A família de mulher de 61 anos, moradora de Detroit, nos Estados Unidos, acusa um hospital de ter perdido uma parte de seu crânio durante uma cirurgia cerebral e, depois, de tentar compensar o erro com um cartão-presente de US$ 25 (cerca de R$ 138) para ser gasto em um posto de gasolina.
O caso é alvo de um processo judicial movido nesta semana por parentes da paciente.
Edna Burton sofreu um derrame em junho de 2023 e precisou passar por uma cirurgia de emergência no Ascension St. John Hospital, o mesmo centro médico onde trabalhou por mais de duas décadas, segundo a ação judicial analisada pela imprensa americana. Durante o procedimento, médicos removeram uma parte do osso do crânio para aliviar o inchaço no cérebro.
Esse tipo de cirurgia, conhecida como hemicraniectomia descompressiva, prevê que o osso retirado seja preservado para posterior recolocação, após a redução do inchaço cerebral. De acordo com a defesa da família, o cirurgião deixou claro que o fragmento deveria ser guardado para reimplante futuro.
Meses depois, em março de 2024, Burton voltou ao centro cirúrgico para a recomposição do crânio. Foi nesse momento que a equipe médica percebeu que o osso havia desaparecido. Conforme o processo, o hospital teria confundido o material com o de outra paciente de nome semelhante.
Diante da perda definitiva do osso original, os médicos implantaram uma placa protética no lugar. Desde então, segundo familiares, o estado de saúde de Edna Burton se deteriorou de forma acelerada. Ela teria perdido a capacidade de falar e de se alimentar sozinha, passou a depender de sonda para nutrição e permanece acamada, necessitando de cuidados integrais.
A filha da paciente, Erica Burton, afirmou que a mãe enfrenta dores intensas, feridas decorrentes do tempo prolongado na cama e já não consegue participar de sessões de fisioterapia. Segundo ela, profissionais de saúde chegaram a suspender o tratamento por considerarem o sofrimento excessivo.
Documentos judiciais apontam que administradores do hospital tentaram reparar o ocorrido oferecendo à família um cartão-presente de US$ 25 (cerca de R$ 138). A proposta foi classificada pelos parentes como ofensiva e desrespeitosa diante da gravidade da situação.
O processo foi protocolado pelo escritório Oliver Bell Group, que acusa o hospital de negligência simples, mas com consequências irreversíveis. Para os advogados, a paciente teve a chance de recuperação comprometida ao perder o próprio osso, algo que, segundo a defesa, jamais poderia ter ocorrido.
A ação sustenta que os danos ultrapassam US$ 25 mil (cerca de R$ 138 mil) e busca responsabilizar a instituição pelos custos permanentes de tratamento e cuidados médicos. A família afirma que a discussão não é financeira, mas sobre a perda da qualidade de vida e do convívio com filhos e netos.
Atualmente, o hospital integra a rede Henry Ford Health, que assumiu a administração da unidade apenas em 2024. A instituição declarou que não comenta processos em andamento e destacou que os fatos relatados teriam ocorrido antes da mudança de gestão, tentando retirar seu nome da ação judicial


