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Livraria Canto das Letras festeja 15 anos com lançamento de livros e programação cultural

Juliel Batista –

Referência cultural em Dourados desde 2010, a Livraria Canto das Letras comemora 15 anos de história com um evento especial aberto ao público, a partir das 19h, na sede localizada na Avenida Weimar Gonçalves Torres. Mais do que uma celebração de aniversário, a data marca a resistência do livro, da leitura e dos espaços culturais independentes em meio às transformações do mercado editorial e ao avanço das plataformas digitais.

Fundada pelas professoras universitárias Tereza Bressan de Souza e Andréa Alves, a livraria nasceu da percepção de uma lacuna cultural na cidade e da dificuldade de leitura e interpretação entre estudantes universitários. “A gente percebeu uma defasagem muito grande em termos de leitura, escrita e interpretação. A leitura foi o grande motor para a abertura da livraria”, relembra Tereza, em entrevista concedida à Folha de Dourados.

“A leitura foi o grande motor para a abertura da livraria”

Quinze anos depois, o cenário mudou, mas os desafios permanecem. Para Tereza, manter uma livraria ativa hoje é um ato político e cultural. “Hoje, manter uma livraria é um ato de resistência. A concorrência online é enorme, os descontos são agressivos, mas o leitor verdadeiro quer o livro na mão, quer o contato com o papel”, afirma.

A programação comemorativa inclui o lançamento de duas obras do escritor e professor Renato Suttana, parceiro histórico da livraria, apresentações poéticas, homenagem da Câmara Municipal, leitura de texto histórico sobre a trajetória da Canto das Letras, apresentação musical do artista Dagata e coquetel com vinhos. “A livraria é um espaço de todos. Leitores, estudantes, professores e a comunidade estão convidados”, reforça Tereza.

“A livraria é um espaço de todos. Leitores, estudantes, professores e a comunidade estão convidados”

A seguir, confira a entrevista completa, com a Tereza Bressan:

Livraria Canto das Letras festeja 15 anos com lançamento de livros e programação cultural
Juliel Batista, Tereza Bressan e Renato Suttana – Foto: Maria Eduarda Oliveira

Folha de Dourados – Tereza, conte um pouco da história da Livraria Canto das Letras. Como tudo começou?

Tereza Bressan A livraria foi aberta em 2010. Eu tinha uma sócia, a Andréa Alves, e nós éramos professoras universitárias. A ideia surgiu porque percebíamos, tanto entre os alunos quanto na comunidade em geral, uma grande carência cultural e uma defasagem muito grande no hábito da leitura. Eu dava aula em vários cursos e via muita dificuldade de interpretação e de escrita. A leitura foi o grande impulso para a gente abrir a livraria.

“A ideia surgiu porque percebíamos (…) uma grande carência cultural e uma defasagem muito grande no hábito da leitura.”

Permanecer no mercado por 15 anos não é simples. O que representa essa trajetória?

Representa resistência. Hoje, manter uma livraria é um ato de resistência. A concorrência com vendas online, plataformas gigantes, e-books, tudo isso é muito forte. Muitas vezes não conseguimos competir em preço. Mesmo assim, estamos aqui. Somos vitoriosos nesse aspecto da resistência cultural.

“Somos vitoriosos nesse aspecto da resistência cultural.”

Na sua avaliação, o livro físico ainda tem espaço em um mundo tão digital?

Com certeza. O leitor que se considera leitor quer o livro. Quer folhear, sentir o papel, riscar, dialogar com o texto. Acho que o livro nunca vai sair de moda. Vejo também que muitos pais despertaram para os prejuízos do excesso de tela, principalmente para crianças e jovens. O livro ajuda na concentração e no desenvolvimento.

“Acho que o livro nunca vai sair de moda.”

Vocês chegaram a expandir a livraria para outros espaços, não?

Sim. Em 2013 e 2014 abrimos um quiosque no shopping, porque entendemos que o shopping também é um espaço difusor de cultura. Ficamos lá até a pandemia, que foi um período muito difícil. Depois vendi o quiosque para uma funcionária, que mais tarde acabou fechando. Hoje seguimos somente na Weimar, onde sempre estivemos.

“Em 2013 e 2014 abrimos um quiosque no shopping, porque entendemos que o shopping também é um espaço difusor de cultura.”

Como surgiu a ideia de comemorar os 15 anos com esse evento especial?

A princípio, não faríamos nada muito grande. Mas aí pensamos: precisamos comemorar, sim. São 15 anos de resistência. E o lançamento dos livros do Renato Suttana foi o grande gatilho para transformar isso em um evento maior e mais simbólico.

“Mas aí pensamos: precisamos comemorar, sim. São 15 anos de resistência.”

O que o público pode esperar da programação?

Teremos um cerimonial, performances poéticas, leitura de um texto histórico sobre a livraria, homenagem da Câmara Municipal, música com o Dagata, que faz parte da nossa história, além do lançamento dos livros do Renato, com sessão de autógrafos. E, claro, um coquetel com vinhos e bebidas para celebrar.

“música com o Dagata, que faz parte da nossa história, além do lançamento dos livros do Renato, com sessão de autógrafos.”

O evento é aberto ao público?

Totalmente aberto. Convidamos toda a comunidade: leitores, estudantes, professores, clientes antigos, colaboradores que passaram pela livraria. A Canto das Letras é um espaço de todos. O livro é para todos os públicos.

“A Canto das Letras é um espaço de todos. O livro é para todos os públicos.”

Para finalizar, o que a Canto das Letras representa hoje para Dourados?

Eu acredito que a livraria tem uma importância fundamental para a cidade. É um espaço de encontro, de reflexão, de cultura. Manter esse espaço vivo é acreditar que livros, ideias e diálogo ainda fazem sentido. E fazem, sim.

“Manter esse espaço vivo é acreditar que livros, ideias e diálogo ainda fazem sentido.”

SERVIÇO

Evento: 15 anos da Livraria Canto das Letras
Data: 12 de dezembro
Horário: 19h
Local: Avenida Weimar Gonçalves Torres, 2440 – Dourados
Entrada: Gratuita

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