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Governos apostam em auxílios financeiros, merenda e busca ativa de alunos para evitar evasão escolar

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Não estava nos planos de Deykson Guilherme Alves Lima, de 12 anos, voltar para a escola hoje, primeiro dia de aulas presenciais na rede municipal de Campestre do Maranhão (MA). Embora matriculado, ele já não estava mais estudando e se sentia desmotivado por não conseguir aprender. O cenário mudou no mês passado, depois de uma visita da equipe da Busca Ativa Escolar, iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que a cidade implementou em maio para recuperar crianças que estão fora da escola

— A diretora disse que vai me ajudar nesse negócio de ler e escrever. Vou estudar, começar de novo no sexto ano, e com fé vou aprender a ler para, quando crescer, ser um engenheiro e poder ajudar a minha família — afirmou ele: — Vou até sentar perto dos professores.

Estratégias como a de Campestre do Maranhão têm sido usadas por estados e municípios para conter a evasão escolar na volta às aulas presenciais, previstas para hoje em escolas públicas de todo o país. Para garantir que o maior número possível de alunos compareça, gestões têm investido também em incentivos financeiros vinculados à frequência nas aulas, reforço na alimentação e até bolsa para pais e responsáveis desempregados.

Na pandemia, o abandono do ensino tem sido uma das maiores preocupações de especialistas em educação. Segundo um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), somente no primeiro ano da pandemia, mais de 172 mil alunos, entre 6 e 17 anos, abandonaram ou deixaram de frequentar a escola no Brasil.

Por trás do problema há um efeito do ensino remoto: a perda de interesse pelo estudo. O quadro de desestímulo se soma à crise sanitária e ao desemprego, que força estudantes a terem que trabalhar, diz Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais da ONG Todos Pela Educação.

— O número baixíssimo de inscrições no Enem, a menor desde 2005, é um termômetro desse problema de desengajamento dos estudantes com seus estudos. Eles não estavam conseguindo aprender e acabaram se desestimulando. Muitos pensam em largar a escola — afirma Corrêa.

A Busca Ativa Escolar foi desenvolvida pela Unicef em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Só neste ano, 2.829 municípios implementaram o projeto. O objetivo é identificar estudantes fora da escola e tomar providências para que voltem e permaneçam estudando.

No Espírito Santo, onde as aulas voltaram no último dia 26, foi criado até um “call center” em maio para ligar para os alunos ainda não matriculados. Isaura Nobre, subsecretária de Planejamento e Avaliação da Secretaria de Educação, explica que entre as soluções oferecidas para esse retorno das aulas estão o encaminhamento de estudantes do ensino médio para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e um programa para recuperar a aprendizagem perdida.

— Estamos discutindo como fazer com que o aluno retorne à escola, muitas vezes ele está trabalhando na informalidade. Uma alternativa que temos usado é o encaminhamento para a EJA, que funciona no período noturno — afirmou Isaura: — Além disso, serão oferecidas duas aulas semanais de Português e Matemática (como reforço).

Alunos medem a temperatura antes de entrar na escola
Alunos medem a temperatura antes de entrar na escola Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Bolsas também ajudam

Prefeituras e estados também criaram incentivos financeiros para atrair quem deixou a escola. Na Bahia, o governo paga R$ 150 de Bolsa Presença, um programa de apoio financeiro a famílias em situação de vulnerabilidade cuja exigência é a presença dos alunos em sala. O governo baiano também decidiu reforçar o cardápio escolar, com o acréscimo de uma refeição nas escolas.

Já São Paulo criou o Bolsa do Povo Educação, que selecionará 20 mil pais de alunos para apoiarem as escolas, com uma bolsa de R$ 500 durante seis meses. O programa também lança um aplicativo com a rotina escolar dos jovens, além de cursos, novidades da rede e informações sobre as medidas sanitárias adotadas.

— Acho que o aplicativo tem o potencial de não ser apenas uma agenda on-line para ver a lição que o meu filho fez. Ele pode ser um elo entre a escola e a família. Pode passar confiança e conforto — diz Aline Araujo, de 38 anos, mãe de Ana Clara, de 7 anos, e Vinicius, de 10, ambos alunos da rede estadual. (EXTRA)

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