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Pandemia não impede Letícia Larín de estudar por seis meses os Kaiowá e Guarani

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A artista visual e investigadora Letícia Larín realizou uma estadia de seis meses em Dourados para desenvolver o trabalho de campo requerido à sua tese de doutorado em Belas-Artes, cujo objetivo é elaborar um monumento aos Kaiowá e Guarani. Logo após a artista chegar à cidade, o cenário foi alterado devido à instalação da pandemia. Com isso, as vias formais para o desenvolvimento do seu estudo – participação em rituais indígenas e visitas a museus e arquivos históricos regionais – foram interditadas.

Esse impasse guiou a artista visual ao estabelecimento de elos de amizade com certas pessoas, das quais se destaca Cunhã Sap’y, Guarani nascida e moradora da Aldeia Bororó, a qual realizou dois projetos de autoria compartilhada com Letícia Larín. Esta parceria transpareceu no espaço público de Dourados em dois projetos, “Marco Zero: uma homenagem aos espíritos antigos da terra de Dourados” e “Hayhu Nhanderetê (a gente ama a vida da gente): Remédio Indígena”.

“Marco Zero: uma homenagem aos espíritos antigos da terra de Dourados”

Cunhã Sap’y é uma artesã Guarani nascida na Reserva de Dourados, Letícia Larín é uma artista contemporânea que investiga a cultura Guarani e Kaiowá. Letícia Larín viu imagens de indígenas antigas carregando a colheita numa cesta nas costas, essa cesta era presa por uma fita que passava pela testa. Ela ficou com vontade de caminhar com uma cesta desse tipo ela cidade de Dourados, para lembrar como faziam os indígenas antigos. Cunhã Sap’y viu um saco de ráfia e disse que os índios também levavam a colheita nesses sacos, com uma fita amarrada na testa, para irem vender mandioca na cidade. Após colherem as mandiocas em suas roças de quintal, eles saíam da Reserva Indígena de Dourados e caminhavam, com os seus sacos, até a cidade. Cunhã Sap’y e Letícia Larín decidiram então fazer, juntas, uma ação artístico-cultural em homenagem aos índios antigos. A caminhada das duas termina na Praça Antônio João, onde há um monumento para simbolizar o “Marco Zero” da cidade de Dourados. Para trazer à memória que, antes da construção da cidade, o território era Guarani e Kaiowá, elas escrevem, com mandioca, “Marco Zero”. Afinal, o “Marco Zero” da região é o cultivo indígena da terra, ou seja, o espírito das origens da terra de Dourados é Guarani e Kaiowá.

“Hayhu Nhanderetê (a gente ama a vida da gente): Remédio Indígena”

Letícia Larín mapeou os monumentos da cidade de Dourados e, também, da Reserva Indígena de Dourados. Para realizar uma intervenção nestes marcos de Dourados com a intenção de fomentar a prevenção à contração da Covid-19, através da utilização de remédios indígenas, Cunhã Sap’y enumerou diversos remédios do mato que servem para o cuidado dos pulmões e da gripe. Para acompanhar estas informações, o lema da bandeira nacional resgatou a palavra “amor”, “hayhu” em guarani, que consta no lema positivista do filósofo francês Auguste Comte que serviu-lhe de inspiração: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Foram produzidas 50 bandeiras, sendo 25 instaladas na Reserva Indígena de Dourados e 25 no município de Dourados. Além disso, 150 máscaras foram produzidas e distribuídas nas aldeias de Jaguapirú e Bororó. Convém ressaltar que esta intervenção urbana, de cunho informativo, foi realizada apenas com barbantes amarrados nas obras do espaço público, de modo a preservar a integridade das peças que organizam o território do município e de sua Reserva Indígena.

Letícia Larín

Letícia Larín nasceu em São Paulo (1982), de 2012 a 2016 residiu em Lima e desde 2017 vive e trabalha em Lisboa. Artista visual e investigadora, é bacharel e licenciada em Artes Visuais, cursou o mestrado em História da Arte e atualmente desenvolve o seu projeto de doutorado na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL). Seus projetos artísticos são geralmente elaborados em torno de questões sociais e materializados sob elementos simbólicos que resultam em instalações, performances ou conjuntos híbridos de peças – desenho, pintura, montagem, escultura, áudio, vídeo, performance, oficina – que funcionam como sistemas reflexivo-conceituais . Larín realizou residências artísticas nos EUA, Portugal e México, apresentou performances em Portugal (Lisboa, Aveiro e Almodôvar), EUA (Los Angeles), Peru (Lima) e Brasil (São Paulo) e apresentou instalações de grande formato em Portugal (Ílhavo e Braga). Suas principais exposições individuais ocorreram em Lima (Centro Cultural Ricardo Palma e Socorro Espacio Polivalente) e participou de exposições coletivas em Portugal, Peru e Brasil.

Fotos projeto “Marco Zero: uma homenagem aos espíritos antigos da terra de Dourados”

Marco Zero: Uma Homenagem aos Espíritos Antigos da Terra de Dourados”

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