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Justiça decreta prisão de jovem acusado de golpe milionário com criptomoedas

A Justiça decretou a prisão preventiva de Matheus Brião de Souza, acusado de um golpe de estelionato contra ao menos 14 vítimas, que causou um prejuízo de no mínimo R$ 2,6 milhões. O caso ocorreu no final de 2022 e foi denunciado pelo Ministério Público no final do mês de maio.

O caso ocorreu em Santa Catarina, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Brião propagandeava gerir um fundo de criptomoedas capaz de trazer “alto retorno financeiro” às vítimas. No entanto, após meses recebendo depósitos em sua conta pessoal, o jovem, então com 18 anos, desapareceu com o dinheiro.

O juiz Emerson Feller Bertemes, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, decretou a prisão com base na gravidade dos delitos e na possibilidade de fuga. “O acusado dispões de recursos financeiros, inclusive provenientes dos delitos a ele imputados, o que possibilitaria a sua fuga do distrito da culpa, inviabilizando a aplicação da lei penal”, aponta.

Matheus Brião de Souza no entanto encontra-se desaparecido desde o final de 2022, segundo as vítimas. Ele não foi localizado pela polícia civil ou pelo Ministério Público ao longo da investigação, e jamais foi interrogado ou prestou depoimento sobre o caso.

IstoÉ Dinheiro buscou contato com a defesa de Matheus Brião, porém não foi possível encontrá-la. Também tentou contato com o escritório de advocacia “Brião Advogados”, administrado pela mãe de Matheus, a advogada Michelle Costa Brião. Tampouco houve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.

No decreto de prisão preventiva, o juiz destaca ainda o risco de que Matheus Brião de Souza reincida no crime. “O acusado se trata de agente extremamente perigoso e articulado, sendo a decretação de sua prisão preventiva medida imperativa no caso em apreço, mormente para evitar a reiteração delitiva”, afirma o texto.

Como foi o golpe

Segundo a investigação, Matheus Brião de Souza afirmava administrar um fundo de criptomoedas e prometia alcançar alta rentabilidade através de estratégias de investimento de swing trade e day trade. As vítimas então fizeram uma série de depósitos entre os meses de março e outubro de 2022.

Para dar credibilidade ao negócio, o denunciado teria oferecido às vítimas contratos “de prestação de serviços de consultoria e gestão de criptomoedas”, utilizando o timbre do escritório ”Brião & Sousa Advogados Associados”, administrado por seus pais, Marcos Ribeiro de Sousa e Michelle Costa Brião.

O escritório não existe mais. Sua página em rede social teve o nome substituído por “Brião Advogados”, firma administrada hoje apenas por Michele Brião.

Ainda de acordo com a investigação, Brião devolvia por vezes valores às vítimas quando elas solicitavam saques, de forma a manter a farsa de um fundo em funcionamento. As quantias retornadas, no entanto, correspondiam apenas a uma pequena fração do total já subtraído.

Outra medida apontada pela promotoria como artifício para enganar suas vítimas era a apresentação periódica de tabelas e extratos em que os valores depositados apareciam com rendimentos exorbitantes, muito acima dos normalmente registrados nos investimentos em criptoativos.

No final de 2022, os relatórios e os saques pararam. A promotoria diz que o acusado passou então a apresentar desculpas e, poucos meses depois, desapareceu com os valores investidos.

‘Ostentação’ em Florianópolis

Uma das vítimas apontadas na denúncia, Matheus Domingos afirma que Matheus Brião de Souza frequentava algumas das baladas mais caras de Florianópolis. Com fácil trânsito entre pessoas da ilha com alto poder aquisitivo, ele teria conseguido atrair algumas para investir em seu falso fundo de criptomoedas.

Domingos fez investimentos no suposto fundo ao lado de um amigo. Segundo a denúncia da promotoria, o valor enviado pela dupla foi de R$ 227.470,06.

Após iniciar os investimentos, Domingos foi convidado a trabalhar na estruturação da empresa de Brião, batizada de “Eagle Management Crypto Currencies”.

“Desde o começo eu suspeitava, então estava sempre enchendo o saco do Matheus para entender como as coisas funcionavam”, recorda Domingos. “Ao mesmo tempo, eu estava bem empolgado. Eu acreditava ser um projeto bem legal. Mas não era”, conta a vítima.

A empresa jamais constituiu sequer um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). O nome escolhido inclusive era pouco divulgado. Os documentos em geral utilizavam a assinatura de pessoa jurídica “SDP Assessoria Empresarial Ltda.”, e eram enviados por meio dos endereços eletrônicos “[email protected]” e “[email protected]”.

A contratação de Domingos foi feita em setembro de 2022 por Igor Lopes, outra das vítimas listadas no processo. Na época, Lopes apresentava-se como sócio de Brião no suposto fundo de investimentos, ao lado de Diego Druck, outra vítima listada no processo.

Domingos permaneceu como funcionário da empresa por três meses. “Eu fui contratado pelo Igor para organizar a empresa. Criei logo, processos, planilhas dos clientes.” Em setembro, chegou a ver fotografias de um suposto escritório super-tecnológico montado por Brião em Porto Alegre (RS).

Em novembro, no entanto, Brião parou de responder mensagens sobre o fundo. Domingos chegou então à conclusão de que se tratava de uma fraude e buscou a Justiça, tentando inclusive responsabilizar Diego Druck e Igor Lopes. Contra Lopes, mantém ainda um processo trabalhista pelos meses em que atuou na “empresa”.

Supostos sócios do fundo de criptomoedas

Matheus Domingos não foi a única vítima a tentar implicar os dois supostos sócios de Brião no processo. Uma notícia-crime apresentada pelo advogado João Carlos Neves Neto tentou acusar o trio Brião, Druck e Lopes pela fraude.

O advogado representa Gustavo Scherer Zimmermann, que através de sua empresa de comércio de veículos Rz Motors investiu aproximadamente R$ 50 mil no fundo, segundo a denúncia.

De acordo com os advogados das vítimas, os “sócios” teriam colaborado para fortalecer a credibilidade de Matheus Brião de Souza, sobretudo Diego Druck, que é um DJ conhecido da ilha, com mais de 20 mil seguidores no Instagram. “Quando você apresenta um negócio, você se responsabiliza por ele, você é avalista”, diz Neves.

Mas, segundo a promotoria, não foram encontradas evidências de que a dupla fosse cúmplice no golpe. “Essas duas pessoas, o Tiago e o Igor, indicaram outros clientes que fizeram aportes em favor do do Matheus. Mas não há nenhum elemento que indique que eles participavam do esquema, que eles tenham se beneficiado ou recebido parte do valor”, afirma o promotor Mauricio de Oliveira Medina.

Para a defesa de Lopes, representada pelo escritório Herculano Advogados, “Matheus teria se aproveitado da influência que Igor e outros amigos possuíam, especialmente em Florianópolis, para angariar clientes e desviar milhões de reais das vítimas”. Os advogados de Lopes afirmam ainda que chegaram a protocolar um pedido de prisão preventiva contra Brião.

Já o Souto Correa Advogados, que representa Diego Druck, afirmou em nota que “Diego Druck foi uma dentre as muitas vítimas de Matheus Brião, tendo sofrido um prejuízo significativo. Por um breve período, realizou investimentos e foi iludido a acreditar que Matheus exercia uma atividade lícita, o que o levou a crer que poderiam ser parceiros de negócio. Ao detectar ter sido vítima de um golpe, imediatamente buscou as autoridades, visando à responsabilização de Matheus e a evitar que outras vítimas fossem lesadas”.

(Informações IstoÉ)

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