13/01/2014 09h43
Por: Folha de Dourados
(*) Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
A onda de liberalidade e anticaretismo que invadiu o mundo nos anos 60-70, além de servir – na época – como uma poderosa arma de oposição política, apresenta hoje perigosos efeitos colaterais. A glamurização da maconha é um deles. Gente atualmente poderosa revela, sem constrangimento, ter utilizado a erva naqueles tempos de contestação e defende sua legalização, até como “remédio”. O vizinho Uruguai foi além, legalizando a erva e criando a figura do maconheiro oficial, que pode fumar até 40 cigarros (da erva) por mês sem infringir a lei. Pode, aí, ter aberto a porta para uma nova vertente do tráfico, onde não usuários se cadastrem, consigam o produto cm as benesses do governo e o comercializem, no câmbio-negro, a quem, por razão social, não tenha se cadastrado, a quem não se contente com as 40 unidades mensais ou para viciados dos países vizinhos. Pode-se até dar a isso o nome “bolsa maconha”, já que os recursos sairão do governo e se tornarão renda sem trabalho. O tema provoca acaloradas discussões. Ninguém pode garantir, com segurança, que o consumo da maconha não leva à dependência e que não serve de porta de entrada para as drogas mais pesadas e sem status social, que todos aceitam como prejudiciais.
É inequívoco que desde o seu surgimento e transformação em moda, a maconha provocou grandes estragos e encurtou a vida de muitos jovens. Felizes aqueles que a usaram e tiveram resistência orgânica suficiente para, além de não se tornar dependentes químicos, continuar vivos, sem descer a degraus mais perigosos dos narcos. Estes – especialmente os que exercem o poder – deveriam ter a coragem e o compromisso social de evitar que os jovens de hoje enveredem pelo caminho dos alucinógenos e possam desperdiçar suas vidas. Sem dúvida, todos conhecem os males tanto da maconha como das outras drogas para as quais ele pode projetar o usuário e, o impacto social causado pela droga.
Ao cair na droga, o usuário entra num perverso caminho, normalmente sem volta. Para conseguir sua porção, acaba com a economia própria e da família e, na falta de recursos, parte para o roubo, a extorsão, o sequestro e até o assassinato, gerando o crime violento, que tira a paz da sociedade. Afinal, precisa de dinheiro para comprar a droga e, pior, muitas vezes para pagar a dívida da droga já consumida que, se não paga, pode levá-lo à morte encomendada pelo traficante.
Tudo o que vicia, que faz o indivíduo dependente, é prejudicial a ele próprio, à sua família e à sociedade. Assim é com o cigarro e com o álcool, cujo consumo a sociedade incentivou durante décadas e hoje abomina. Por serem legalizados, fumo e álcool ficam restritos aos seus próprios efeitos. Isso não ocorre com a subterranea “indústria” da droga que, além dos efeitos do seu produto, ainda espalha a morte e o crime no seu ambiente negocial. Legalizar, no entanto, não é a solução. Toda a sociedade tem o dever cívico e patriótico de evitar que as pessoas consumam drogas e de lutar, com todos os meios, pela recuperação dos que já caíram. Até aqueles que foram usuário no passado e conseguiram salvar-se, têm o dever moral de combater. Nunca, jamais, legalizar. Pensando bem, careta hoje, deve ser fumar maconha, uma coisa que esteve em moda já faz 30 ou 40 anos…
(*) Dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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