficou famosa após vídeo na internet, lança autobiografia

Já houve boatos de que ela estava na pior. Mas, depois de passar por fases difíceis, Luisa Marilac, de 40 anos, deu a volta por cima. Após ser prostituta, vítima de tráfico sexual, esfaqueada e ter injetado silicone industrial para moldar o corpo, a travesti hoje faz sucesso como YouTuber e se prepara para lançar a sua autobiografia, em abril, intitulada “Eu, travesti”, conforme antecipado pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”. E engana-se quem acha que as adversidades conseguiram tirar a alegria de viver de Luisa. Afinal, se isso é “tá na pior”, o que é estar bem, né?

— Todas as minhas histórias me ensinaram a rir da vida. Quando chegamos muito perto da morte, aprendemos a dar valor às coisas boas. Não se pode deixar a negatividade nos dominar. As mulheres como eu, na minha idade, são consideradas sobreviventes.

Na adolescência, Luisa foi expulsa de casa pela família e começou a se prostituir aos 16 anos, na cidade paulista de Guarulhos. Aos 17 anos, foi vítima da intolerância ao levar sete facadas num bar e decidiu que era hora de sair do país, por medo do preconceito. Passou por diversos países da Europa, como Itália, Portugal, França, Hungria e Espanha, antes de voltar ao Brasil, em 2011. Há quatro meses, Luisa mora no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Segundo ela, nem as passagens mais picantes ou polêmicas da sua vida foram deixadas de lado no livro:

Luisa morou em vários países da Europa Luisa morou em vários países da Europa Foto: Reprodução das redes sociais
— Conto tudo, está um babado fortíssimo! Falo sobre a vez em que saí com um jogador de futebol famoso internacionalmente, sobre os parceiros casados e as taras sexuais dos homens que procuram mulheres como eu. Mas também tem o lado mais humano, onde as pessoas que têm preconceito com travestis vão ter uma nova visão sobre nós.

Cerca de nove anos após tomar seus bons drinques em uma piscina durante o verão da Espanha, cena do vídeo que alçou Luisa à fama, ela diz que jamais imaginou tamanha repercussão e explica que a ideia surgiu como forma de dar um recado para o ex-noivo:

— Eu estava numa fase ruim, após ter sido enganada e abandonada pelo homem que seria meu marido, que me roubou e me deixou na rua. Aquela piscina era na casa de uma amiga que me abrigou durante dois anos. Eu fiz o vídeo para mostrar a ele que eu estava super bem, que daria a volta por cima. Aí acabou viralizando — detalha Marilac.

Após conhecer o sucesso na internet, Luisa decidiu investir na carreira de YouTuber. Nos vídeos publicados em seu canal, com mais de 30 mil assinantes, ela fala sobre o mundo da prostituição, dá dicas para quem está começando na profissão e relembra episódios vividos, como a época em que se arriscou e fez uso de silicone industrial.

— Hoje as pessoas têm acesso à informação e não devem cometer as mesmas loucuras. Os travestis eram cobrados para ter silicone, e a gente não tinha condições financeiras.

Nana Queiroz e Luisa Marilac posam para o livro Nana Queiroz e Luisa Marilac posam para o livro Foto: Divulgação
O livro, publicado pela editora Record, foi escrito pela jornalista Nana Queiroz. Foram três anos de muitas conversas, viagens a Guarulhos, pesquisas de campo e memórias revisitadas. As duas chegaram a ir, juntas, para um tradicional ponto de prostituição na cidade paulista. Para Nana, era importante sentir a dimensão do que é ser uma travesti.

— Foi muito interessante ver o olhar de preconceito para essa parte da sociedade. Aquela noite foi uma das mais aterrorizantes que eu já vivi. Esse livro ganha uma marca importante, pois vivemos um momento em que os preconceitos estão gritando e, do outro lado, a obra responde, no grito, com ideias de tolerância, de amor e resistência — diz Nana.

O nome escolhido pela YouTuber foi uma homenagem a uma grande amiga de infância, responsável por dar a primeira roupa feminina e por abrigar Luisa quando ela saiu de casa. Seu nome de batismo não é revelado, segundo ela, nem sob tortura. Só depois da fama, quando começou a pesquisar seu nome no Google, conheceu Santa Luísa de Marillac, patrona das obras sociais, nomeada por São Vicente de Paulo como inspetora das casas de caridade e canonizada em março de 1934.

— Soube que ela lutava pelos mais necessitados, por quem não tinha voz. Isso me inspirou a ser uma pessoa melhor, me deu mais força para seguir em frente e fazer o bem. Eu acabei me tornando devota — destaca. (Extra)

Luisa lança autobiografia em abril Luisa lança autobiografia em abril Foto: Reprodução das redes sociais

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